terça-feira, 25 de março de 2014

No crepúsculo da tarde



No crepúsculo da tarde que agita o meu ser,
Escondo os medos na noite que me abraça,
Murmuro às estrelas, os meus queixumes
Na esperança de uma resposta silenciosa,
Vinda da quietude da luz ténue da lua!

Somente recebo silêncio e escuridão,
Suspirados na calada da noite de breu
Que me inquieta mais ainda o coração,
Este meu coração, que ao amor se rendeu!

Da minha essência, faço-me sonhador,
Sorrio-me na doce saudade incontida,
Encho de felicidade meu peito, com ardor,
Deixo a minha alma cantar a paixão sentida!

Escuto as melodias perfumadas de maresia,
Daquele mar, iluminado pelo manto do luar,
Que afagam meu sentir em carícias de fantasia,
Segredando que a alvorada será eterno amar!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de março de 2014

Primavera



Ah... fascínio do tempo,
desta vida que nos contempla,
no desfiar das horas, em campos floridos,
verdes do me sentir de esperança,
navegados em rios de fantasias,
em miríade de cores,
por cânticos de aves,
nesta perfumada Primavera ao vento,
que se eleva aos céus das sensações!

É Primavera...
As andorinhas esvoaçam, na sua labuta arquitetónica!
Respira-se um ar inebriado de poesia,
em sinfonias de ilusões,
solta-se a alma em rasgados sorrisos de emoções,
corações que vibram na pujança da vida,
pelas imagens que se fazem telas,
da Natureza criadora de arte ímpar!

E a Primavera traz alento e alegria,
Nas pétalas das rosas vermelhas,
no perfume das gardénias,
e em tantas e doces fragrâncias de outras flores!

Esquecem-se os dias frios incolores,
do Inverno que partiu, no rodopiar incansável da Terra!
Animam-se as almas, pelo calor do sol frequente
e pelo chilreio em celestiais melodias
de felicidade das aves!
O luar é mais azul e brilhante,
Iluminado pelas estrelas zelosas,
para que este belíssimo quadro,
de fascinante beleza, da Primavera,
se perpetue para além do Verão!
Primavera ao vento das minhas saudades
de outras Primaveras de paixões.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 19 de março de 2014

Meu Rio Tejo



Há alguns dias atrás, fui abraçar o rio Tejo,
Tenho uma dívida para com as suas águas,
O meu desfalecimento não era seu desejo,
Grande amigo confidente de minhas mágoas.

Muitos anos são passados, era eu afoito menino,
Julgava-me grande nadador que as águas dominava,
Fui protegido pela sorte, assim quis o meu destino,
O meu fim não era chegado, o Tejo me recusava.

Era uma praia pequena, pertinho da minha aldeia
Onde os domingos eram passados em total alegria,
Na tentativa de apanhar uma bola fugidia da areia,
Largada por uma criança que brincava com euforia.

Agora, sempre que posso, estou junto de suas águas
Vejo-as deslizar docemente ao encontro do mar,
Segredo-lhe coisas minhas, íntimas, conto-lhe histórias,
Porque sei que ele está a ouvir o meu sussurrar.

Sorrio-me para a luz que das suas águas provém,
Voa a minha alma, solto o coração ao vento,
A serenidade invade-me, junto da torre de Belém
Desta Lisboa que eu amo, em doce contentamento.

Gostava estar mais perto de ti, Tejo da minha vida,
Mas nem sempre se consegue o que mais desejamos,
Navego em ti, nos pensamentos de alma agradecida,
Acredito meu amigo Tejo que realmente nos amamos.

 José Carlos Moutinho

segunda-feira, 17 de março de 2014

Onírica volúpia


Abraço-me aos anseios
que respiram das minhas ilusões,
deixo-me levar por caminhos
de devaneios e utopias,
desejando não despertar para a realidade!
Semicerro os olhos,
escuto docemente os sons de violino
tocados pelo seu coração apaixonado
que voluptuosamente invadem o meu sentir
extasiado pelos seus perfumes
quentes de paixão!
Em bailado com os meus pensamentos,
deslizo num rodopio de valsa delirante
pelos salões do meu prazer,
iluminado pelas cintilantes luzes
transmutadas em filigranas douradas!

Desperto enfim, desta onírica volúpia
acalmo minhas emoções
com o sorriso que ela me oferece
no retrato suspenso na parede branca
do meu quarto.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de março de 2014

Não entendo a razão



Não entendo a razão
Do desatino dos ventos,
Que teimam em se fazerem vendavais
Arrastam tudo que têm pela frente,
Levam até sentimentos puros
Que na brisa serenavam
E se aconchegavam no recôndito da alma!

Não entendo a razão
Deste soprar desenfreado e intempestivo,
Que sufoca o peito das tardes calmas,
Esmorece a alegria do sentir
Das noites românticas do luar!

Não entendo a razão
Desta tempestade imprevisível,
Que se solta louca, como borrasca,
Arrepia-nos a pele, num angustiante frio,
Comprime o peito numa dor calada
E nos desalenta em pensamentos vazios
Perdidos em marés de dúvidas!

Não entendo a razão
Porque o amor é tão complicado...
Por razões que a razão não entende,
Perdem-se instantes de felizes momentos,
Porque ervas daninhas, pequenas,
Surgem inesperadas e inocentes
No jardim florido
Da paixão e do bem amar.

José Carlos Moutinho.

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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