domingo, 23 de junho de 2013
Versos soltos ao vento
Sente-se na pele o ardor da frustração
Trazido por ventos secos, de inveja
que um sorriso repudia com perdão
pela sabedoria que a vida caleja
Evado-me dos meus anseios frustrados
Solto-me no vento das minhas ilusões
Imagino-me viajante de sonhos dourados
pelo oásis do deserto das minhas emoções
Cantam-me as estrelas em murmúrio
melodias de enlevo, sopradas pela brisa
aconchegadas em pétalas de doce augúrio
vestidas com a doçura da mais bela poesia
E vagabundo mas feliz em meu querer
Elevo-me aos céus nos meus pensamentos
Quero encontrar o aconchego no meu viver
Deliciar-me na paixão dos fortes sentimentos
José Carlos Moutinho
sábado, 22 de junho de 2013
Olhos cansados
Não sei qual a razão
porque os meus olhos recusam olhar-te,
talvez estejam cansados
ou simplesmente esmorecidos
pelos dias amorfos
deste viver saturado, sem afecto!
Olham-te e não te conhecem
sentem-se tristes pela tua fria indiferença,
deixaram de sorrir
estão mortiços, sem luz
apagou-se neles a chama de outrora!
Quiçá, alguém tenha o calor
que os faça revigorar pelo amor
e a luz, agora cansada, renasça do escuro,
pela alegria de um sorridente futuro!
Nesta antevisão imaginada,
emocionam-se os meus olhos,
velhos, pelos anos de tempestades,
ansiosos pelo advir de primaveras encantadas!
Sorriem os meus olhos, felizes,
na visão quimérica da luz da felicidade,
que desliza docemente sem cicatrizes
pelos etéreos céus azuis da eternidade.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Alquimia
Alquimia, palavra antiga de significado confuso,
Serei para ti, como uma alegoria,
Com todo o carinho, sem ser obtuso.
Quero transformar o meu amor.
Em brisa que te penetre o coração.
Com a minha alquimia, sem temor
Acredito que desencadearei a tua paixão.
Serei alquimista real, mesmo sem norte.
Mas a mudança que eu te proponho
É de te amar na terra até à morte,
Farei com que a alquimia funcione,
Acredito que talvez seja um sonho,
Mas inventarei algo que te impressione!
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Quimera de um sonho
Acordei melancólico. Para libertar o meu espirito cansado
caminhei por caminhos de solidão, marginados por belas e coloridas flores , que não me sorriam.
Os pássaros que chilreavam, calavam-se à minha passagem.
A brisa que inicialmente me acariciava o rosto, tornou-se seca e árida, numa agressiva pose de hostilidade.
A alvorada que despontava cintilante nos seus raios de encanto, subitamente escurecera.
Tudo conspirava contra mim. A natureza era inimiga do meu passear.
Assustei-me, estuguei o passo, queria sair daquele local o mais rapidamente possível.
A vegetação parecia rir-se da minha figura, ao ver-me em passo de corrida.
Vociferei algo impercetível, preocupado com o que me acontecia.
Era um fenómeno nunca antes sentido.
Muito estranho que eu sentisse a natureza em conflito com a minha pessoa, logo eu que sou respeitador e defensor dela.
Parecia haver alguma coisa de esotérico. Sei lá, sempre ouvi falar de bruxas, podia dar-se o caso de ser acção de alguma, naqueles instantes que me iam deixando atormentado.
Intrigava-me profundamente que os pássaros antes exuberantes nos seus cantos, tivessem inesperadamente emudecido.
Ao lembrar-me do que se passara com a brisa, era demais para o meu entendimento.
Eu estava na verdade muito assustado com tudo isso.
Cheguei às margens de um rio que deslizava silenciosamente pelo seu leito e escutei o murmurar das águas que se faziam melodia quando nos declives, como pequenas cachoeiras mergulhavam com uma elegância na suavidade cristalina das suas límpidas águas.
