sábado, 12 de janeiro de 2013

História de vida





Bem pequeno, quase menino, um dia parti,
para longe, terra distante de sol tropical,
deixei para trás o berço onde eu nasci,
ausentei-me do doce aconchego maternal!

Era uma tarde cinzenta de triste inverno,
as lágrimas deslizavam caladas
pelo lindo rosto de minha mãe,
colavam-se nas rugas sulcadas pelo arado da vida!
Recordo ainda o seu olhar esmorecido,
reflexo do choro gritado pela sua alma,
que me tornava angustiado,
e deixava o meu pequeno coração em sobressalto,
pela inquietude do advir desconhecido!

No cais daquele enorme porto, a mole humana
aglomerava-se na despedida dos seus parentes,
no meio de tanta gente lá estava a velha Ana,
pelo seu filho, tinha o coração e a alma pendentes!

O enorme navio ancorado naquele longo cais,
pintava ainda mais o ambiente triste e escurecido,
nele, partia eu, para Africa misteriosa de muitos ais,
em busca de um futuro melhor, mais garantido,
que este Portugal jamais conseguiu oferecer
a tão nobre povo, cujo destino é nada ter e sofrer!

O que parecia uma aventura afoita e obrigatória,
tornou-se em satisfação vivida com alegria,
aquela terra tinha o dom do encanto e da glória,
onde se viva em perfeita paz e total sintonia!

Esta minha história poderia ser a de muitas vidas,
sentida em Angola de sol fascinante e clima quente,
fiz família e fui homem de honra e paixões incontidas,
demonstro neste sorriso de saudade, sempre presente!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Vem, meu amor





Ainda recordo com nostalgia,
a tua partida no sopro do vento norte,
envolta em nuvens de desânimo,
na inconsciência da razão,
que te perturbou os sentidos!
Ignoraste os meus apelos sinceros,
contidos em palavras de carinho,
preferiste seguir o teu orgulho desvairado
e embrenhares-te nas noites de breu irrefletido!

Sei que te arrependeste,
imbuída em pensamentos de tristeza,
ofuscados por tempestades de suspiros,
nas tardes de choros prementes de saudade!

Embora triste, magoado pela tua partida
em turbilhão de sensações,
não consigo esquecer os nossos momentos,
...Aqueles em que te deixavas adormecer
nos meus braços,
numa entrega de total devaneio!
Jamais consegui evitar o recordar
do néctar dos teus beijos,
da carícia das tuas mãos
e do calor do teu corpo!

Volta, amor, eu perdoo-te...

A vida é tão célere na sua corrida,
que são inadmissíveis
todos os instantes perdidos
que jamais voltarão!
Vem, aos meus braços,
porque sei que me amas,
somente te deixaste enfeitiçar
por utopias fantasiosas
mas sei que em teu coração
eu estou presente!

Vem, meu amor, espero-te
sem recalques, nem amarguras,
só desejo que sejamos felizes.

José Carlos Moutinho

domingo, 6 de janeiro de 2013

Brumas do tempo





Rodeio-me de silêncios
em tardes vazias de sol
escurecidas pelas brumas do tempo!
Contemplo o vazio que me sufoca
e me envolve de melancolia!
Contrai-se-me o peito,
em agonia de um sentir calado,
pelas palavras que não foram ditas
nas noites de ventos fustigados pelo frio
vinculadas por atitudes apagadas
de sentimentos esmorecidos
nas sombras que escorregavam
pelas paredes entristecidas
na lembrança de outros momentos
onde os suspiros de prazer
soavam melodias de amor!

Agora este vazio de nadas que me tortura,
empedernido de melancolia,
alinhavado na esteira da nostalgia
colado nas fragas da saudade.

José Carlos Moutinho

sábado, 5 de janeiro de 2013

Compondo ilusões





Agarro-me às plumas da brisa que me sopra,
quero voar nos sonhos das noites de luar,
e colher os murmúrios das estrelas
que me falam de ti!

Quero fazer das utopias,
realidades do meu querer,
sentir o calor do teu corpo,
no aconchego do meu pensamento!

Se o arco íris me vier visitar,
depois da tormenta da tua ausência,
pedir-lhe-ei que me ofereça as suas cores,
para pintar o vestido de cetim,
que embelezará ainda mais
o teu escultural corpo,
adornado com o carinho do meu abraço,
rematado com calor dos nossos corpos!

Podem até dizer que sou um sonhador,
mas basta-me o teu sorriso para ser feliz,
sinto-me bem assim, pensando no amor,
que me interessa o que qualquer um diz!

Porque a vida é feita de belas ilusões
que os sonhos por vezes, acordam pesadelos,
deixemos vaguear em quimeras, os corações,
façamos da alegria e felicidade os nossos modelos!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Amor em exaltação





Rugem trovões, caem raios e coriscos,
mas o teu amor a tua luz são o meu caminho,
contigo enfrentarei todos e quaisquer riscos,
mesmo que atalhos me façam andar devagarinho.


O teu sorriso, com o teu abraço, são meu afago,
em ti encontro o meu porto de abrigo, sereno,
a tua imagem está presente nunca a apago,
porque tu és o meu chão, o meu doce terreno.


Abraçar-te e estar em ti, quão sublime prazer,
quisera que o tempo parasse à nossa volta,
só tu e eu em total delicia do nosso querer,
na volúpia do nosso desejo e paixão à solta.


E que o mundo gire louco, sem desatino,
porque o nosso amor a tudo isso se alheia,
encontrámos na harmonia o nosso destino,
viveremos com o doce mel da nossa colmeia.

Coisas simples da vida se fazem importantes,
se a compreensão e o amor estão presentes,
a alegria e felicidade fazem-se exultantes,
nestes pequenos sentires de saudáveis mentes.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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