quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sonhar Abril





As trevas tolhem as vontades,
desfalece o sorriso das flores,
a natureza está triste e desalentada,
a liberdade é substantivo amordaçado!
As palavras calam-se,
o ensino é escasso e descriminado,
o pão do sustento endureceu,
as amizades esmorecem
no desencanto da vida!
Vive-se um viver perdido,
nos meandros de incerteza
pelo futuro,
 escurecido pelas amarras!
Há recusa dos deveres patrióticos
nas guerras fratricidas,
crueldade na repressão ditatorial!
Sonha-se...
Sonha-se um novo alvorecer,
pleno de luz e alegria,
quiçá um novo despertar para outra realidade,
menos dura e crua,
onde se possa caminhar livre
e se entoe Grândola Vila morena!
Sonha-se com um novo Março
ou talvez Abril,
de onde saiam cravos dos canos das armas,
em vez de balas,
e o futuro se mostre promissor
e se possa sorrir e cantar,
sem receio de quem está ao nosso lado!
Sonha-se,
porque sonhar é a única coisa livre
a que o povo tem direito
no seu pensamento intransponível!
Sonha-se...
E o sonho fez-se luz,
liberdade, paz e alegria!
Sonhava-se Abril
e Abril despertou.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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