terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Tu me disseste fadista





Ai se eu fosse poeta
faria a mais bela canção,
com flor em cada letra
do jardim do meu coração
p’ra minha amada secreta.


Fadista, eu não sei escrever,
outro deves encontrar,
tenho pena podes crer
mesmo assim eu vou tentar
pode até acontecer.


Um dia eu me aventurei
nem me saí muito mal,
era um fado em que falei
de amor, coisa natural
e com coragem cantei.


Bem sei que foi uma só vez
tu me disseste, fadista
com alguma rispidez
que eu não era letrista
parar era o melhor, talvez.


Claro que fiquei triste,
procurei outro do fado
que visse o que não viste,
me deixasse animado
me dissesse não desiste.


José Carlos Moutinho
“Reserv.dir.de autor”

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Vem morena





Quando na rua passas toda catita
Sinto pular o meu pobre coração
Que apaixonado por ti, tanto grita
De alegria e profunda emoção.

Porque me ignoras tu, mulher
Ainda que eu diga palavras bonitas,
Fria e altiva, não me olhas sequer
Porque será que tanto me evitas.

Não sei porque te fazes tão cara
Talvez até gostes de mim, mulher,
Eu não sou uma espécie rara
Por favor não me faças sofrer.

Vem a mim, vem linda morena
Porei o mundo e o céu a teus pés,
O meu amor não é coisa pequena,
Não sou marinheiro de muitas marés.

Se algum dia te arrependeres
pode ser que seja tarde demais,
Servirá de lição para aprenderes
Se eu disser que não te quero mais.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Silêncio do meu silêncio





No silêncio que me invade os sentidos
escuto o bater ritmado do meu coração
e o murmurar sereno da minha alma!

Lá fora, sopra melodiosa, uma brisa
que atrevida, entra pela janela aberta
do espaço aonde me encontro,
Consigo ouvir os sussurros
das folhas matizadas do Outono,
perfumadas pelas maresias
do mar escondido pelas falésias
da minha quietude…
Apuro os meus sentidos
e ouço nitidamente risos de ninfas,
correndo graciosas,
pelas areias douradas da praia,
cantando odes ao amor,
com vozes aveludados pelos deuses!

Silencio-me no silêncio
que silenciosamente
me acompanha,
sinto que não estou só,
pasmo ao ver minha mão
agitar-se num frenesim arrebatado,
tecendo  estas palavras
sobre o papel branco e inerte,
que em pétalas de poesia
agora, eu vos ofereço.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Tardes frias





Nas tardes em que o frio é mais intenso

a melancolia penetra-me a alma,

leva-me p'lo caminho mais denso

onde nunca encontro minha calma.



Se as tardes se prolongam dolentes

fica meu coração entristecido,

só com o calor dos dias  mais quentes,

à exultação, eu me entrego rendido.



Ah…a Primavera vem chegando

alegre florida e perfumada,

com ela traz as aves cantando…



É o carrocel deste nosso tempo

com frio, calor, chuva e muito vento

companheiros da nossa jornada.



José Carlos Moutinho

Porque choras coração



Com o sibilar do vento
Cantam-me as saudades
Em melodia de lamento
Que enleia as verdades.

Quisera que a melancolia
Fosse palavra sem sentido,
Mas há muito eu sentia
Meu pobre coração ferido.

Refrão
Porque choras tu coração meu
Se a ti me entrego por inteiro
Será que eu não sou mais teu
Ou pensas tu, morrer solteiro

Do alto da falésia, olho cansado
O mar, que me chama em maresia
Porquê o meu coração está zangado
Pergunto ao mar quase em agonia.

O mar sereno me responde, sorrindo
Enganas-te ele é um grande fingidor
Diz-se cansado mas está mentindo
Sabe que és um eterno sofredor.

Refrão
Porque choras tu coração meu
Se a ti me entrego por inteiro
Será que eu não sou mais teu
Ou pensas tu, morrer solteiro

José Carlos Moutinho
“Reserv.direitos de autor”

domingo, 4 de janeiro de 2015

Não me interessa





Deixo-me levar nas asas dos sonhos
pelos rios serenos da imaginação
em caudais fulgurosos de encantamento.
Ignoro as margens secas das desesperanças
porque o amanhã é hoje, duro e cru,
recuso olhar os olhares tristes e vazios,
vazios de tudo o que eu possuo arrogantemente,
não lhes estendo a manta que me cobre do frio
porque eles têm uma pele
que os sustem em pé teimosamente!

Velejo na minha presunção
em canoa de vaidade e displicência,
não ouço os gritos de desespero
dos que mergulham definitivamente
no anseio de acabarem o sofrimento
que os prende a este miserável mundo!

Ignoro os corpos fenecidos pela fome
não me interessa que tremam congelados 
se eu me envolvo em roupas de marca.

Que desistam da vida,
que nascessem em berços de ouro, ora!

Não quero saber se os seus pés enegrecidos
se rasgam no chão acutilante
pela ausência de solas nos sapatos rotos,
O que me interessa é ter os meus pés
bem quentes e aconhegados confortavelmente!

Não me interessa nada do que vejo,
sinto ou cheiro em meu redor,
porque não quero ser envolvido
por toda esta podridão!

Não me interessa! não quero saber!
Eu sou um ser terrestre privilegiado,
que quando partir desta vida de loucos…
…serei igual ao mais pobre indigente,que ignorei,
com a minha abominável empáfia.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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