sábado, 6 de setembro de 2014

Tempo que corre





Bem sei que o tempo corre
E sei que jamais volta,
Mas a esperança não morre
Tudo aceito sem revolta.

Voam as horas e os dias
Com sorrisos ou arrelias,
Gira o relógio sem parar,
Esmorecem os meses
Cansam-se os anos por vezes.
Na vida sempre a arriscar.

Olhai os campos floridos,
Alvoradas dos sentidos,
Que sorte temos todos nós,
A vida é um doce sorriso
Do luar vem o aviso,
Que nos canta em terna voz.

Não sei o que traz o futuro
vivo agora um tempo duro,
Mas sei que quero viver
A cantar com alegria,
Cada minuto do meu dia,
Enquanto forças eu tiver.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Lamentos da alma





Solto ao vento os pensamentos
da minh’alma, tais lamentos
que a memória guarda,
e o tempo deseja esquecer
nos outonos do meu viver
nesta vida já cansada.

Suspiro as noites tardias
acordado nas manhãs frias,
quero encontrar alegria
nos meus anseios sentidos,
algumas vezes perdidos,
que a minh’alma não queria.   

Na alvorada do meu sentir
o meu coração quer partir
deste desespero sem fim,
faço da minha essência
vendaval de prudência,
que afaste a tristeza de mim.

E na noite enluarada
em caricia calada
da brisa, veio a acalmia,
que meu corpo esmorecido
tanto me tinha pedido
e há muito eu não sentia.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Antevisão ou utopia





Sopram assustadores, os ventos do leste,
Trazem soluços de dor calada
Na antevisão do apocalipse
Que paira sobre nós…
Recuemos no tempo,
Tempo bem recente, de triste memória
Reflictamos sobre a desumanidade
Que grassa numa frieza implacável!

Pensemos no leste gelado e cru
De onde o iceberg pode explodir
Em rochas de tristeza e sangue
e afundem esta Europa cansada
inapta e acomodada!

Olhemos o fanatismo que nos cerca
E que faz da vida humana,
Nada…
Por vaidade  e poder
Em nome de uma religião
Que nega a violência e a morte!

Estamos perdidos neste mundo de Deus,
E aqui neste rectângulo
À beira mar plantado,
De sol cintilante e mar sereno
Sofremos a agrura da vida,
Que nos impôem em nome de uma nação…
Nação que nos abandona, à mingua
E oferece como alternativa
A eterna emigração de outros tempos…
De todos os tempos em que sempre assim foi
E continuará a ser…
Até que vozes gritem mais alto,
Acima das cabeças coroadas de coisa nenhuma
E façam das misérias que nos oferecem,
Armas de luta pela dignidade
Que nos roubam descaradamente!

Espero que no distanciamento
Entre mim e a eternidade,
As consciências se acalmem
E que neste mundo perdido e louco
Findem as mentes ditatoriais,
A paz seja uma realidade
E que a fome seja um sonho mau
que felizmente a realidade contradiz.

José Carlos Moutinho
4/9/14

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Trevas



O céu transfigurara-se,
as trevas penetravam as frestas das janelas,
ensombravam as paredes imóveis
e criavam imagens fantasmagóricas!

Nas ruas escurecidas
caminhavam pés descalços,
sangrando de dor,
da vida madrasta,
que não pediram!

A luz ténue soltava-se tremulenta
dos candeeiros espantalhos
e colava-se nos corpos deambulantes,
ansiosos pela alvorada da alegria,
que lhes oferecesse a luz da dignidade
…e esta demorava ou escusava-se
na noite eterna e escura de tristeza!

Parecia que o mundo desabava
sobre aquelas cabeças vazias, de felicidade,
rosnavam os ventos, assustadores
tornando o cenário dantesco,
voavam cartões camas,
desnudando corpos empalidecidos,
e… os gemidos sofridos calaram a noite!

Chegavam os raios cinilantes
da aurora tão desejada,
que penetrasse a alma dos infelizes
e lhes desse o calor da vida...
…e a aurora despertou brilhante,
mas os filhos de um outro deus
continuaram nas trevas,
da fome, do frio e na escuridão da miséria.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Navegando





Quero navegar pelas ondas do teu corpo,
aspirar o perfume maresia do teu respirar,
beijar-te as dunas túrgidas,
velejar meu corpo pelo mar de sensações
em ondulante prazer de emoções!

Quero que sejas a minha âncora,
E sol, que dos teus olhos se reflecte em mim,
quero que sejas o farol
que me mostre o porto do teu abrigo!

Quero que sejas a minha praia morena,
para me aconchegar nas areias douradas 
dos teus cálidos anseios!

Quero, mulher dos meus sonhos,
que sejas o meu mar
de águas serenas e cristalinas,
e que me acaricies a alma
com a ternura do teu marulhar!

Quero, enfim, musa minha,
que sejas mar, céu, terra
e luar e sol e chuva e vento
e flor vermelha da paixão,
imaginação da quimera
e o sorriso da minha felicidade.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a