segunda-feira, 21 de maio de 2012

Imaginação





Amor, quando me penso em ti,
Imagino um mundo de doces emoções,
em vontades sem limites
faço-te subir pelas nuvens,
onde tocas as estrelas em espasmos de prazer!
Fazes da noite, dia
Em cada abraço meu;
No calor do nosso copular,
o sol explodiria de inveja
e nós simples mortais, seriamos vulcão,
que derramaria lava pelo leito da nossa paixão!
Os pensamentos libertinos voariam
em devassas sensações,
em sinfonias de desejos tresloucados,
atingiríamos a lua que tocaríamos em êxtase!
E, quando na quietude dos movimentos,
antes sôfregos,
voltaríamos abraçados ao luar,
parceiro da nossa acalorada refrega
e, no sossego do suor que nos escorre,
faríamos do beijo que nos sufoca,
a acalmia para a próxima emoção.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Entre folhas secas




Observo as folhas caducas e ressequidas,
que se alojam aos meus pés,
impotentes na sua debilidade,
antes vibrantes, agora empalidecidas!
Esvoaçam na ténue brisa,
entrelaçam-se entre os meus dedos,
como borboletas esvoaçantes
em cores matizadas
que o tempo pintou!

Os meus pensamentos voam
colados nas folhas leves que se afastam de mim,
vagueiam por entre luares de magia,
levam a paz da minha alma
e as cores da paixão que me toma o coração.

Sentado entre as árvores despidas
de um Outono imaginado,
que se faz Primavera,
na minha vontade em ti,
sorrio-me imaginando os teus beijos,
feitos ausentes,
que virão nos perfumes da Primavera
e levarão este Outono da saudade,
para o horizonte das minhas memórias.

Sossego-me nesta bucólica imagem
de sereno pensar,
que me traz instantes vividos,
em dias de sorrisos solares
e noites de luares cantados.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Os teus olhos




Quando as tardes se mascaram de noites
E enganam a saudade de ti
Na melancolia que me sufoca,
Luto por resistir à sensação de breu,
Que me invade a alma
E deixo-me vaguear pelo luar,
Que me traz cintilações de fascínio,
Como os teus olhos...

Mudam-se-me os pensamentos,
As minhas recordações revivem
Momentos passados,
Em que tu me incendiavas,
Com um simples olhar,
Desses teus belos olhos
E te entregavas numa doce volúpia,
Que nos deixava perdidos
Na escuridão que perfumava,
O espaço da nossa paixão,
Iluminado pela luz deslumbrante
Dos teus belos olhos...

Onde as noites se mascaravam de tardes
E enganavam as saudades,
Que eu viria a sentir de ti.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mãe

Porque para mim, MÃE, não tem um dia definido, coloco esta prosa, para o demonstrar:
********
MÃE

