Tantas vezes…
Tantas vezes desejava eu,
ser folha esvoaçante
Matizada de sorrisos,
Pulando de anseio em anseio
Por vales verdejantes de
felicidade;
Outras tantas vezes gostaria
de ser brisa,
Brisa suave, quente de verão
Que afagasse rostos frios e
tristes
Dando-lhes o calor da
alegria!
Quiméricos e utopicos desejos
Que se soltam de mim
Como mariposas inquietas,
Cujos voos esbarram na fria
realidade
Deste mundo insensível
E terrivelmente sofrido!
Fustiga-me dolorosamente
O insucesso do meu querer,
Afundado em águas profundas
do mar
Da minha incapacidade!
Resta-me sonhar um outro
mundo,
Mais solidário, mais
humanizado
Porque este…
Este está totalmente perdido
José Carlos Moutinho