quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Fogo que não se vê





Escuto no meu peito o crepitar
de um fogo, que não vejo mas arde,
lava que desliza e teima em queimar
não me permite sequer que a apague.

Será ilusão de algum pensamento,
ou quiçá a saudade que sufoca
querendo mostrar o seu lamento
com este vulcão que em mim coloca.

Só sei que o meu peito está dorido,
a razão ou razões eu desconheço
verdade é que não encontro motivo…

Só me resta aceitar este sofrer
que por alguma causa eu mereço,
talvez alguém me possa socorrer…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

De Angola guardo em mim



Penso-me cidadão deste mundo
Viajado por remotos lugares,
Conheci de Angola, o mais profundo
Das savanas aos belos palmares.

Do encanto dos seus rios, ficou a imagem,
O pôr do sol colou em mim nostalgia,
A flora e a fauna são uma miragem
A terra vermelha não era utopia.

Tenho em minha memória, gravadas
As areias finas e brancas das praias,
As cores de acácias perfumadas
E o gosto delicioso das papaias.

As cubatas de adobe, tipicas,
Obras de arte singela de um povo
Labirintos de ilusões misticas
Contidas nos musseques num todo.

Embora fascinante este olhar
Era a pobreza na sua condição,
Cores vivas d’ áfrica em seu pulsar
Vermelho de sangue do duro chão.

Recordo das mulheres o  penteado
Artístico eterno, inalterável,
Aqueles cheiros p’lo ar perfumado
De terra molhada, inolvidavel.

Ah…como era tão doce a melodia
Do pregão das quitandeiras p’la rua,
Quitandas à cabeça, em correria
Calcorreando a cidade, vida crua.

Havia alegria, vivia-se cada dia,
Uns com mais, outros com muito menos
Tais diferenças em assimetria
Das sociedades em que vivemos.

Mas dentro de mim, só quero guardar
O que de bom Angola m’ofereceu,
O azul eterno do seu lindo mar
E as cores, os cheiros que Deus lhe deu.

José Carlos Moutinho
4/2/15

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A poesia e o porta





Não é poeta quem quer, é poeta quem pode,
Bem escrever é arte a poucos legada,
A poesia não é escrita para pagode
É o canto da alma na prosa calada.

Há coisas sem nexo a que chamam poesia,
Escrever a esmo palavras airosas
Não faz um poema, mas sim uma heresia,
poesia é um jardim com perfume de rosas.

Enalteçam-se os verdadeiros poetas
Que nos encantam com a singeleza
brotada  genialidade da  sua alma…

Não procuram jamais atingir metas
A verdade neles é uma certeza
Lendo-os é emoção e prazer que acalma…

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O tal poema





Gostaria de fazer das palavras
poema jamais escrito por alguém,
que soltasse as emoções caladas
mostrando toda a força que o amor tem.

Mas as palavras não me obedecem,
aquietam na falta de inspiração,
espero que um dia elas me abracem,
farei o poema mais belo com paixão.

Se eu fizer o que tanto desejo,
embora eu o diga em tom de gracejo,
serei o poeta mais feliz do mundo…

Tenho em mim sentimento profundo…
pela minha escrita e isso eu confirmo
p’las palavras que aqui vos exprimo.

José Carlos Moutinho

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Se a alma não sente





Folhas secas levadas p’lo vento
são ilusões frustradas, fenecidas,
mágoas caladas p’lo sofrimento
da dor de emoções escurecidas.

Porque a vida é uma roda que gira
teimosa, insistente sem se cansar,
façamos o mesmo, sem mentira
porque um dia tudo isto irá terminar.

Se pensarmos calma e friamente
veremos que pouco adianta a ilusão
e a dor, fingindo que a alma não sente…

Façamos das tristezas alegrias,
que se afogue qualquer desilusão
e naveguemos calmos sem manias…

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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