terça-feira, 6 de agosto de 2013

Juro que tentei sorrir







Tento sorrir...
Garanto-vos que faço um esforço para o fazer, mas os meus lábios contraem-se num esgar de suplício.
Mentalizo-me fortemente, para me concentrar de que devo sorrir, porém, é tarefa inútil, difícil, quase impossível.
Confesso-vos que não entendo a razão, se até achei engraçado o que acabei de ver:
Um sujeito maltratava uma senhora, só porque ela lhe deu um encontrão ao desequilibrar-se, quando descia uma escada. Era mal-educado, numa autêntica cena de violência em filme de péssima qualidade!
Eu deveria sorrir perante tanta perfeição representativa, mas não, não conseguia.
E mais à frente uma outra situação hilariante, e nada de me fazer sorrir.
Então não é que na confusão do trânsito, um Xico esperto, ultrapassou outro, de forma perigosa, quase roçando a frente do carro ultrapassado
e em seguida, não satisfeito com a proeza heroica de exímio condutor automobilístico, chamou-o de azelha e burro, ainda vociferando mais uns adjectivos simpáticos: És um nabo, pareces uma lesma, andas a dormir!
Era cena para eu me rir ou não?
Comecei a preocupar-me se eu estaria insano, ou o que eu via não era suficientemente cómico, para me rir?
Desisti de me animar e alegrar-me com tão belas cenas e convenci-me de que eu estava mesmo perturbado, não era normal, eu não rir a bandeiras despregadas, perante os actos, tão hilariantes e demonstrativos do bom humor e educação cívica dos intervenientes!
Eu era de outro mundo, sem dúvida e fiquei-me por ali, sem rir, com cara de poucos amigos, por não achar graça ao que era engraçado.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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