domingo, 30 de setembro de 2012

Pedras da Calçada





Olho aquelas pedras da calçada,
luzidias e gastas pelos pés que nelas pisaram,
parecem pedras preciosas de anos consentidos,
num silêncio solidário com as tristezas
e alegrias que lhes foram dadas observar!

E recordo-me do tempo da alvorada da minha vida,
onde não existiam pedras de calçada,
nem gastas, nem luzidias,
porque os pés descalços
não mereciam sentir o toque da calçada,
mas tinham o direito de se enegrecerem
com a terra e pó solto das ruas
e tropeçar nas pedras duras da vida,
que se interpunham no caminho.

Voltando a concentrar-me nas pedras desta calçada,
luzidias e gastas, pelos pés que nelas pisam,
que se colocam no meu caminho de agora
e observando os pés apressados que nelas deslizam,
vejo frieza e indiferença por quem passa ao lado...
E sinto alguma nostalgia daquele meu tempo,
embora o pó que se soltava das ruas nuas,
de cor escurecida por nadas
e com cheiro de pobreza,
tinham porém, a áurea da felicidade,
existia partilha de amizade entre todos
que calcavam descalços,
aquele chão de terra da verdade.

José Carlos Moutinho

domingo, 23 de setembro de 2012

Um dia de verão em Angola





Era mais um dia azul, de sol escaldante,
nada que fizesse imaginar
mudança naquela beleza celestial;
Ar quente abafado de verão,
numa tarde de novembro,
num lugar qualquer,
junto ao mar, ou no meio do mato,
de uma selva virgem, densa quase impenetrável!
Eis que de repente,
vertiginosamente...De repente,
fecha-se o céu,
o cinzento substitui o azul
apaga-se o sol,
nuvens antes alvas, tornam-se negras como a noite,
ribombam trovões,
do céu, cai água,
cascatas de abençoado liquido,
com uma impetuosidade assustadora,
irrigam campos e fazem proliferar riqueza!
...E chove fortemente,
sobem os caudais dos rios,
alagam-se as ruas,
encharcam-se os campos!
A única luz que agora se oferece,
é a dos repetidos e prolongados relâmpagos,
tornados raios que se afundam no chão vermelho escurecido
pelo dilúvio...
Tão de repente como começara,
vem a calmaria...O silêncio!
O sol vai despertando daquele sono breve,
as cores do arco-íris impõem-se belas,
azula-se o firmamento,
todo o encanto africano surge-se no seu esplendor!
É o deslumbramento do verão,
na bela e saudosa Angola.

José Carlos Moutinho

sábado, 22 de setembro de 2012

E o Outono chegou!





Olá Outono sê bem-vindo nesse teu lento caminhar,
traz-nos as cores matizadas do encanto das folhas cadentes,
na serenidade das tardes que se encurtam
pelos dias que se esmorecem!

Sopra-nos a brisa que tu sabes refrescar,
o calor do estio que vai partindo!

Atapeta-nos o chão, com a filigrana de cores
das folhas que se cansam do equilíbrio da sustentação!

Tinge o céu de tons mais românticos
traz-nos a nostalgia dos momentos de paixão,
dos encontros dos nossos amores!

Não tenhas pressa em te fazeres presente,
vem suavemente...
Sabes como é maravilhoso caminhar por entre árvores
cansadas do verão que as atormentou!
 
Embala as serenas tardes, com a magia 
das palavras, que o poeta canta em poesia!

Também não tenhas pressa em partir,
preferimos os tons do teu céu azul matizado
aos cinzentos do inverno que virá,
desliza o teu tempo entre nós calmamente,
deixa-nos viver o romantismo
e o deslumbramento da tua estação,
Sê bem-vindo Outono!

José Carlos Moutinho


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Conspiração dos sentires





A alegria esvoaçava pelos ares,
em pétalas de delicadas flores!
Ouviam-se melodias tocadas em violinos de sonhos
numa sinfonia de felicidade!
Sorrisos refletidos em místicas utopias
Que inventavam desejos!
O sol brilhava mais intensamente,
nos corações enfeitiçados pelo calor da paixão!
Pensamentos feitos canções
que afagavam sentires exaltados!
As tardes esmoreciam nas mãos dos amantes;
A brisa deslizava entre os dedos das caricias
que se faziam delírios!
O mundo girava num carrossel de fantasia,
tudo era belo, sem mácula;
Sentiam-se no ar, aromas de amor,
flutuados em cachos de quimeras;
A maresia que nos invadia o respirar,
trazia o perfume da ilusão,
de viajar em ondas de deslumbramento,
por mares de doces devaneios;
O luar que se fazia sentir,
na despedida do sol cansado,
oferecia a serenidade do amor
e envolvia-nos num doce abraço,
que nos enlevava em ternura delicada,
na paixão de um amor profundo.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Amarras





Grito ao vento que me assobia,
que me liberte destas amarras,
que me prendem os sonhos
e me deixe voar nas suas asas de liberdade,
por aí, ao encontro de um lugar,
onde as vontades sejam respeitadas,
as verdades não sejam ilusões!
Quero soltar esta dor que me aperta o peito,
respirar o ar da alegria,
navegar por rios de esperança
e abraçar o mar da serenidade!
Quero iluminar a minha alma
com o sol que se espelha nas águas
e flutuar nas ondas do meu sossego!

Esta ansiedade que me invade,
me manipula na frustração do meu querer,
leva-me por céus inquietantes,
em pensamentos nebulosos
do meu sentir,
que me mergulham e afundam
nas águas do meu mar sereno.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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