quarta-feira, 31 de julho de 2013

Enfarte



Dizem os poetas, alguns nem todos
que ardor no peito pode ser de paixão,
penso que serão palavras de engodos,
na verdade não têm nenhuma razão.

São poéticas as palavras com ardor,
porque no enlevo do sentimento
elas rimam docemente com amor,
mas dolorosas quando há sofrimento.

Quando na aflição causada pelo ardor,
nos faz pensar na fragilidade da vida,
não é certamente por sentirmos calor,
antes será por terrível dor incontida.

Momentos que nos assustam com pavor,
suores que nos alagam e nos anulam,
tensão arterial em queda, puro terror,
somos nada, só os corações é que pulam.

Naquele instante, pensamos no que somos,
entregamo-nos ao Divino e seja o que for,
esquecemos as vaidades do que fomos,
só queremos que jamais volte aquele ardor.

Tudo passa, voltam as vaidades, esquecemos
o que antes, na dor, nos fazia pensar, apavorados,
que a vida é efémera e facilmente a perdemos,
mas somos humanos, que se pensam eternizados.

José Carlos Moutinho.

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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