sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Fosse eu, uma folha...






Ah…fosse eu folha solta ao vento
esvoaçando livremente pelo infinito
sondando pensamentos tão diversos
e moldasse a felicidade nas almas tristes…

Fosse eu folha matizada de sonhos,
desenhado por cheiros de abraços sinceros,
perfumado por coloridos sorrisos de verdade
e modificasse as infelizes mentes transviadas…

Se realmente eu fosse folha voadora
que navegasse os céus da fraternidade
voasse os mares azulados da concórdia
e metamorfoseasse sentimentos desvirtuados…

Se…na verdade eu fosse utopicamente a folha
que me imagino e lograsse o que minha mente deseja,
leva-me a pensar se sou uma quimera ou um louco
que vive na simbiose deste mundo belo e desvairado
ou…um ingénuo sonhador que voa como uma folha.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

E escrevo afinal...





Pergunto-me por que escrevo eu,
se me perdi pelos caminhos do trabalho
e quase no final de mim, o que me deu
para abraçar a poesia e mostrar o que valho?

Nem sei se eu escrevo mal ou bem,
o que sei é que entrego às palavras
o sentir da alma e do coração também…
e as palavras gritam-me emoções caladas.

Assim, escrevo eu simples versos,
algumas vezes rimados com amor
outras de sentimentos tão diversos,
mas sempre com muita garra e ardor…

Começou por brincadeira este escrever,
que em tons de quadras foi crescendo
pelo papel branco do meu dom e querer…
Escrevo afinal, para que me possam ir lendo.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Gosto de navegar





Gosto de navegar...
Navegar entre afagos de braços
que nos apertam docemente em abraços,

Gosto de navegar...
Fazendo dos meus dedos, remos de ternura
e sentir em meu peito a ondulação do afecto
e o beijo suave da branca espuma do sentimento,

Gosto sim, de navegar...
Navegar pelo sol irradiado de um sorriso
e sentir a brisa suave das palavras
que me acariciam
em murmúrios de carinho,

Sim… gosto de navegar…
Navegar pelos encontros de sincera amizade
onde os temas se agasalham de luar
perfumados de maresia colorida de sal,

Ah…como eu gosto de navegar…
Navegar...Pelas marés serenas,
com temporais longe do meu velejar…
E eu, na acalmia do meu sentir
navegando sobre um mar chão,
possa içar as velas brancas da paz,

Gosto sim, de navegar…
Navegar sem parar…
Até encontrar um porto de abrigo
onde eu possa reflectir e entender
a razão das tempestades
no mar da vida.

José Carlos Moutinho

sábado, 5 de setembro de 2015

Não inventes dramas



Já foste ar que eu respirei,
Hoje és sombra do meu sol
És o breu do meu luar,
Foste mar que naveguei
Eras porto e o meu farol.

O tempo leva as mágoas
E apaga as marcas da dor,
A vida é luta sem fim…
Hoje turvaste as águas,
Outrora, puras de amor.

Não creio nas tuas lágrimas,
Que agora derramas
Dos teus olhos fingidos,
Sei que não são sentidos,
Não inventes tantos dramas.

José Carlos Moutinho


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

As marés eram sorrisos





Os dias empalidecem nos suspiros do entardecer,
Voam secos os ventos soprados pelo desatino,
O sol esconde-se nas mágoas do atroz viver
No horizonte, a linha traça qualquer destino.

Sobre o mar encrespado pelas ondas da vida
Espargem maresias dos instantes perdidos
Temperando com dureza a saudade sentida
De quando as marés eram sorrisos sentidos.

Mas os mares em permanente marulhar
Inventam versos das profundas entranhas
Em canções de coragem a quem o navegar
Com velas hasteadas ou por forças estranhas.

Tal como este navegar por mar desconhecido
É o longo caminhar pelas estradas castigadas
E acinzentadas, por ruelas e becos sem sentido
Quando do desejar nascem recusas soluçadas.

Talvez, quando a alvorada despertar o amanhecer
Traga a luz da esperança que ilumine a amargura
Que durante a noite se acoitou na escuridão do sofrer,
Acabe com a infelicidade e dê à vida mais brandura.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Relógio do tempo





O tempo voa e não tem asas,
fenómeno estranho que ninguém entende,
quero aquietar-me no meu tempo sereno
e do relógio do tempo que me arrasta como louco
por caminhos que ainda não quero percorrer!

Talvez com mais tempo,
eu goste deste tempo que corre veloz,
e de lá, do fim do meu tempo
possa olhar para trás e rir-me
da correria deste tempo desvairado
que me arrastou, ainda que não tivesse asas
mas sim tinha a força do vento.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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