domingo, 8 de julho de 2012

Saudade reavivada




Quando as horas se tornam ociosas do meu tempo
e me levam em devaneios por aí...

A tua imagem surge-me em ausência,
dos instantes loucos, acobertados pelos luares
nas noites cúmplices...
Quando o meu corpo deslizava pelo teu
no escaldante atrito,
das resfolegantes escaladas,
como por montanha em ebulição,
de desejos extravasados nos suspiros!
O meu respirar que te bebia,
da tua boca sôfrega e húmida pela paixão,
através dos teus lábios
que se ressequiam na minha avidez!

Canso-me neste pensamento que me transcende
na saudade daquelas horas, jamais ociosas,
pela fogosidade da nossa juventude!

A sensação de perda,
Da pujança de um outro tempo,
ofusca-me agora,
neste meu tempo que célere me ultrapassou,
mas que a saudade reavivou.

José Carlos Moutinho

sábado, 7 de julho de 2012

Sorriso de uma musa




Nas tardes quentes da minha melancolia,
debruço-me sobre os meus pensamentos!
Faço de mim, asas de sonhos
e vagueio por céus desconhecidos
em busca do que a minha alma pede
mas que não me sabe transmitir!
E assim, voando,
perdido entre utopias e quimeras,
queimam-se as penas das minhas asas,
pelo sol que me abrasa os sentidos
e mergulho nas águas geladas da frustração;
Sufoco no desejo de absorver ilusões
submerjo no desatino da minha razão,
debato-me em aflitivas braçadas de desejo
de que a salvação surja, no sorriso de alguma sereia!
Num tormentoso navegar de esperança
e embrulhado nas ondas brancas e agitadas,
alcanço as areias douradas da praia,
onde o sorriso de uma musa me espera.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mar...Eterno fascínio




Mar...imensa mole hídrica, que tanto me fascinas,
no olhar que se perde na lonjura do teu dorso,
e vai esbater-se no horizonte!

Gosto estar junto de ti, mar...
Quando na tua serenidade,
me deixas escutar o teu marulhar,
em sons de melodias, como palavras de amor,
na poesia que as tuas ondas entoam,
ao beijarem as areias,
onde vão espreguiçar-se no leito
dourado da praia,
que a espuma branca cobre
como lençol de pura seda!

Mas tu, mar...também és bravio,
incontrolado na tua fúria desmedida,
tantas mortes causas com a tua agressividade!
Quantos inocentes sepultaste nas tuas águas revoltosas,
só porque queriam tirar o sustento,
na labuta que afagava as tuas águas
e que tu, mar...
Arrastaste nas redes da sua fome!

Já foste tão odiado,
simultaneamente amado...
És um eterno desconhecido, mar...
Já levaste o nome de Portugal bem longe
permitiste que frágeis caravelas,
te singrassem, atrevidas e aventureiras!

Mas, para mim, mar... Quero-te tranquilo
Sentar-me na falésia,
contemplar-te na tua acalmia
onde o sol se espelha...
E deixar-me navegar no teu murmurar, minha serenidade

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Outrora




Esta ausência que se faz distância, nos anos que se escoam
Neste tempo de saudades e nostalgias,
Faz-me pensar o presente,
Que tão rapidamente se perde,
Fundido no futuro que chega veloz!
Tento esquecer tudo o que ficou para lá da memória,
Os sonhos que abraçaram quimeras
E as ilusões beijadas pelas utopias,
Mas esta, teima em relembrar o passado
E trazer instantes de encantamento,
Que nas noites de luar nos embalavam,
Nos braços da amada!
Esses mesmos braços
Que certamente abraçaram outro ou outros,
Nos descaminhos desta vida!
E aqui fico eu, pensativo,
No desassossego da minha mente
Pelo que deixei de fazer ou ser,
Por ter perdido o imperdível
E na impossibilidade de refazer o passado
E modificar o advir!
Aceito-me derrotado no sentir da minha alma,
Pela escuridão que me toldou a vontade,
De outrora...

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Liberto-me dos nós



Quero libertar-me dos nós dos instantes 
que a vida teceu na tela crua da realidade!

Soltar-me em voos de alegria,
ignorar pesadelos,
desbravar novos ventos
em luares da minha vontade tenaz!

Quero cantar como louco, neste mundo desvairado,
rir-me na cara dos libertinos pedantes,
ironizar a vaidade emaranhada da arrogância,
correr por ruelas de desencantos amorfos
e encontrar lá no horizonte, o oásis
da serenidade que me acalme
no deserto revolto de mim!

Quando me libertar deste sentir inquietado,
buscarei no sorriso dela, o meu ânimo,
dos seus cabelos negros ondulantes, a seda
que me acariciará o rosto,
da sua voz de cristal, absorverei a melodia
que enfeitiçará a minha alma,
as suas mãos serão o meu estremecer
e dos lábios extrairei o néctar que me alimenta,
na fogosidade dos nossos corpos.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Respiro a tua poesia




No alvorecer das minhas emoções,
desperto...
Com o murmúrio das tuas palavras,
que se fazem poesia, que eu respiro!

Voam-me melodias em pétalas de camélias,
que me preenchem a alma
e a cada movimento de mim,
sinto o teu abraço, no afago
que me dilata os poros do meu corpo
Num sonambulismo doce,
sedento do teu respirar em mim!
Levo-me em catarse do meu sentir
por raios de luz,
guias do meu querer,
aspirando das tuas palavras,
as estrofes simples do teu poema amar
e sem resistência,
volto a respirar em ti, a poesia
que me vibra os sentidos,
de poeta inventado,
e apaixonado assumido.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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