segunda-feira, 26 de maio de 2014

O abraço





É gesto que define afecto e amor
ou falsidade fria, sem fulgor
Será alento para a felicidade,
quando o calor é verdadeiro
mas pode ser calculista e matreiro
se é dado sem sinceridade!
O Abraço…
É chama que nos aquece o peito
E penetra calorosamente na alma,
Emoção do sentir em tom perfeito,
Na dor, tem a força que acalma!
Abraço…
Simplicidade de braços estendidos,
Forte sensação de conforto e paz
No amplexo de profundos sentidos,
Que mais nenhum gesto é capaz!
Ai…o abraço,
Que tanto calor e ternura transmite
Nas horas moribundas do desalento,
Faz sorrir a alma com a força que emite,
Serenidade e amor, belo sentimento!
Abraço…
É energia recebida que não se explica,
Aninhar de sentidos em nossa essência,
Simbiose de volúpia e êxtase que fica
Na nossa alma, em total efervescência!

O Abraço…
É como fogo que arde nas entranhas,
é tão somente amor
que floresce entre braços…

José Carlos Moutinho

terça-feira, 20 de maio de 2014

Segredar na noite





Com as mãos crispadas pelo frio da saudade,
Vagueiam pensamentos pela escuridão
Da sua inquietude, e profunda ansiedade
Que lhe aperta o peito e sufoca o coração!

Sentada num banco de pedra, silenciosa
Segreda as suas duras mágoas incontidas,
Na noite cansada pela ausência do luar,
Tenta conter um soluço de tenebrosa dor
Mas dos olhos soltam-se lágrimas sentidas
Sua alma, desesperada, não pára de chorar!

Andeja abraçada pelo breu, sem rumo,
Guiada pela luz retida na sua memória
Que a acompanha, no deambular nocturno,
Ate onde, não sabe, talvez até à sua glória!

Invadem seu pensamento, ilusões vividas
Que o tempo amordaçou nas tardes caladas
São imagens coloridas, perdidas nas brumas!
Deixa as ideias entregues a morfeu, exauridas
Desperta com melodias, pelas aves cantadas
Afagada pelos raios da aurora, como plumas!

Cansada, sorri a nada, olhando em seu redor,
Feliz por despertar de pesadelo tão cinzento,
O seu coração está em paz, com muito amor,
Sua alma é flor com pétalas de sentimento!

José Carlos Moutinho

Serei Louco?





Deixem-me pensar que sou eterno,
não me julguem louco,
ou muito menos transtornado!

Tenho em mim  todas as vontades
do querer imaginativo,
posso ser o que quiser,
e não querer ser
o que querem que eu seja!

Quero libertar-me das amarras
que socialmente me prendem;
Quero ser livre, como o colibri
que beija as flores e colhe o néctar,
também quero beijar as mulheres,
colher paixão e alegria,
sem me preocupar
com sussurros daninhos!

Quero gritar aos ventos
que eu sou eu,
não tenho que ser condicionado
por pergaminhos ou conceitos!

Digo-vos,
sem admitir contestações,
que sou a essência
da liberdade e do amor
que me fazem viver
amar e ser amado!

Sou a nuvem que flutua altiva,
que afaga o azul dos céus,
na carícia invisivel;
Posso ser o sol
da minha própria luz;
Sou, sem que me contrariem
o luar do meu romantismo!

Deixem-me ser o que eu quiser,
e não me julguem louco,
porque loucos,
são os que querem
a vulgaridade de suas existências.

José Carlos Moutinho

sábado, 17 de maio de 2014

Vem daí



Vem…vem daí, dá-me a tua mão,
Vem suavemente com a carícia do vento,
Juntos vamos cantando a nossa canção
De amor, gravada no meu pensamento!

Encosta-te a mim, vamos caminhar
De mãos dadas, pelas areias douradas
Desta praia, que beija docemente o mar
E quando nossas pernas ficarem cansadas,
Descansaremos sob o manto azul do luar,
Contemplaremos as estrelas iluminadas!

Escutemos o som melódico do marulhar
Rasgando o silêncio dos pensamentos,
Aspiremos o perfume que vem do mar,
Fragrâncias de maresia,ondas de alentos!                

Deixemos nossos corações cantar
No bater compassado do nosso sentir,
Que nossos instantes sejam de eterno amar
Pelas Primaveras floridas do nosso porvir.

José Carlos Moutinho

A força das mãos



Nas mãos sulcadas pelo tempo,
nascem searas de brisas
iluminadas pelas tardes de sol,
que acalentam os sorrisos da alma!

Mãos que abraçam sentimentos,
afagam rostos com a carícia do luar
e beijam bocas sôfregas do néctar
perfumado pelo amanhecer da alvorada!

Mãos que sufocam os dias
na força silenciosa do improvável
marcadas com as amarras da dor
pelo tempo implacável e furibundo!

Mãos de veludo, vestidas de nuvens
esvoaçadas nas asas das mariposas,
mãos agrestes rugosas na ira
das invernias, que fustigam desatinos
e inquietam as noites do porvir!

Mãos que desenham invenções
nas margens das utopias,
que controlam a pena, no traço
que dá cor ao papel branco,
em imagem parida da criatividade
filha admirada em obra realizada!

…Mãos que me permitem
na serenidade do meu pensamento,
escrever-me em poesia
na acalmia do meu espaço,
com o tempo…
que as minhas mãos não controlam.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Saudade Teimosa





A minha alma está nostalgica!



A saudade veste-se de vermelho,

do chão daquela terra,

é iluminada pelos raios do sol único

mesmo que suada pelo cacimbo,

mas aquecida pelo ar dos trópicos!



Ai...Esta saudade…

Que teima em não desistir

e traz à minha memória,

tantas praias de alegria

e florestas de felicidade

picadas viajadas nas melodias

tocadas pelos batuques

e nos choros lânguidos do kissange!



Saudade, que me apertas o coração,

acalma-me esta ânsia de querer voltar

a pisar o vermelho do solo

e a sentir os cheiros de Angola!



Tudo mudou, tudo se transformou

talvez um dia, quiçá em outro tempo,

te possa visitar, minha terra de coração,

e voltar a deambular pelos musseques

de palhotas cobertas de colmo

forradas a barro,

ver os seios das mulheres

livres, como aves

embelezados pelo brilho da pele negra!



Ai, esta saudade de África

que se entranhou em mim,

respira pelos poros

da minha nostalgia

e entardece-me a alma

em melancolia.



José Carlos Moutinho

8/5/14

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a