quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Espiga do meu trigal





Oh mulher, linda espiga

Do meu trigal dourado,

És pra mim uma cantiga

Que me deixa animado

No teu olhar que me instiga.



O teu corpo trigueiro

Onde eu me navego,

Faz de mim marinheiro

Do amor que eu carrego

Por esse mundo inteiro.



Os teus negros olhos

São a luz da minha vida,

Tens nos cabelos, folhos

De beleza florida

Neste mundo de escolhos.



José Carlos Moutinho

domingo, 9 de agosto de 2015

Um dia serei poeta





A minha alma segreda-me melodias
Que se fazem palavras
Matizadas de poesia
Que se vão aconchegando
Na alvura do papel
Sobre o qual me debruço,
Imaginando-me poeta,
Vagabundo de pensamentos
Esvoaçados nas asas da inspiração!


Sorrio-me para as palavras
Que me sorriem do leito daquele papel,
Como se sentissem felizes
Pela minha criação poética!


Pobre de mim, que me imagino poeta
Só porque as palavras me convencem
De que com estas simples estrofes, o seja…
Todavia, deixo-me levar pela ilusão!


Com a coragem que me é oferecida
Pela leitura saciada pelos meus olhos,
Vou inventado utopias
Que se abraçam a quimeras,
E vou navegando pelas marés calmas
Das ondas do meu querer
Que se espraiam docemente
Nas areias da minha vontade
De um dia ser poeta.


José Carlos Moutinho

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sentir futuro



Afago com meus dedos o tempo incolor
que desliza, invisível, pelas minhas horas
e sinto as rugas que o vento esculpiu
nas minhas mãos ávidas
por sentir futuro
que se oculta nas brumas
da minha imaginação.

José Carlos Moutinho​

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Recordo-te, amigo...




Que caminhos trilhas tu, amigo
que ventos te sopram sem parar,
por que te apoquenta o sol,
qual a razão pró luar já não te acalmar
e te deixar assim tão perdido?

Amigo, escuta-me e fala comigo…
Ou será que já não és meu amigo
e caíste na fossa da maledicência?

Lembras-te daqueles tempos
em que nos fins de tarde,
nos juntávamos com outros amigos
e conversávamos descontraídos
numa fantástica harmonia…
Falávamos de tudo e de nada,
não interessava o assunto,
o que contava era o convívio,
onde, da amizade
brotavam palavras de respeito,
mesmo que os assuntos fossem divergentes!

Recordas-te, quando eu não concordava contigo
e tantas vezes isso acontecia,
e discutíamos…
Discutíamos acaloradamente
quase nos zangávamos!
Mas no final…
No final, cada um caminhava para o seu destino,
após algumas discórdias mais exaltadas
ou conversas amenas,
onde imperavam os sorrisos parceiros
ou de boas gargalhadas pelas palhaçadas
dos muitos e brejeiros disparates que dizíamos…
Será amigo, que ainda te lembras,
que sempre nos despedíamos com um abraço?

E agora amigo, o que se passa?
Já não te vejo sorrir, muito menos gargalhar,
quando por mim passas, finges não me ver…
Perguntei-te se eu dissera algo que te fizesse zangar,
respondeste com ar culposo, que não…
que estava tudo bem…
Mas eu sei que não está!
E sabes, amigo…
(se calhar não te posso mais chamar assim)
eu desconfio de que te nasceu no coração,
erva daninha da intriga,
daquelas ocultas e cobardes da traição,
vindas de outros supostos amigos
que se juntavam a nós, (como joio entre o trigo)
na mesma alegria e partilha
naqueles nossos encontros antigos!

Ouve-me com atenção, amigo...
…Ah…desculpa, agora creio, já não seres amigo,
Chamar-te-ei de ex-amigo,
Não!
Vou chamar-te com alguma tristeza, admito:
Um Fraco!
Sim…és um fraco, de carácter volátil
Por que não me quiseste ouvir
e preferiste escutar as vozes da hipocrisia!

Tenho pena de ti, lastimo, ex-amigo,
que tenhas sido levado na corrente da tua fraqueza
e te tenhas afundado nas águas falsas dos sorrisos
e ignorasses nossos abraços, que pareciam ter a certeza
de que a nossa amizade podia ter a força da eternidade
pelo prazer dos “fins de tarde”, se optasses pela verdade.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Desvarios






Apetece-me rasgar as folhas
que se interpõem no meu caminho
e ofuscam a visão do meu horizonte!
Apetece-me secar as gotas da chuva
que me molham os pensamentos!

Ah…Como me sinto em desvario
neste desassossego de vida vazia,
onde o sol se apagou,
as alvoradas se recusam
a renascer em cada novo dia,
e o gorjeio das aves se calou,
e as pétalas das flores se reclusam!

Quero soltar o grito estrangulado
que me comprime o peito cansado,
sentir o ardor de nova paixão,
nos poros fechados pela desilusão!

Desejo divagar por vales de esperança,
onde os campos floresçam de ilusões,
aninhar-me em trigais de temperança,
sonhar novos anseios em ternas emoções!

E é no mar, do meu silêncio e acalmia
que desabafo as dores da minha solidão,
com murmúrios abafados pela agitação
das ondas, que me perfumam com maresia,
na caricia da brisa, que me acaricia a alma,
encontro a serenidade que se fazia arredia
do meu agitado coração, que agora acalma.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Aves negras


Nas florestas da vida
voam aves de rapina
usurpadoras da serenidade
que batem as asas soltando penas,
penas negras com a acutilância de garras
que perfuram, imbuídas de ímpios sentimentos
corpos delicados da sensibilidade…
são aves que voam com o sorriso da hipocrisia
e se escondem nas brumas da realidade!

Dizem-se gaivotas de asas brancas
de alma generosa e compreensiva,
mas chafurdam nas pocilgas da mentira,
batem asas e fogem, se sopradas pelo vento
do mar perfumado de maresia da franqueza!

E as florestas que nos oferecem escolhas
de atalhos e caminhos floridos pelo sol,
leva-nos a receber a amizade de braços abertos
e fazer da sinceridade a difícil e longa  ponte
que nos deve unir a todos como seres humanos,
embora por vezes discordantes…
pois a razão não é pertença de ninguém
mas a dignidade sim, que é dever de todos.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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