quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Desistirei de ter saudades



Tenho saudades,
saudades de um tempo recente,
tão recente que ainda consigo tocar
com as pontas dos meus dedos
nos braços que se faziam abraços
e ainda sinto o perfume dos sorrisos
nas tardes de sons poéticos
e nas noites de suspiros de poesia…

Tenho saudades de coisas tão simples
como as conversas banais das tertúlias,
onde descontraídos, dizíamos não sermos poetas
e nem sabíamos dizer os poemas,
mas sabíamos…isso sabíamos
que a amizade estava presente
em cada falha na palavra dita erradamente
por que no final todos ríamos
e ríamos sem hipocrisia
muito menos com cinismo,
pois o mais importante era o convívio
sem preconceitos, nem complexos…

Tenho saudades
da brisa que nos afagava o ego de poeta,
saudades de um tempo que certamente não volta
por que foi levado para longe
fustigado por vendavais intempestivos
vindos da obscuridade
esmorecendo a solidária luz
daquelas outras noites enluaradas…

…Quero acreditar que esses ventos conflituantes
sejam passageiros…

Tenho saudades
dos momentos alegres, dos sorrisos
e dos abraços…
Tenho saudades daquele tempo recente,
tão recente que tenho a certeza de que voltará,
por que se não voltar,
se não voltar…
Eu desistirei de ter saudades!

José Carlos Moutinho

1 comentário:

  1. por que se não voltar,
    se não voltar…
    Eu desistirei de ter saudades!

    Adorei ler!

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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