domingo, 9 de janeiro de 2011

Eternidade



Visto-me das gotas da chuva,
Que suavemente cai
E que me lavam a alma,
Do desassossego;

Na minha caminhada
Por esta estrada infinita,
Busco o oásis no deserto de mim,
Exalo os cheiros da terra molhada,
Escuto as vozes das andorinhas,
Clamando pela primavera da paz,
O mundo gira, num girar perdido
Como tômbola desgovernada,
Quero ver o arco-íris,
Com cores por inventar,
Quero chegar ao impossível,
Desvendar mistérios,
E encontrar estrelas,
No meio do nada,
Quero ter asas para voar,
Por lugares remotos do além,
Quero ver um luar,
Jamais imaginado,
Sentir a luz do sol,
Nunca sentida,
Quero ser catapultado para a irrealidade,
Para a eternidade!

J.C.Moutinho

sábado, 8 de janeiro de 2011

Cai a noite


Cai a noite, esmorece a luz,
Vem a melancolia e a escuridão,
Implantam-se as trevas da solidão,
Os pensamentos surgem como ventos
Intempestivos, que assolam
O coração e entristecem a alma,
Tu surges altiva, bela,
Majestosa, e fria
Na minha mente…
Esgueiro-me para a janela,
Encosto o meu rosto no vidro gelado,
Contemplo quem na rua passa,
Vejo gente apressada,
Correndo para os seus lares quentes
De afecto e amor,
E eu só com a nostalgia…
Imagino-te nos meus braços,
Revivendo os momentos passados,                                       
Delicadamente deliciosos,
Caminhos por nós cruzados,
Gostaria de voltar a sentir
O teu suave respirar,
Quando me sussurravas,
Queria sentir-me estremecer no teu abraço
E deixar-me desfalecer no teu beijo
Mas tu não estás…
Será que alguma vez, estiveste?

J.C.Moutinho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O tal paraíso



Dispo-me deste corpo metafísico,
Voo pelos céus infinitos,
Viajo por lugares de beleza exuberante,
Caminhos emoldurados por belíssimas flores,
Vejo planícies e vales de um verde fascinante,
Um rio que corre mansamente,
Lá em baixo no leito do vale,
Ladeado por frondosas e belas árvores,
Milhares de borboletas, que esvoaçam
Desengonçadas e encantadoras,
Batendo as suas asas multicoloridas,
Tal caleidoscópio,
Que deslumbram,
Vislumbro pequenos animais,
Pastando pachorrentamente,
Pergunto-me que lugar é este,
Será o tal paraíso?
Sinto uma tranquilidade infinita,
Uma doce serenidade,
E um total relaxamento,
É com certeza o paraíso.
Acordei!

J.C.Moutinho

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tu...Eternamente


Era eu ainda jovem,
Acabado de sair de criança
Quando tu começaste a assediar-me,
Tímida, linda, também jovenzinha
Vinhas docemente, querendo insinuar-te
E eu simplesmente deixava que te acercasses de mim
Pois era grande o carinho que por ti já sentia
E tu sussurravas-me docemente aos ouvidos,
Dizendo-me palavras belas,
Umas amorosas, outras dramáticas,
Mas sempre palavras de uma enorme beleza,
Perdemo-nos no percurso das nossas vidas,
Mas eis que um dia,
Como que por acaso encontramo-nos,
E oh…. Que alegria…
Abraçamo-nos e sentimos o calor dos tempos idos,
Nós agora somos mais maduros,
Tu estás mais bela, mais doce, és mulher,
Menos tímida,
Mas sempre airosa e graciosa,
Por vezes até provocante
Nos teus gestos, nas tuas palavras,
O teu assédio agora é mais insinuante,
Não te importas mais com o que dizem,
Simplesmente queres mostrar ao mundo,
O que sentes…
E queres que os outros saibam
Que és assim.
Estou muito feliz, por estares de novo comigo,
Senti-me abandonado durante todo este tempo,
Quero agora, amada,
Que jamais nos separemos,
Porque nosso amor será agora eterno,
Não te afastes mais,
Pelo menos por tanto tempo,
Minha querida poesia.

