terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Outono vai bordando...




O Outono arrasta-se acalorado, fora de época
O estio ainda não o abandonou;
Porém, na sua pose romântica,
O Outono vai bordando belos tapetes
Com as folhas matizadas,
Que esmorecidas pelo tempo,
Vão esvoaçando, tais mariposas
E se aninham aos pés das árvores;
É a paisagem colorida que nos deslumbra
Bucolicamente na sua quietude
E nos acaricia a alma,
Que voa por céus
De caminhos inventados!
Pousam os nossos pensamentos,
Em ramos desnudados,
Feitos braços do amor,
Que nos afagam os sentidos!
O Outono tem a tranquilidade
Da mutação da temperatura atmosférica,
Que nos faz sonhar
E nos prepara para uma estação
Que virá, quiçá tormentosa,
Fria de invernais emoções,
Em que os dias tristes e cinzentos,
São os seus fiéis companheiros,
Retirando o sol ainda vigoroso
Do Outono, que lentamente
Vai desfalecendo nos dias,
Que se esvaem nos anos.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A idade que avança




Como é bela e interessante a vida humana.
Nasce-se, tudo é festa, alegria felicidade,
É a bênção divina de mais um ser,
Mais uma pessoa, mais uma vida,
Que lutará ao sol, ao luar ou à chuva,
Pela sobrevivência, num mundo conflituoso!
Momentos deliciosos são vividos,
Com amor, ou sofridos…
Ao longo do tempo, que se vai escoando,
Nas horas que voam de paz ou de guerra!
Passam-se anos…
A juventude vai-se perdendo lá no infinito
Das recordações das paixões
E amores sentidos!
Os humanos, como as flores,
Vão adquirindo uma outra beleza,
Com o passar das primaveras,
Tornam-se mais sábias, mais dóceis,
Têm a candura nos seus olhares,
A ternura nos gestos;
A carícia nas mãos que se vão enrugando.
Adquirem o dom da tolerância e da compreensão,
Têm um brilho de amor nos olhos cansados,
Um sorriso permanente nos seus rostos,
Traçados pelas linhas do tempo,
Que lhe dão a graça e a ternura
E que nos deliciam ao toque de um beijo de carinho!
Com a idade que lhes assumiu o cansaço,
Tomam pose de rainhas da sabedoria!
São os nossos queridos idosos,
Vividos, mestres no amor e sapiência!
Eles são a bênção de Deus,
No ciclo da vida humana,
Deliciosamente bela.

José Carlos Moutinho

domingo, 9 de outubro de 2011

Quando se desafia o rio




Aquele rio é a delícia do povo, que a ele se dirige para o contemplar e relaxar.
As águas límpidas convidam a um mergulho refrescante.
Aquando do pôr-do-sol, os raios refletidos no seu dorso iluminam a suave penumbra que se avizinha.
As margens deste rio, cujas águas deslizam suavemente, estão repletas de palafitas que se equilibram sobre postes, desafiando a física, num equilibro duvidoso.
São os lares dos avieiros, em reduzidas condições de segurança e conforto. Chamar lares, aquelas lacustres barracas, é uma ironia que não deixa de entristecer.
É a realidade triste da pobreza.
O que para uns, é descanso e encantamento; Para outros, é a luta do dia-a-dia a labuta árdua em conseguir o sustento da família, naquelas águas que os alimentam quando do ventre daquela corrente aquática, há a vontade em os satisfazer.
Para estes pescadores, o ocaso é algo que lhes é alheio, porque determina o fim de um dia de trabalho, tantas vezes ineficaz.
Os canaviais estremecem com o sopro do vento invernal, que anuncia tormenta.
O pôr-do-sol esmorece no cinzento do tempo.
Chove. A chuva cai suave e ininterruptamente, primeiro; Depois em bátegas, que a cada minuto aumenta de intensidade. Agora tornou-se violenta esta chuva, quase diluvial.
O caudal pluvial, enche rapidamente o rio, tornando-o ameaçador e terrivelmente assustador.
As águas antes calmas, agitam-se agora em violentas ondulações. O rio engorda
Com as águas que poderão tornar-se assassinas. Transborda.
As palafitas afogam-se e os parcos pertences daqueles avieiros, navegam entre as tristes paredes de madeira rachadas pelas intempéries.
O vento uiva, penetra nas frinchas, provocando um silvo de alerta, para que os seus moradores fujam e que procurem a segurança da terra firme e seca.
O rio subiu, galgou as suas margens, perdeu o controle de si mesmo. Corre veloz, louco.
Arrasta tudo que lhe aparece. Barcos frágeis que se soltam das amarras e se despedaçam
Contra os pilares das palafitas, destruindo-as e arrastando-as na queda imersível nas águas revoltas.
Gente que grita, tentando com o pouco que têm.
E aqueles dias lindos de um pôr-do-sol cintilante, deu lugar à rebeldia das águas das chuvas torrenciais, que subjugaram a suavidade daquele rio, que deslizava suavemente.
É a natureza, na sua indignação, em resposta à provocação humana!

