sexta-feira, 29 de junho de 2012

Momentos




Ah...como desejo atravessar estas brumas do desencanto!
Dissipar as nuvens negras que me toldam a visão
e colorir o escuro das flores mortas!

Levo-me por anseios sufocados no meu peito,
quero soltá-los no vento!

Vagueio-me perdido nas lembranças,
esmorecidas pelas horas que se foram!

A solidão comprime-me a vontade
de caminhar por luares libertados!

Ah...Como gostaria de correr ao longo do rio da saudade
Que me levaria ao mar da esperança!

Respiro-me trôpego no sopro da brisa
Que me queima a tristeza!

Choro-me na incerteza da alegria
Que a minha alma reclama!

Acalmo-me finalmente no sonho
Entrado em mim, que me adormece!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Angola que tanto falam




De Angola nunca ouvi tanto falar,
como desde que entrei no facebook,
de repente todos a querem amar,
ou será moda que esconde algum truque?

Quem lá nasceu, viveu ou somente conheceu,
tem por ela grande estima e imenso amor,
pela beleza rara do seu sol, tal gineceu,
Que na memória a nostalgia deixa dor.

Eu que não nasci naquela terra bela,
tenho por ela, paixão que me arrebata,
nesta saudade que o meu coração desvela,
no encanto da flora ou da simples cubata.

Percorri aquelas estradas e picadas sem fim,
extasiei-me com a fauna, que se me deparava,
aquela terra vermelha, prazer imenso para mim,
onde tantas e tantas vezes, assombrado eu ficava.

Foram bons momentos que o tempo não apaga,
conheci Angola de norte a sul, este a oeste,
os meus olhos tudo admiravam, até simples fraga,
lembranças, que ainda hoje a minha alma veste.

Banhei-me nas águas límpidas e quentes das praias,
fascinei-me com os batuques nas noites de luar,
nos musseques, a juventude buscava catraias
e na doce frescura dos frutos, o meu saciar.

E assim falo eu da minha querida Angola,
já que está na moda, mal ou bem falar,
lá fiz-me homem, onde eu cheguei criançola,
mas que soube receber-me e eu aprendi a amar.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sonho




A luz tremula no silêncio da noite adormecida,
o sonho aconchega-se no sorriso do sono!

Esvoaçam quimeras em nuvens azuis,
navegam utopias em rios de fantasia,
nascem carícias nas imagens inventadas,
gargalhadas ecoam pelas estradas das emoções!

Sopram brisas pelas alamedas de doces sentires,
respiram-se aromas de flores coloridas,
afagam-se os reflexos do luar
e dedilham-se as teclas das estrelas cintilantes!

Fazem-se melodias em sinfonias de alvoradas
no despertar que entristece o sonho,
o sol que ofusca o encanto
do sono encantado do passado,
no amanhecer do futuro
e com a realidade que se faz presente.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Olhar sem ver




Quero olhar em meu redor
e admirar como se fosse a primeira vez,
o que vejo...
Ou talvez, extasiar-me como se fosse a última vez!

Passamos tantas vezes pelo mesmo local
sem nada vermos;
Fazemos da vida, uma corrida, sem paragens
para nos deliciarmos com a beleza
que aos nossos olhos se oferece generosamente!

Talvez o poeta veja de outro modo,
as coisas que o rodeiam
e pense:
“Se eu perecer, vou deixar de ver tudo isto,
então deixo-me levar num deliciar,
enquanto me é possível estar por aqui
e darei mais valor ao que os meus olhos acariciam!”

Na monotonia do quotidiano,
todos os dias se vê a mesma imagem
no mesmo local...
Se alguém perguntar, de repente, de que cor é...
Ninguém sabe,
porque as pessoas veem,
sem ver!

E desperdiçamos tanto,
do nosso pouco tempo
sem a consciência da nossa cegueira,
que só se torna visão da árvore,
quando a folha perene se faz ausente!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Silêncios



Hoje quero abrir a caixa do silêncio
das palavras que jamais me disseste,
pois tantas vezes me deixaste suspenso,
no acreditar que alguma vez me quiseste.

Assim me entrego ao caminho da mudança,
encontrarei sorrisos de alguém que me ame,
deixarei no silêncio a tua lembrança
pelas palavras de alguém que me chame.

O orgulho e a vaidade são maus parceiros
e quando se pensa que se está garantido.
é na perda que se descobrem os verdadeiros
sentimentos e, na dor, o amor perdido.

Sei que vou mudar o sentir do meu coração
faz-se imperiosa e real essa necessidade
na mulher que se entregue com paixão
e no silêncio do amor, seremos felicidade.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Desperto-me




A tarde esmorece, esconde-se no aconchego da noite!
Eu aqui, só com os meus pensamentos,
sentado nas pedras desta falésia,
penso-me no topo do mundo!
Deslizo-me sobre este mar infinito,
no murmurar das ondas, ouço-te!
A tua voz entoa-me melodias de paixão,
fala-me dos instantes de ausência,
que a razão desconhece,
beija-me com o calor dos teus rubros lábios!
Penso-me na tua presença,
sinto-te nos meus braços,
ou será o sonho que me invade,
no meu desejo de te ter agora?
A brisa suave, doce e quente da Primavera
invade-me no meu respirar,
com ânsia de absorver o teu perfume!
Penso-me contigo na espuma alva,
acariciados pelas ondas, que rolam em orgia,
Lá em baixo, na praia,
desperto-me...

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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