J.C.Moutinho

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ilusão inventada



Foste letra inventada de ti
De canção interrompida que te levou o vento
Ignoraste sons vibrantes do amor
Deixaste-te envolver nas ondas da incerteza
Navegaste em águas da intolerância
Percorreste os caminhos da dúvida
Não sentiste a brisa da sensibilidade
Recusaste as pétalas das flores da minha paixão
Partiste nas brumas da tua vaidade
Foste árvore perene da incompreensão
De folhas caducas de sentimentos
Foste desatino
Da tua consciência
Tua atitude foi perda do sentir da realidade
Frieza calculada das emoções
Foste ilusão inventada
Quimera de uma paixão imaginada.

J.C.Moutinho

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ondas de amor



As ondas enrolam-se em espuma
E vêm desfazer-se na areia húmida,
Afagando-me os pés…
A carícia das águas em meu corpo,
Como se fossem tuas as mãos da ternura,
Em momentos de lasciva parceria;
A areia dourada é o teu corpo,
Em que me deito e me delicio,
Em amplexo de prazer;
O borbulhar da água,
Como murmúrio dos teus lábios,
Vermelhos, carnudos,
Sussurrado ao meu ouvido,
Faz-me deslizar para um mundo,
De sensações e emoções,
Perdidas no subconsciente;
O teu perfume paira no ar,
Juntando-se ao da maresia,
Criando uma essência
De doce volúpia;
Rolamos na macia areia
Desta ilusão sentida;
Beijamo-nos delicada
E profundamente…
Esquecemos o tempo e a razão,
Entregamo-nos ao doce prazer do amor
E amamo-nos
Perdidamente.

J.C.Moutinho


domingo, 2 de janeiro de 2011

Paixões que se vão



Acordo, estendo o meu braço
Em busca do teu corpo quente
Frio de ti,
Afastado de mim
Envolves-te nos lençóis do desamor;

Sob um manto de pensamentos,
Levo-me a pensar nos desencantos da vida,
Quando o amor e compreensão,
Deveriam fazer-se prementes
E presentes
Mas são ausentes;

Os desprazeres da vida,
Assediam-nos mais e mais;
Constantes as tempestades dos sentimentos,
Turbilhões de desentendimentos,
Conflitos generalizados,
Incrivelmente estúpidos,
Como se a vida fosse eterna;

O amor e as ilusões, são efémeras
Como se de folhas secas se tratassem,
A felicidade é cada vez mais
Uma palavra,
Sem sentido,
Que não passa disso mesmo
Uma palavra,
Sem significado real
Que passou a surreal.
A felicidade…o que é?

J.C.Moutinho

Cavalo



Do alto da sua postura,
Bela e elegante,
A sua personalidade forte, altiva,
Cabeça erguida em pose arrogante,
Mas que na verdade é de total doçura,
Seus olhos cativam pela sua nobreza,
Esbelto corpo, de várias cores,
Lindo sendo branco, maravilhoso preto,
Castanho deslumbrante,
Mais ainda se for malhado,
É sempre uma figura que fascina,
Narinas arfando, aspirando o ar,
Na sua corrida pelos campos,
Em galope veloz, como um raio
Crinas soltas, ondulando ao vento,
Olhar em frente,
Numa velocidade alucinante,
Em equilíbrio desafiador da física,
Seu tropel ritmado, soa como melodia,
Som provocado pelos seus cascos,
É sem dúvida o animal mais belo
Deste nosso mundo, de proeminentes belezas,
O cavalo é símbolo do poder, da beleza, do fascínio,
Da parceria e docilidade,
O Cavalo é absolutamente nobre.

J.C.Moutinho

Fascinio


Na penumbra da sala, sentados no sofá
Relembramos momentos de nossas vidas,
Partilhando sentimentos
Abraçados, num aconchego delicioso
Acariciamo-nos num enlevo de apaixonados
Apertamo-nos ainda mais,
Querendo formar um só corpo
De paixão e desejo contido
Numa loucura de sensações reprimidas
Sentimo-nos deslizar
Numa tremura de exacerbado de calor
Mistura de prazer, inconsciência
E bem estar…
Lá de fora,
Vem o som melodioso de um bolero,
Tocado num piano,
Que nos embala
Para uma louca vontade de amar….
Levantamo-nos e apertados
Dançamos, voluptuosamente
Em lânguida entrega de emoções
Pensamentos em desalinho
Dançamos….
Controlamos a nossa ânsia
Beijamo-nos…longamente

J.C.Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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