José Carlos Moutinho
7/10/11

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Saudade




Saudade…
Palavra de imensa doçura no seu murmurar.

Sau-da-de…

Abraçam o teu soletrar, miríades de visões;
Quantas emoções vividas,
São despertadas por ti, Saudade…
Escondes tantos mistérios,
Que só tu, consegues reviver!

Ai, ai, fascinante Saudade…

Momentos vividos que o tempo afastou,
Mas que tu, saudade, insistes em acordar;
Tantas paixões esmorecidas,
Tantos beijos sufocados,
Oh…quantos abraços foram a alegria dos instantes,
Que na distância das horas esmoreceram;

Saudade és singela e apaixonada

Quando a nostalgia nos invade,
Vens na brisa do pensamento, Saudade,
Meiga e companheira chamar a ti,
Aqueles átomos das nossas vidas,
Que se vão evaporando
Nos Outonos das nossas memórias!

Ah Saudade… Saudade…

Existirás eternamente na ternura,
Do teu sentir e no recordar do passado;

Tenho saudade de sentir Saudade!

Saudade, substantivo feminino,
Com toda a beleza e cor do seu encanto,
Que jamais poderia deixar de ser inventada;
Que eu sinta saudade por todo o meu sempre!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

És flor da minha Primavera




Vens nas asas de uma andorinha,
És a flor da minha Primavera,
Serás real, ilusão ou quimera,
Quando me dizes que és só minha?

És o suave deslizar das penas.
Que me acaricia o meu querer.
És a fonte onde te vou beber.
Em cálices de belas açucenas.

Tens fogo e paixão no teu abraçar,
Ternura e emoção no teu beijo,
Quando te sinto no teu respirar.

Teu doce olhar, azul de mar,
Provoca em mim, belo lampejo.
Que ilumina o nosso amar.

José Carlos Moutinho

domingo, 2 de outubro de 2011

Musa sonhada


Olho a estrada que se afunila, lá longe
Onde se perde a ponta do meu sonho,
Vejo em meu redor, cores desbotadas
Pelo tempo da tua ausência,
O meu peito palpita-me, desatinado.

Busco a claridade, que ilumine
A tela onde te pintei deslumbrante,
Num tempo de encantamento;
Inventei cores para te embelezar,
Pincelei os teus cabelos,
Com o brilho do sol resplandecente,
Dei o vermelho ocre, cor de sangue
Aos teus belos e sensuais lábios,
Desenhei caprichosamente a tua boca
Com belas aguarelas;
As dunas do teu corpo colori-as
Com o dourado, das areias daquela praia;
As tuas curvas delicadas,
Desenhei-as suavemente na minha ansia
Com a carícia das minhas mãos de pintor;
E com as delicadas cerdas do meu pincel
Retirei da paleta a cor mais fascinante
Para embelezar, ainda mais, as tuas pernas.
Fiz uma delirante obra-prima;
Foste a musa da minha inspiração sonhada! 

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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