quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Foste nuvem que passou




Olho-te e não te vejo,
És imagem maculada pela ausência;
Partiste em canoa de cristal,
Com velas de papel amolecido,
Sopradas pelo vento do desencanto
Numa tarde sombria,
De sol apagado pela desilusão!
E foste, sem vontade,
Levou-te a tua teimosia;
Quando desapareceste no horizonte,
De um mar sem bonança,
Surgiu a penumbra, envergonhada
A esconder a tristeza da minha alma,
Ou seria para eu não te ver na oscilação,
Da canoa que navegava insegura,
Nas ondas do teu amor fracassado!
Foste átomo de um Universo sem sentido,
Foste a nuvem que passou
E que deixou sombra no coração,
De quem te amou.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vivendo a vida




O sol retalha-se nas encostas da serra,
Criando imagens impressionistas,
Enroladas nas folhas das árvores,
Quais sonhos inimagináveis!
Levo-me em visões transcendentais,
No deslumbramento da cor,
Sentidas na brisa que me beija!
Na caminhada por atalhos dos sentidos,
Sou seiva que se esgueira
Por estrelas da vida, ao encontro da luz!
O ar que respiro, suave essência do meu viver,
Na caminhada por oásis da minha paixão;
Sou folha que se agita no tempo,
Do infinito do pensamento!
As pedras em que tropeço,
Provas eternas intemporais,
Da insignificância das vaidades,
Lembrando-me a celeridade,
Do nosso tempo, passageiro como vento!
Olho-me em volta e vejo-me livre,
Como águia sobrevoando este mundo belo,
Na solidão de uma serra de belas nuances,
Enriquecida pelas melodias das aves;
Flores de néctares perfumados,
Mistura de sons que o próprio silencio entoa!
É o encantamento da serenidade
Que o meu peito canta feliz.

José Carlos Moutinho

sábado, 13 de agosto de 2011

Um Novo Universo




Sou folha silvestre,
Que se agita no vento do inconformismo,
Sob os raios solares da rebeldia;
Sou o branco do descontentamento,
Na escuridão da acomodação;
Abomino as nuvens negras da presunção;
Quero caminhos rectos de verdade,
Desvio-me das esquinas da infâmia,
Visto-me dos ideais de nobreza,
Abraço-me a flores coloridas da dignidade!
Sou ave, que esvoaça na busca da liberdade,
Do sentir e querer viver o amor!
Entra em mim o sussurro das águas cristalinas,
Do rio da humanidade, que desliza
Pelo leito da paz e da serenidade!
Beijo o silêncio da fraternidade,
Neste vale de verdes esperanças;
Subo as montanhas dos sonhos,
Ilusões tornadas realidades,
Na felicidade de ver um novo Universo,
Altruísta e menos desigual,
Uma nova humanidade,
De gente que sorri, por viver feliz!

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As rugas das minhas mãos




Olho as minhas mãos, rugosas
Pelo tempo, que entre os meus dedos
Tem escorrido,
Numa correria interminável,
De desejos por cumprir!
Secam-me os dias de esperança,
Pelos sonhos esmorecidos,
No desalento do sono!
Pelos meus dedos, agora adormecidos,
Passaram rios de ilusões,
Transbordados por praias vazias,
De momentos perdidos!
Quisera fechar as mãos e segurar
Todo o mar, que me quis inundar
Quando eu era o deserto de mim!
Aperto os dedos e somente escuto o ranger
Dos ossos entorpecidos,
Pelas horas que por eles cruzaram,
Enroladas nos minutos velozes,
Amordaçadas nos anos corridos!
E contemplo as rugas das minhas mãos,
Lendo em cada traço um caminho,
Na busca do oásis do deserto,
Que o mar não inundou.

José Carlos Moutinho

Contraste nas ideias imaginadas




Começo a escrever, sem nada preconcebido.
Tento encontrar nas ideias,
Algo que me satisfaça e que seja razoável;
Penso em amor e logo me surge,
Paixão, ilusão e desilusão!
Se à mente surge a imagem do mar,
São as ondas que se vêm desfazer em espuma,
Na dourada areia da praia!
Se me lembro dos infelizes,
Vejo com mágoa as pessoas que por aí circulam,
Almas penadas, oscilantes nos esquálidos corpos
E recuso-me a pintar essa imagem!
Volto-me para a natureza, sempre bela,
De cores fascinantes,
Voam as aves multicolores,
Nos seus chilreios de belas melodias!
Ah…agora sim, vislumbro com clareza e acuidade,
O sorriso que baila nas bocas das pessoas,
Que passam, alegres, felizes…
Porque são indiferentes,
Aos esquálidos que tremem de frio,
Porque as suas roupas,
Simplesmente são trapos, esfarrapados;
Talvez um dia tenham sido roupas,
Jogadas ao chão sujo de qualquer rua!
E os que passam, sorriem…
Quiçá de vergonha;
Falta de partilha com quem deixou de sorrir,
Talvez até de chorar,
Porque se esvaíram na solidão do sofrimento,
Perderam as lágrimas
E o sorriso é esgar de dor,
Nos lábios ressequidos pelo desespero!
E as ruas enchem-se de gente que sorri,
Que se cruzam com aqueles que choram,
Esvaziados de tudo,
Quem sabe se da própria alma!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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