domingo, 8 de abril de 2018

Esta Saudade que dói



Ai esta saudade
que me turva o pensamento
e me dói na alma...
Não entendo porque a nostalgia
me escurece a visão,
se o sol brilha no firmamento
e porque razão a melancolia
entra em mim como vendaval frio,
em tempo de acalmia...

Ai, esta saudade que me apoquenta
e me comprime o peito
na lembrança dos caminhos coloridos
e do pó vermelho da minha alegria,
dos longes que eu percorri
que se tornaram perto de mim
quando os conheci,
do som melancólico e melodioso do batuque
e do choro do quissanje
em noites vestidas de breu...

Ai, esta saudade que me transporta à lonjura
deste meu viver,
e recua ao tempo irreverente
da minha felicidade e rebeldia,
das prosápias de adolescente
e das paixões assolapadas...

Ai, esta saudade que agora me persegue
com a acuidade do tempo perdido
por onde certamente não mais passarei
mas que obriga a minha mente
à saudosa dor de a recordar eternamente
pelo sol matizado e único do pôr-do-sol
do miradouro da luz…

Ai, esta saudade
que me castiga pela ausência
das tépidas águas das praias da minha juventude
quando Luanda, como mãe
me abraçava carinhosamente
e as acácias floridas de vermelha cor
me abrigavam dos amores não correspondidos…

Ai, esta saudade que me dói
só de pensar que sinto saudade…
Quero voltar a ti, terra dos meus encantos,
que me acolheste certo dia, de Verão
e me ofereceste alegremente o teu coração…

Depois…
Deixei-te, Angola querida
um certo dia, que não era Verão,
fui forçado a abandonar-te,
deixei, porém, o meu coração
juntamente com minha alma,
naquela velha mulembeira
plantada na rua das missangas

José Carlos Moutinho
30/3/18

sábado, 7 de abril de 2018

Tempo inocente



O tempo de juventude inocente
passou tão rápido como o meu rio
de água calma levada p’la corrente
que eu contemplava em dia de desvario…

Ficou a saudade que o tempo guardou
numa caixinha dentro do meu peito,
quando volto ao rio que me segredou
suspiros de amor, sinto o mesmo efeito!

Pode ser surreal este sentir
no pensamento de quem o quiser,
a mim só fica o que mais me aprouver…

Recordações que não quero omitir,
instantes felizes do meu passado
que pela minha viagem, fui agraciado.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Será poema ou coisa nenhuma

Despi as palavras
quis vê-las nuas perante os leitores,
e, se alguém houver que se escandalize com sua nudez,
que as vista,
para que eventualmente percam o pudor
se alguma vez o tiveram,
o que sinceramente não creio,
pois as palavras na sua singeleza
são puras e ingénuas...

A haver maldade e falso pudor
encontrar-se-ão somente na mente
de quem as assim as vê,
e que, talvez, sei lá, ache que com a sua repulsa
purifique o próprio pensamento deformado!

E as palavras à minha revelia,
foram vestidas, umas, ridicularizadas outras,
o verbo deixou de existir,
feneceu o sentido do poema.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Sem respostas


Trago no meu peito
um mundo de perguntas
que em nenhum tempo
consegui obter respostas,
são dúvidas, mágoas e queixumes
que as tardes de Inverno inventaram
e que as Primaveras calaram
escondendo-as nas pétalas das flores
que secaram nos dias matizados do Outono!

E as mágoas, queixumes e dúvidas
permanecem no meu peito
apesar de se sentirem afogueadas
pelo calor que não lhes permitia responder-me!

Quedo-me num dilema que me faz perdido
sem saber se as respostas virão
ou se são somente ideias minhas em desatino
sem direito a respostas
porque simplesmente não existem!

Não sei de nada,
já nem sei que na verdade senti algo
ou se o meu peito se descontrolou,
quiçá, por alguma brisa passageira
vinda nas asas do sonho
que a mim chegou nos braços de um desejo
na imagem de uma bela mulher

José Carlos Moutinho

Eu vou contigo

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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