segunda-feira, 19 de março de 2012

Meu PaI




A minha memória de ti, pai,
Ficou eternamente marcada em mim,
Na fragilidade do meu ser,
Que tu, pai pouco depois deixavas de ver!

Partiste cedo,
Não viste crescer o rebento
Que fecundaste
E que regarias com o teu amor,
Mas secou-te a seiva do teu coração
E deixaste de cuidar do teu jardim!

Mas eu sei Pai...
Que no cintilar das estrelas,
Envias-me a tua luz,
Para que eu não tropece nos escombros,
Escondidos na escuridão da vida!

Sinto que abres e me levas pelos caminhos,
Da honra e dignidade,
Que tu tanto defendeste!
Obrigado meu Pai, pelo caracter bom
Que eu herdei de ti!

Um dia, Pai, vamos dar-nos os abraços,
Que não tiveste tempo de me dar!

Senti falta de ti na minha caminhada,
Mas fui compensado duplamente,
Com o amor da minha mãe,
Do teu, que não pudeste dar-me!
Ela, Pai, foi a minha mãe e o meu Pai
E tu bem sabes disso.
Quero um dia encontrar-vos juntos,
Até lá...

José Carlos Moutinho
19/3/12

domingo, 18 de março de 2012

Este nosso Portugal




Tantos e tantas vezes se canta Portugal,
É verdade que é onde nascemos,
Será que devemos enaltecer de maneira tal,
Onde as agruras são imensas e tanto sofremos?

Dirão muitos que é uma conversa antipatriota,
Talvez um louco, que deva ser internado,
Porém, sempre conheci estes pais na bancarrota
E os políticos com modo de vida folgado.

Sou patriota, amo este jardim à beira-mar,
O que me custa é a exaltação exacerbada,
Houve época em que daria a vida sem pensar,
Porém o que recebemos é esta miséria continuada.

Sou do tempo em que estudar era luxo,
Só acessível a alguns, poucos, privilegiados,
A educação era perigosa se em grande afluxo,
Havia que continuar ignorantes e apagados.

Mudaram os tempos, hoje todos têm canudos,
Antes eram pobres iletrados, hoje são doutores,
A fome grassa e os corpos estão mais desnudos,
Onde só se vence, na política ou por favores.

É deste país de belo sol, mas de alma cinzenta,
Que eu pergunto, porquê tanto orgulho,
A minha idade certamente já não me contempla,
Com a felicidade de sair deste eterno mergulho.

Em tempo de ditadura, não se falava em corrupção,
Era de meia dúzia de famílias, este país,
Veio a liberdade de Abril, que confusão,
Aumentaram os ricos cada um fez o que quis.

Se aumentaram os ricos diminuíram os pobres,
Assim falam as ditas estatísticas irreais,
Que não são palavras de verdades nobres,
Porque as realidades são bem desiguais.

É um pequeno país, mas tem 230 deputados,
Para que serve tanta gente, muitos a dormirem,
A maioria nem abre a boca, são acostados,
E as várias instituições só servem para se eximirem.

Mas viva a nossa terra, viva Portugal,
Que se mudem os homens, prejudiciais,
A Pátria está na nossa alma de modo especial,
Ela é eterna, os homens passam, são mortais.

José Carlos Moutinho

sábado, 17 de março de 2012

Quero inventar-me poeta




Quero inventar-me poeta de sensações,
Navegar em palavras de sentimentos,
Abraçar fantasias
E imaginar-me em sulcos de ilusões!
Poder soltar os suspiros,
Que se prendem e conflituam no meu peito!
Quero desamarrar-me
Dos grilhões que me asfixiam!

Anseio respirar poesia,
No perfume do jasmim,
E sentir-me em pensamentos
Vindos do doce das camélias até mim!

Quero pensar-me nas letras,
Que faço versos,
Com a rima da vida,
Numa alienação de métrica!

Que a loucura e a sensualidade,
Se amotinem em devaneios
E me voem em nuvens,
De exacerbadas paixões!

Quero, enfim, sonhar-me
Poeta acordado pela inspiração
De um sublime poema por inventar.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 14 de março de 2012

Mulher


                                                         Tela de Armando Magno


Quem és tu, que passas gingando,
De cabelos soltos ao vento,
Provocante, que te insinuas
Pelos caminhos desta vida?
Tu que és misteriosa
E simultaneamente bela e complexa,
Que despertas desejos incontroláveis
De paixão e ódio!
Que te fazes poderosa,
E com simples sorriso, dominas o mundo!
Que amamentas e procrias
E tens o carinho e amor,
Que só tu sabes dar às tuas crias!
Tu mulher que és mãe,
Palavra de sentido profundo
De indizível descrição!

