sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Caminho pelo parque





Enquanto caminho pelo parque dos meus pensamentos
sinto no meu rosto os salpicos de um tempo ausente,
levanto os braços, aperto a nostalgia em minhas mãos,
espremo-a entre os dedos e atiro-a longe,
quero sentir somente a brisa do agora
que embora fresca, aquece minha alma solitária!

Olho o céu, creio ver mares e desertos
que se entrelaçam em abraços de espuma e areia,
fecho os olhos, sorrio-me ingenuamente
sentindo-me criança sonhadora e inocente
e caminho pelo parque ajardinado e florido
como se o oásis se fizesse presente
nesta cidade enorme e deserta de sentimentos!

Estugo meus passos, assustado pelo vento
que inesperadamente acordou e sopra realidades
deste tempo, que agora me envolve e assusta...

Circulam pessoas de rostos sorridentes, passeando cães
Outras, correm, sombrias, como se o mundo fosse acabar
e as folhas verdes das árvores agitam-se
observando todo este movimentar das gentes
deste mundo de contrastes, alegrias e tristezas em que vivemos
e por que é verão nesta tropicalidade que eu respiro
deixo-me levar pela saudade do Outono dos meus pensamentos.

José Carlos Moutinho


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Minha Terra



Minha terra tem pouca terra
Não tem petróleo, nem ouro
Mas tem campos e curvas de estradas
Onde se morre estupidamente
Não tem tido bons governantes
Mas tem gente que tudo sabe de política e nada fazem
E também tem gente soberba e gente humilde
Não tem agricultura nem barcos de pesca
Mas tem um imenso mar...
Minha terra é muito pobre, dizem,
Mas tem muitos telemóveis e TV’s de Led...
Minha terra é triste e esfarrapada
Mas tem BMW,s, Porches e Ferraris,
Tem belas praias e caríssimos restaurantes
Mas também tem fome e desemprego...
Minha terra tem castelos e belos monumentos
E também a tristeza de casas sem telhado e paredes esburacadas,
por onde o vento passa e enregela a desgraça...
Minha terra é um jardim de flores murchas,
Plantado à beira de um imenso mar
Esse mar imenso da nossa nostalgia
Onde o povo da minha terra chora suas mágoas...
Minha terra tem tão pouca terra
Mas tem a grandeza de um passado
E a vergonha de um presente que parece não ter futuro...
Minha terra tem de tudo e de nada
E tem um imenso mar
Que nos levou por esse desconhecido mundo
Dando novos mundos ao mundo.

Minha terra é tão pequena em terra
Mas tão grande em imenso mar de glórias
Minha terra, minha alegria e tristeza,
Meu Sol, meu Luar, meu chão...
Minha Língua, minha Pátria..

José Carlos Moutinho

22/10/15

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Recordo-te, mãe



Estás sempre presente em mim, mãe...
Os teus olhos eram lagos cintilantes
Onde eu mergulhava a minha inocência...
Foram também, luz do meu caminho,
As tuas mãos tinham a ternura da minha segurança
Dos teus braços eu fazia leito da minha acalmia
A tua voz melodiosa e doce fazia sentir-me sempre criança...

Tenho saudades de ti, mãe.

Bem sei que lá do alto, uma estrela maior continua a brilhar,
Não a distingo dos milhares que lá no céu cintilam,
Mas sinto-a, mãe, sinto-a no ardor dos meus desatinos
Dessa luz de ti, recebo a força para continuar a navegar
Ainda que enfrente marés de inquietude,
Sei que tenho em ti, o meu porto de abrigo...

Tenho saudades de ti, mãe.

Não te dei o carinho que merecias
Pois de ti recebi tanto amor, tanta compreensão
O teu coração era feito de bondade e amor, mãe...
Eras benevolente e tolerante, mesmo nos instantes em que a revolta podia ter mais força...

Estende-me os teus braços mãe,
E deixa-me neles repousar
Quero adormecer com o murmurar da tua voz,
Estou cansado...
Cansado desta estrada sem rumo,
Deste deserto de mim
E da bruma perdida na miragem do meu tempo...

Estou cansado, mãe,
Cansado deste tempo que me domina
Embora o tempo seja nada, que o próprio tempo ignora...

Tenho saudades e estou cansado, mãe.

José Carlos Moutinho

20/10/15

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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