terça-feira, 30 de abril de 2013

Apetece-me



Apetece-me navegar na serenidade
das ondas da minha felicidade,
esquecer as horas esmorecidas
dos dias de sol apagado
pelas angústias caladas!

Apetece-me absorver o ar da maresia
das minhas saudades,
fechar os olhos às tempestades
dos desalentos vividos!

Apetece-me escutar os murmúrios
das fontes de águas cristalinas,
cantando amores sentidos,
jamais esquecidos!

Apetece-me pensar no futuro
sem o desalinho das consciências
e deixar que este tempo presente,
se dissipe entre nuvens de esquecimento!

Apetece-me sonhar quimeras,
mesmo imaginadas fantasias
calam o choro da minha alma!

Apetece-me...
Só porque me apetece
mas jamais acontece.

José Carlos Moutinho


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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Amor desfeito


O sol escureceu dentro de mim
Apagou-se a luz da minha alegria
Chora-me a alma, iludida
por Ilusões, nascidas entre hortênsias
sopradas pela brisa suave do mar!
Naveguei de vela desfraldada
em canoa de amor imaginado,
que naufragou longe do porto de abrigo
A maresia salpicou a minha felicidade,
o meu coração, inocente, lamenta-se
de se entregar assim, desprotegido
num navegar inseguro !
Quebraram-se os remos dos abraços,
secaram os beijos pelo vento agreste,
apagou -se a paixão na ausência de calor
afundou-se a emoção do querer, desfalecido
soçobrou a canoa de amor desfeito,
na viagem de final improvável
entre ondas de tristeza!
Do céu caiam lágrimas de mágoa e dor
As estrelas olhavam-se incrédulas
por verem tanta infelicidade
A Lua escondeu-se
para não me ver chorar.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A FORÇA DAS PALAVRAS




As palavras dispersam-se,
perdidas nas tempestades da incompreensão,
vagueiam desalentadas,
procurando a razão do desatino!
Desnorteiam-se
pela incapacidade de se fazerem entender,
ofendem na sua inocência calada,
inventam gritos de revolta
em mentes sensíveis!

Ai...como ferem as palavras,
na sua frieza, sem rosto,
causam dor à pessoa amada
se ditas com veemência descontrolada,
sem pensamento assertivo,
as emoções navegam
em mares agitados
e deixam-se afundar
em precipitadas conclusões!

Ah...Palavras
que nos empolgam em momentos decisivos da vida,
podem denegrir ou elogiar,
construir ou derrocar,
odiar
ou simplesmente amar.

José Carlos Moutinho


http://www.mixcloud.com/josecarlosmoutinho/a-forca-das-palavras/

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Areia escaldante



Fazem-se tardias as noites do meu cansaço,
anseio-me na acalmia dos luares
das cálidas primaveras,
quando os meus pensamentos se libertam
das amarras de emoções esmorecidas
pelas saudades que me acutilam o sentir!

Fragrâncias de maresia das águas brilhantes
deste mar, invadem-me o peito,
fazem-me suspirar,
ao recordar aquela tarde
de sol escaldante,
que nos magnetizava
no ardor da nossa paixão,
onde foste entrega de ti
no enlevo do amor de mim,
sobre a areia ardente,
amenizada pela sombra
das longas folhas do coqueiro,
acariciados pela suave brisa,
confidente dos nossos murmúrios!

Invento na minha solidão
um outro escaldante sol,
de ardente areia,
que me faça reviver
o amor em ti,
na entrega de mim.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Mar dos meus pensamentos





Vagueiam-me os olhos pela lonjura
que o mar me oferece delicadamente
Sento-me nas escarpas
agulhas afiadas, pelos ventos
soprados, em noites de solidão
Escuto o melódico marulhar
das ondas, que se esbatem cansadas
contra as rochas resilientes
se desgastando na natural erosão.
Deixo os meus pensamentos
sobrevoarem o azul desta planície aquática
em voos rasantes, quais gaivotas temerárias
Atravesso os raios diáfanos do sol
que se vai espreguiçando no ocaso
Mergulho-me nas ilusões que vou inventando
Encontro resistência de quimeras antes sonhadas,
que sob o azul celeste do luar se fizeram utopias
Abro os olhos deste viajar pelo mistério
Olho em meu redor, vejo o nada!
Sonho, ou ainda viajo...
Repentinamente...
estremeço com o fragor de uma onda
que me encharca os pensamentos
Acordo , vejo-te refletida na água!
Meu amor, como brilhavas...

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Chão do meu aconchego



Este chão duro, gretado pelas amarguras
da vida, sopradas por vendavais
de estivais desencontros,
olha-me indiferente, silencioso,
recusando-me o sorriso que lhe ofereço!

Ai, este chão que pisamos displicentemente,
que nos oferece generosamente alimento,
Sofre a dor e a desdita da incompreensão
do tempo que o avassala,
aceita calado, as agruras e investidas da natureza
que lhes sulca impiedosamente o corpo!

Chão sofrido, verdejante ou ressequido,
árido,  fértil ou florido,
que carinhosamente nos acolhe
pela eternidade, silenciosamente!

Este chão que se submete
às nossas vontades,
ignorado e espezinhado,
ingloriamente!

Este meu chão, chão da minha existência
onde me aconchego,
na ausência de asas, para voar.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Amor e felicidade



Sobressalto-me nos pensamentos turvos
que me assolam.
São nuvens negras perdidas,
que deambulam no meu sentir,
tentando ofuscar o encanto
que me toma o coração,
e me faz sorrir a alma
quando invadida pela imagem
daquela mulher, doce
por vezes rebelde,
mas que tem a doçura da carícia
na entrega absoluta
quando me envolve em seus braços
e me sussurra muito baixinho...
Num murmúrio que só o meu coração ouve:

“Meu amor, tu és a minha luz
és o caminho que se abriu
afastando os escombros
que me tolhiam o passo,
agora sou livre das amarras que me dominavam,
clarearam-se os bloqueios que me escureciam os dias”

E os meus pensamentos voam, felizes,
por mares, vales e montanhas
inventando ilusões e quimeras
que se tornam realidades
nos seus abraços,
e pelo no néctar dos seus beijos
que me invade os sentidos!

Parece sonho...
Esta felicidade que me canta
melodias de paixão,
mas que ao luar do nosso amor
despertam na entrega
de dois corpos fundidos
pela mesma emoção
em delicada comunhão de sentimentos.

 José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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