Afinal quem és tu, mulher
Ser de conflituantes sentires
E perturbadas atitudes,
Que consegues abraçar-te à paz e ao amor
Como destruíres implacavelmente?

Ah, Mulher... quero esquecer o negativo de ti!
Suspiro na sensação do teu toque
E no beijo que me faz viajar
Por galáxias de emoções,
Porque sem ti, mulher
O mundo não teria a mesma beleza!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 13 de março de 2012

Esperando por ti


Tela de Ilda Teixeira


Perco-me no silêncio de mim,
Por florestas de suspiros de ti!

Imagino-te no abraço que te ofereço,
Mas que a ausência em ti, impede!

Escuto o murmurar das folhas,
Nos braços das árvores,
Que me falam dos teus pensamentos
Em mim!

Lateja-me o coração,
Na ânsia de sentir o teu, bater em uníssono!

Semicerro os olhos,
Vejo-te sorrindo,
Cabelos negros soltos,
Ondulantes na brisa
Que me chega perfumada,
Aspiro-te delicadamente,
Sinto-te em mim!

Sento-me pela flacidez que me toma
O desejo do calor do teu corpo!

Os raios de sol que atravessam as copas
Falam-me para te esperar,
Que virás na velocidade dos minutos
E que teremos toda a vida
Para nos amarmos.

José Carlos Moutinho

domingo, 11 de março de 2012

A Felicidade existe




Naveguei sobre ondas de ansiedade,
Atravessei o mar de doce esperança,
Senti o calor que me dava forças
E o Luar que me iluminava,
Nas noites de inquietude!

Tive como companheiras,
As estrelas da minha coragem,
Enfrentei tempestades,
Cruzei vendavais,
Suportei as calúnias de dias nebulosos,
Sofri com as chuvas intempestivas,
Que me inundavam a alma
E tentavam congelar o meu coração!

Tive na fé e na ilusão a minha motivação,
Porque a felicidade tem que ser vencida,
Nos caminhos das desilusões
E as tempestades feitas contratempos,
Diluíram-se na persistência,
De ventos e nuvens apaziguadoras,
Metamorfoseadas em bonanças!

A verdade e a razão fizeram-se presença
E os sentimentos antes perturbados,
Fizeram-se emoções sentidas,
Na acalmia dos instantes agora vividos!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mar...Esse desconhecido




Oh... Mar imenso que me inundas a alma,
Quando sentado no alto da falésia te contemplo!
Tens uma mística força que me serena,
Nos momentos de tristeza e solidão!
Quando te observo, sinto as tuas ondas magnéticas,
Que me eletrizam e me prostram,
Numa letargia enfeitiçada!       

Acalmo-me no escutar do teu murmurar de palavras,
Em sons de transbordantes sensações,
Imbuídas de cheiros de maresia!
Fazes-me voar sobre o teu dorso,
Qual raio solar,
Que se reflete em ti
E que invade com alegria o meu coração!

Mas também tens em ti, o medo
Que traumatiza e aniquila,
Quem se interpõe em teu caminho,
Quando te fazes tormenta,
Na tua vontade de te mostrares maior,
Arrastando contigo quem te provoca,
Dizimando famílias,
Fazendo viúvas e órfãos!

És simbiose de magnífico e terrível!

Mas eu só te penso belo, mar doce mar,
Quando te navego à tona da tua vontade
E no brilho ondulante da esteira
Do teu leito, que me acolhe.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 7 de março de 2012

Memória




Levo-me por vales de fantasia,
Nas recordações vividas,
Que a memória se recusa a esquecer!

Viajo no caudal do rio,
Que me escuta as mágoas sentidas
E me abraça no murmurar das suas águas!

Agarro-me com a força da minha saudade,
Às flores das margens da minha memória
E deixo-me inebriar no perfume,
Das emoções de outrora,
Sentidas nos instantes presentes!

Sossego-me neste divagar,
Pela beleza que existiu no luar que me pensava,
Nas longas noites de solidão
E que a minha memória mantém forte,
No calor deste sol, que agora me acolhe,
Na tranquilidade de um tempo maduro!

E aquieto-me neste recordar
De sentimentos vadios,
Afagados pela saudade, sem melancolia
Mas acarinhados
Pela nostalgia da minha memória.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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