Mãe, tenho saudades de ti!
Bem sei que estás em paz lá no azul do céu, rodeada de anjos que te protegem!
Mas tenho saudades do teu sorriso, do teu jeito de me dar carinho; Não eras do género de abraçar, mas tinhas o teu coração pendente de mim.
Pensavas-me a todo o momento, preocupavas-te com o que me poderia acontecer!
Sabes...recordo os teus cabelos brancos, como neve numa montanha de amor, amor sim, mãe, tu eras amor, até mesmo quando me ralhavas, o que era tão raro.
Vivemos pouco tempo juntos, a vida quis separar-nos e, embora perto geograficamente, estávamos distantes no convívio do sorriso, da piada.
Gostavas de ser irónica, mãe, sempre com aquela piadinha inofensiva, porém, inteligente!
Tenho saudades de ti, mãe, sei que me esperas, embora não desejes que eu me reúna a ti tão cedo.
Viveste aqui, neste espaço terrestre por longos anos, partiste com noventa e um anos, numa noite, enquanto dormias, serenamente, como sempre foi a tua postura enquanto ser físico e, agora em outro espaço, o espiritual, a tua serenidade e bondade serão mais acentuadas, certamente. Quem parte deste mundo da maneira que tu partiste, tranquila, num não mais acordar, como um passarinho, só pode ter cumprido a sua missão de bem, na Terra!
Mas não posso deixar de sentir saudades de ti...
Sabes mãe, ainda me recordo daquela vez, que tu, por castigo, me quebraste o carrinho de rolamentos. Confesso que fiquei muito triste e zangado contigo, mas, mais tarde senti que o fazias por amor, pela preocupação que te ia na alma, pelo que acontecesse ao teu menino.
Que tempos bons, nós passámos na minha meninice. Estou-te muito grato pelo que me deste, por me mostrares como enfrentar a vida, com honestidade. Eu aprendi a tua lição, segui os teus conselhos.
Gostava que estivesses aqui agora, ao meu lado, para te dar um beijinho e pedir-te desculpa por, talvez, não te ter dado os beijos que merecias. Mas sabes, quando somos jovens, somos irreverentes, desligados e, depois, quando temos uma outra vida e somos pais, não temos tempo para dar beijos à mãe. Que injustiça, mãe, por termos este comportamento. Mãe é única, insubstituível e devia ter beijos e carinhos todos os dias. Agora é tarde, mãe, prometo-te que quando estivermos juntos te beijarei e abraçarei e não me afastarei mais de ti.
Até um dia, minha querida mãe, aceita um beijinho enorme.
Ah, já me esquecia, minha mãe, estás contente com os teus bisnetos, são lindos não são?
Só podiam ser, pois o pai deles, o teu neto é um belo rapaz e a tua neta é linda, ela ainda não te deu bisnetos, mas se Deus quiser isso vai acontecer em breve... (não digas nada, é segredo)
Afinal mãe, segui bem os teus conselhos, cumpri a minha missão neste mundo.
Tudo graças a ti, que foste a melhor mãe que eu conheci, porque és MINHA!
José Carlos Moutinho.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ausência sentida




As tuas palavras emudecem
na fronteira da estrada que te ausenta de mim!
O perfume doce do teu corpo dissipa-se nas nuvens
que respiram o pó dessa estrada!
Os teus olhos têm o brilho das tardes cansadas
e os teus abraços são pétalas ressequidas,
de rosas esmorecidas,
pelos ventos do deserto,
Onde os oásis se fizeram rochedos!
O mar onde me espelho desassossega-se,
na intranquilidade do meu olhar,
que se alonga na saudade de ti!
Tento sorrir, mas a minha boca contrai-se
num esgar de dor,
que me estremece!
Pensamentos que me tomam,
em bandos de pássaros tresmalhados
chegam-me em soluços de angústia,
por tantos sois de luz fria e apagada
e luas escurecidas pelas nuvens do desalento,
em vendavais de desencontros
e tempestades de areias de orgulho escondido.

José Carlos Moutinho

Recordar Angola




Quando ouço dizer poemas e cantares de Angola,
A minha alma entristece-se na saudade que a magoa,
No recordar dos sons que brotavam da terra,
Como mágicas sinfonias, nos batuques da vida
E nos gemidos que o coração sentia,
No dedilhar do som chorado do kissange!
Apertou-se-me o coração no querer rever,
Aqueles chãos vermelhos,
De um vermelho de sangue,
Das lutas travadas inglórias e injustas,
Por gente com ambições desmedidas,
Que aniquilaram povos,
Cuja culpa era estarem vivos!

E nestas recordações que me choram a alma,
Revivo as belezas de Angola,
Pelas picadas do meu encanto,
Extasiado pelos cheiros fortes
Dos frutos tropicais de garridas cores,
Que me saciavam a sede
E no deslumbramento
Das florestas virgens, da minha alegria,
Pela exuberante e fantástica fauna,
Que me encantava na sua liberdade
E das praias de águas quentes,
De areias onde nos apaixonávamos.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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