quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Aldeia do Paraíso-Angola (Reportagem RTP África)

Desequilibrados

Ah, se o tempo recuasse
ainda que por uns simples anos,
talvez, se eu voltasse
não tivesse os mesmos desenganos...

Apesar de tudo, porém, gostaria
de experimentar uma outra emoção
de sentir o que há muito não sentia,
revivendo o tempo da recordação

Bem sei que são utopias, somente
estes desejos, quiçá, disparatados,
haja alguém que diga que não sente
estes anseios assim desequilibrados...

José Carlos Moutinho
24/10/18

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Queria

...
Queria escrever o poema
que a todos agradasse,
mas surgiu-me o dilema
que me deixou num impasse

Se o outro não agradou
a gregos nem a troianos,
eu que nem sequer sou
de me levar em enganos,
já nem sei para onde vou
acabaram-me os planos

José Carlos Moutinho
23/10/18

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Tu, poeta

Olhem só para ela...

Disseste que me viste na rua
o que achei difícil de acontecer,
pois se tu andas sempre na lua
como é que me poderias ver?

Confundiste-me com um outro
por quem me desejas trocar,
só espero que seja um maroto
que não te ame e te vá enganar

A mim já tu bem me conheces,
o que vier pode ser muito pior
dar-te tudo que nem mereces
mas poderá faltar-te com amor

José Carlos Moutinho
22/10/18

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poesia é também alegria

...
Tu cantavas
eu não cantava,
tu tinhas uma bela voz
a minha era roufenha...

tu encantavas-me
eu nem sei se te encantava
nunca me disseste,
apesar de me olhares com ternura...

por vezes deixavas de cantar
e eu deixava de te ouvir,
não entendi bem a razão...

talvez porque a tua boca
colada na minha, não o permitisse,
pensei eu
que não consegui falar


José Carlos Moutinho
19/10/18
Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

quinta-feira, 18 de outubro de 2018






Tu, poeta

Tu que te dizes poeta
que te pensas erudito
e te endeusas,
diz-me como se escreve simplicidade
nas palavras que eu não conheço,
desejo aprender do tanto que não sei
e do muito que desconheço...

Não me atrevo a insinuar-me
perante a grandiosidade semântica do poema
porque me sei atento aprendiz
das coisas simples dos temas,
mas assertivas na concordância rítmica
da construção verbal.…

Se puderes poeta,
desce do teu pedestal
e, como comum mortal
entende que o sentimento é intrínseco
a todo o ser que se atreve
a fazer das palavras, poesia
que seja entendida como tal
e não uma total aberração
de conteúdos imprecisos e impenetráveis,
de desavinda ortografia
ou desaire gramatical,
onde atrevidas e desconexas metáforas espreitam
sem nada dizerem, além de confundirem…

A ti, poeta,
presto a minha singela homenagem,
admiro-te pelo teu dom
que em ti e em poucos é essência,
gostaria de ter a tua genialidade
e capacidade de colorir palavras,
como não tenho…poeta,
vou inventando tecidos de cores improváveis
e assim serenamente vou criando um colorido tule
com que carinhosamente
cubro a simplicidade dos meus versos

José Carlos Moutinho
18/10/18

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Esqueceste o que não devias



Quero dizer-te uma coisa ao ouvido,
chega-te perto de mim
porque ninguém deverá ouvir,
não por mim, mas sim por ti
poderás ficar envergonhado(a)...

Lembras-te de quando precisaste de mim?
Talvez te tenhas esquecido
porque o tempo da ingratidão
tem um defeito miserável
de levar o reconhecimento nas costas do vento
e trazer tempestades de hipocrisia na barriga!

Por isso te quis falar ao ouvido,
bem sei que perdeste a vergonha
se é que realmente a tinhas,
mas, pela minha dignidade
preferi lembrar-te do que te esqueceste
sem fazer alarde, evitando que outros ouvissem...

Se calhar nem te importavas
que isso acontecesse,
talvez tenhas esquecido, também,
o que outros como eu te fizeram algum dia,
sabes o que agora me permito dizer-te:
lamento-te, és um(a) triste,
tenho pena de ti...

José Carlos Moutinho
17/10/18

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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