quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Alucinações





Os meus caminhos são pensamentos levados,
pelos ventos das ilusões perdidas nas noites,
de vendavais nascidos em anseios de emoções,
pelos turbilhões das tardes  de brisas cansadas.

Nesta quietude onde nascem atalhos,
embrenho-me pelas margens de flores secas,
caídas no remanso do Outono que me acompanha,
faço das minhas memórias mantos de retalhos,
guardados em mim, pelo chão das charnecas,
que irei soltar lá no cume distante da montanha.

No topo desta minha extenuante subida às alturas,
liberto-me das amarras que me prendem suspiros,
grito aos ventos que levem as minhas tristes agruras,
perpetuarei a minha liberdade em folhas de papiros.

E as minhas ilusões serão realidades
criadas pelo meu sentir,
cantadas pela voz do meu coração,
que da minha alma se fazem melodias.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Repicar de sinos





Lá longe ouve-se o repicar dos sinos,
em chamativo apelo aos viventes,
deste mundo de desfalecidos,
pela partida de mais um ser cansado,
que o Destino levou para outro mundo!

Alheios a esta mutação da vida,
pelo tempo e espaço  desalinhados,
cantam os pássaros melodias de amor!
As flores sorriem nas suas cores,
beijadas em belíssimas pétalas!
O sol continua a brilhar
aquecendo este planeta em desintegração,
causa de atropelos e destruições,
que as neves derretidas irão inundar,
em dilúvio anunciado e ignorado,
Por cabeças de louca gente!

A destruição que se avizinha
pela derrocada de vaidades,
afundar-se-ão nas águas turbulentas,
deste constante destruir da natureza
nossa mãe de prazeres e felicidade,
queimada por ambições avarentas
e perturbadas,
em desatino de absoluto delírio.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Levo-me pela mente





Saltam de mim, como vaga-lumes assustados,
os pensamentos em suspiros frios, acuados,
dos calores saudosos de paixões esmorecidas,
soprados por borrascas de desilusões vividas.

Pensamentos que rodopiam em volta de mim,
perdidos em desassossego descontrolado,
que me deixam pensativo e nostálgico assim,
sem rumo, com o meu coração assustado.

Quisera eu poder tudo isso esquecer,
vivenciar novos encontros, novas paixões,
fazer de cada dia o primeiro, do meu viver,
ser forte, olhar a realidade, esquecer ilusões,
agarrar a felicidade, sem ter de sofrer
pressões perversas, em levianas provocações.

Sorrio tranquilo, livre como ave em voo,
Libertei-me de amarras, encontrei novo porto
de abrigo, onde deixarei a minha alma relaxar,
pelos murmúrios das ondas, em sentidas melodias,
que me cantam desejos de felicidade,
e me abraçam em quimeras de futuro.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DOR





Vejo no teu rosto constante sorriso,
que esconde a dor que te avassala a alma,
e te corrói o corpo em dolorosa persistência!
Mas tu sorris, dissimulando esgares terríveis,
escondendo o teu sofrimento,
pela força da tua vontade,
na estoicidade que te caracteriza!
Imaginas-te castigada por algo que desconheces,
interrogas-te do porquê o teu “eu”
ter de sofrer assim!
As respostas ausentam-se da tua ansiedade,
e tu no silêncio das noites escuras e atrozes,
sofres, choras as tuas mágoas,
na solidão das tuas dores!
...E nas noites mal dormidas do desespero,
fazes da tortura que te aniquila,  forças,
para no dia seguinte continuares a sorrir!
Sorrindo, sofrendo em triste sina,
até que o divino se compadeça do teu sofrido corpo
e te eleve ao Infinito!

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Chove suavemente





Chove leve, melódica e suavemente
em murmúrios sobre os telhados de vidro,
parecem lágrimas de saudade de gente,
que em tempos, viveu um amor sentido!

A chuva cai, em delicadas gotas, como pérolas,
beijando as pétalas das mais belas flores,
aconchegando-se nas perfumadas alvéolas,
inventando telas de novas cores!

E chove, suave em brilhantes cristais,
que vão enriquecer um chão ressequido
pela secura dos tempos de tristes ais,
e agora se torna leito de um rio fluído,
no proliferar das riquezas naturais,
alegria de gentes com pão produzido!

E este chover, que leve, docemente,
com a sua água, nos abençoa a vida,
com suavidade cristalina em tom plangente,
chuva que tanto é paz, como morte escondida!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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