sábado, 26 de março de 2011

Se calhar tenho algo de poeta



Juro que tentei, prometi-me,
Desistir de pensar em ser poeta.
Mas porque insistem em dizer que o sou?
Será por ironia ou só eu que não vejo.
Eu até sei sentir a brisa que me afaga o rosto,
Numa ternura da natureza
E me apraz olhar os lírios, as gardénias
E as rosas, como eu adoro as rosas,
De diversas cores….perfumadas,
De pétalas que se soltam ao vento,
Acenando ao mundo a sua beleza.
Adoro olhar o firmamento,
Nas longas noites de luar
E tentar contar as estrelas, que me piscam,
Como a quererem namorar-me.
Será então que tenho sentimento de poeta?
-Ah, não…sou uma fraude,
Que se ilude a si próprio.
Mas, espera:
- As pessoas não dizem que gostam do que escreves?
Então deves ter algo, bem lá no teu âmago
Que te sussurra poemas.
Talvez tenhas alguma coisa de poeta.

José Carlos Moutinho

Desisti de ser poeta




Hoje acordei com um certa ideia,
Imaginei-me um poeta a escrever;
Fui ao jardim e das rosas brancas,
Retirei as pétalas, e fiz o papel;
Para que surgissem as palavras,
Retirei das amoras a seiva, eis a tinta;
Como eu queria algo colorido,
Do arco-íris, retirei as belas cores;
Comecei a escrever, usando como pena
Um ramo, que extraí de uma bela acácia vermelha.
Com tudo pronto,
Vejo-me então no papel de poeta;
Tenho tudo, nada falta…
Mas havia-me esquecido de uma coisa:
A inspiração e agora,
O que faço e o que digo às pessoas
Que de mim esperam poesia?
Tento rebuscar na minha insignificância
Alguma ideia…e nada!
Recorro ao sol, peço-lhe que os seus raios belos
E luminosos, me inspirem.
Nada!
Chega a noite e a minha esperança renasceu.
Certamente a lua me inspiraria pois, não dizem os poetas,
Que o luar é base do romantismo e da poesia?
Mas eu continuava sem ideias.
Tentei arriscar, falando do mar e na sua beleza,
Mas do mar nada vinha,
Só o murmúrio das suas ondas,
Que me embalavam no pensamento,
De que afinal não sou poeta.
Não sabia dizer as palavras belas e sentidas
Para a pessoa amada.
Não conseguia enaltecer a beleza de uma mulher.
Nem tampouco descrevia que as flores,
São maravilhosas e que o seu perfume me inebriava.
Fiquei frustrado, afinal com tão belo sol
Encantadora lua,
As estrelas que cintilavam fulgurantes
E mesmo navegando nas águas do mar,
Nada me inspirava.
Desisti de ser poeta!

José Carlos Moutinho



sexta-feira, 25 de março de 2011

Como eu gostaria de ser poeta




Eu gostaria de ser poeta…
Mas como, se as palavras
Não me obedecem ao pensamento?
Se sinto alguma emoção,
As palavras falam de sentimento!
- Como eu gostaria de ser poeta…
Mas se eu penso no amor,
As palavras falam de ilusão.
Trocam-me as ideias e as vontades,
As palavras
- Como eu gostaria de ser poeta…
Mas a minha luta com as palavras,
É titânica.
Quero algo que fale de ti,
As palavras recusam-se,
E falam de mim.
Se quero dizer às palavras
Que quem manda sou eu,
As palavras negam-se a escrever,
O que eu ordenei.
Será que as palavras,
Não se enamoram de mim,
Porque acham que eu nunca serei poeta?
Vou desistir de lutar com as palavras
E deixarei de pensar em sê-lo.
- Ah, como eu gostaria de ser poeta….

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 24 de março de 2011

Penso-te, quero-te...





Penso-te no beijo que me desperta os sentidos
E me leva a sonhos irreprimíveis.
Sinto-te no abraço do querer desejado,
De um sentir inimaginado.
Quero-te ma seiva do fruto amadurecido,
Que me extasia os estímulos.
Amo-te no leito do rio de águas cálidas,
Que deslizam pelas margens da vida.
Sonho-te na vastidão dos verdes prados,
Numa entrega total, lasciva.
Fazes de mim o ser que te respira.
Sou a luz que te ilumina nas escuras noites
E que te delicia nos teus momentos carentes.
Sou o lençol que te descobre no calor do teu desatino.
Eu e tu seremos a sublimação,
Dos desejos incontidos e desassossegados.
Nós somos a emoção e o sentir,
De sonhos sonhados.

José Carlos Moutinho

Devaneio




Sinto o teu beijo flutuar nos teus lábios
Qual libélula, sobre as açucenas.
Sorris-me nos raios de sol,
Espelhados no lago dos teus olhos.
Refrescamos nossos ímpetos, nas águas
Frescas, coloridas pelas mais diversas flores.
Deixamos embalar as nossas almas,
Pelo cântico melódico dos pássaros,
Sentimo-nos seres iluminados,
Esquecidos das coisas materiais,
Mas com muita paz e amor,
Vivemos um momento encantado.
O nosso abraço longo,
Sem tempo concebido,
Dá-nos o tempo,
De sentir que o tempo é todo nosso.
Fechamos os olhos,
E entramos num outro mundo,
Onde só cabemos nós dois
E o nosso amor.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 22 de março de 2011

E agarro o mundo…




Assusto os medos que me rodeiam,
Expulso os ventos que me oprimem,
Repudio o pó da falsidade,
Que se cola ao corpo,
Na invasão da mentira.
Permito os raios solares,
Que brilham na luz da verdade.
Aspiro sôfrego, o ar puro
Da bondade.
Abraço as árvores da amizade.
Acaricio as flores da ternura.
Perfumo-me
Com os cheiros da justiça.
Deixo-me navegar nos rios
Da felicidade.
Envolvo-me no manto da lua
E do amor.
Agarro o mundo, com a força
Da esperança.

José Carlos Moutinho





Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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