terça-feira, 16 de outubro de 2012

Desencantos





Do alto da minha janela, deixo o meu olhar cansado,
vaguear pelos campos secos, de amarguras cultivadas,
onde antes existia o verde da esperança,
resta o restolho da tristeza plantada!
Desvio os meus olhos desta imagem desapiedada,
abraço com o meu olhar, o rio, plácido no deslizar de suas águas,
onde os desalentos se refletem no dorso das desilusões,
outrora caudais de glórias que inundavam almas bravias
de gentes altivas de valores consagrados!

Os tempos mudam...
As águas correm indiferentes,
o sofrimento é pertinaz!
As emoções são outras, intempestivas,
a razão é coisa estranha,
deturpada pela vaidade e presunção!

Semicerro os meus olhos extenuados
pelo cinzento do infinito, de nuvens negras,
brumas que ofuscam um tempo que não volta
e nos atrofiam este viver desassossegado!

Definitivamente cerro os olhos,
deixo de olhar
não desejo ver mais nada...
Quero apagar a imagem deste mundo
e deste tempo de agora...
E penso-me na ilusão de um outro viver,
de tons encantados, onde o sol seja o sorriso
e o luar a felicidade,
onde não exista a escuridão torpe
deste desatino que nos é fadado!

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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