terça-feira, 30 de junho de 2015

Como borboletas



Pululam como borboletas coloridas
por campos semeados com a verdade,
pousam aqui e ali afoitas e desinibidas
e esvoaçam batendo asas de falsidade.

São despudoradas no seu voejar saltitante
pensam-se cativantes na beleza de suas cores,
voam baixinho, com um ar irónico e arrogante
não passam de larvas amorfas sem valores.

Têm porém uma errónea e efémera vida
por que suas cores empalidecem com o tempo,
tempo que desnuda toda a palavra mentida
e as derruba no chão vergonhoso e lamacento.

Algumas mais resistentes prolongam o seu voar
esforçando-se por se enganarem a si mesmas,
muito poucas, ainda vão tentando mistificar
por que se vestem negras como avantesmas.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Escuta ó mar





Por que me gritas tu, ó mar
se eu tão sereno te contemplo
e me deixo levar no teu doce navegar
quando a nostalgia arpoa meu tempo?

Escuta-me neste silêncio de mim,
sussurra-me na maresia do teu ondear
e eu perder-me-ei em sonhos sem fim
com a música do teu contínuo marulhar.

Sempre te admirei na tua acalmia,
abraço-te na lonjura do teu horizonte,
para mim és uma verdadeira terapia
por que bebo minha poesia da tua fonte.

Por isso ó mar, nunca te faças tormenta,
sorri-me quando o sol te fizer cintilante,
és melodia que a minha alma acalenta
e energia que me faz viver cada instante.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Inquietudes





As tardes esmorecem-se nas minhas saudades
Encostam-se ao meu peito e omitem os cheiros
Inquietam-se nos instantes da minha nostalgia
Sopram brisas que passam silenciosas sem destino…

Pensamentos soltam-se em turbilhão
Aglutinam-se em sonhos perenes sem futuro
Voam vadios pelos céus da imaginação
Em busca do que não sabem, nem entendem…

Desatinam-se inconsoláveis com o fracasso
Suspiram dores sofridas nas noites eternas
Gritam palavras que se emudecem no ar
E caem no chão, inertes de asas quebradas…

Folhas matizadas e sulcadas pelo tempo
Esvoaçam rindo do inverno das ilusões
Escusam-se às mãos ávidas de sensações
Que as tenta agarrar no seu aleatório voo…

Anoitecem emoções, iluminam-se esperanças
Cantam os grilos e as cigarras, despertam os sons
Acendem-se as madrugadas com a luz do alvor
O sol eclipsa os sonhos, e acende a realidade da vida…

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Magia ou ilusão





Sua voz vinha com o vento,
falava de coisas passadas
vividas num tempo esquecido,
chegava-me como um lamento
que agora não fazia mais sentido.

Mas o vento continuava ruidoso
por cima do agitar das árvores,
soprava desalento e tristeza
num som tão seco e lamurioso
que mais parecia fervorosa reza.

Olhei o céu e julguei ver a imagem
da mulher cuja voz eu ouvia,
fiquei pensativo, quiçá preocupado
seria sonho, pesadelo ou talvez miragem,
sei que meu coração bateu assustado.

Talvez fosse magia ou quimera sonhada
o que me acontecia, não era normal,
fechei os olhos, tentei me acalmar
porque afinal toda aquela trapalhada
fora causada pelos raios do sol a brilhar.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de junho de 2015

Dobras do tempo



Nas dobras do tempo
escondem-se as minhas memórias
em baú florido de belos instantes,
sopradas pelas brisas da vida
como folhas delicadas
matizadas por sorrisos e afectos!

Com a voracidade dos anos
pelos atalhos da vaidade,
ficaram esquecidos abraços
que acabaram perdidos
nas horas de ventania
escondidos pelas noites da falsidade!

Mas o tempo soberano das verdades,
plantou trigais em campos estéreis,
fez do joio, papoilas vermelhas
e do dourado das espigas
entendimento da sinceridade,
transformando esta bela seara
no sol da verdadeira amizade,
protegida pelos girassois da vida,
onde as ervas daninhas sucumbiram
às cores do arco-íris da harmonia.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Translúcidos madrigais





Levo-me abraçado aos meus anseios
por caminhos coloridos,
com pétalas de sorrisos
rodeado por árvores de frondosas copas
que me cantam madrigais
nas vozes das aves canoras
que saltitam felizes,
de ramo em ramo
em total liberdade!

Felicito-me pela visão
de raios translúcidos
que se infiltram atrevidos
por entre as folhas verdes das árvores
que como sentinelas, me contemplam!

Serena e docemente,
piso o chão atapetado pelo pó
do tempo ressequido
e caminho por este paraíso terrestre,
com os meus pensamentos
em euforia, pela felicidade
do que a vida me oferece,
sem nada me pedir!

O meu sentir é dominado
por efusiva alegria
e deslumbramento desta visão
em tela de multicores prazeres,
que a Natureza graciosamente
coloca aos meus sentidos.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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