domingo, 29 de março de 2015

E se...





O meu dia chegará!
E quando esse dia chegar…
…e eu despir-me deste meu efémero tronco
e vestir-me  folha seca, caduca
caída no chão…
depois erguida pelo vento
no alvoroço do momento,
esvoaçando pelo espaço indefinido
em voo delirante pelo desconhecido…
…Talvez, então, me sinta liberto
das contrariedades e das quezílias
mundanas que se colam em mim!
E se conseguir o desapego ansiado,
sorrirei na minha serenidade,
mas nada, nem ninguém verá meu sorriso
por que só eu terei o privilégio
de ver quem me sorri
ou me olha com desdém…
Poderei também, se essa benesse me for concedida
descobrir onde se esconde a hipocrisia
e se desnuda a sinceridade!

E se…
Se… eu, folha seca, me metamorfosear em pó
e de mim nada restar,
além da eventual e ténue lembrança
da árvore que fui
e só por que deixei raízes
que se perpetuarão pelo tempo…

…Se tudo isto fizer história de mim,
pela minha passagem
por esta feira de vaidades e arrogâncias,
espero sincera e humildemente
que lá da minha etérea morada
possa olhar o espaço onde estive plantado
e sinta o murmurar poético da minha alma
a cantar-me melodiosas saudades
e dizer-me que, apesar de tudo…
Apesar de tudo valeu a pena viver
por que fui feliz.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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