Sentei-me na margem esquerda descendente daquele encanto fluvial.
Pasmei com o que me sucedia:
Os pássaros trinavam com uma sonoridade nunca escutada em toda a minha vida, eram odes ao amor e à paz e juntavam-se à minha volta, esvoaçando alegremente.
Eu não queria crer no que me era dado apreciar, era belo demais para ser real. Fiquei deslumbrado, estático, como que hipnotizado por tão rara beleza.
As flores de belas e variadíssimas cores tremulavam numa agitação de excitante alegria. Acontecimento jamais imaginado e sorriam no encanto das suas pétalas.
A brisa colorira-se de tons vivos, como os do arco-íris e abraçava-me em movimentos ritmados numa cadência de suave ternura.
Isto não podia estar a acontecer comigo, era demasiadamente irreal para ser verdade. Só podia ser miragem ou o meu estado psicológico estava absolutamente perturbado.
Fechei os olhos, por longos minutos, relembrando o que há poucos minutos me tinha acontecido, na frieza com que fora presenteado pelas flores e pelas aves e agora, tudo isto se desenrolava na minha frente, de maneira tão diferente e fascinante. Não era possível, seria um sonho, sem dúvida.
Mais sereno e convencido de que tudo era realidade, decidi abrir os olhos e, para espanto meu, estava deitado na minha cama, na semiobscuridade do quarto, onde através do cortinado da janela despontavam os primeiros raios de sol da alvorada que amanhecia.
Só a alvorada era real, tudo não passara de um sonho.
Senti-me feliz pela quimera da minha mente e, ao mesmo tempo, frustrado, por não ter sido um acontecimento de verdade.
José Carlos Moutinho
20/6/13
terça-feira, 18 de junho de 2013
Ilusões descoloridas
Sinto na minha pele o respirar da nostalgia
que o vento sopra indiferente
à saudade que me contrai os poros,
Afluem-me secas e cansadas as memórias
dos momentos floridos, em canteiros de ilusões,
que o tempo secou
na ausência de afectos,
pelos caminhos árduos, de escombros
que a vida inventou!
As ilusões agora estão descoloridas e murchas
esbatidas por ventos sem voz
que calaram utopias,
O presente é folha seca, moribunda
esvoaça sem rumo
por atalhos escuros de apatia
suspensa em ramos de monotonia!
Talvez encontre entre as nuvens,
um novo jardim, onde floresçam raras flores
de cores vivas e perenes,
que cantem a desejada mudança
tragam alegremente nova esperança.
José Carlos Moutinho
domingo, 16 de junho de 2013
O que será?
Neste tempo que se faz cansado
na lonjura da estrada da vida
leva-o em pensamentos vivos
de emoção sentida
pelos momentos vividos
na paixão assumida!
Será sonho, ilusão ou realidade
que lhe faz bater forte o coração
e lhe deixa a alma em êxtase...
O sol que nas alvoradas
se oferece mais cintilante
e nas tardes cinzentas
se faz luminoso na alegria flamejante!
O seu amor e paixão são tão ardentes
que a chuva que cai, fria e húmida
se transforma em gotas de sensações
que lhe percorrem o corpo
em vibrantes e acariciantes emoções!
É um novo sentir
que lhe transcende a compreensão
quiçá, lhe ultrapasse a própria razão,
é um querer desatinado
de desejos incontidos
e ímpetos desconhecidos
brotados do seu âmago,
tais protões acariciados pelos neutrões
carinhosamente feitos átomos de amor,
é o estremecer no abraço
o prazer do néctar do beijo
e o delírio na junção dos corpos
que o leva à felicidade.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Se eu fosse...
Fosse eu o sol e juro que te
daria todo o meu calor
Mas se eu fosse a lua,
dar-te-ia muita felicidade,
Porém, como sou humano
dou-te o meu amor
Que te acompanhará por toda
a tua eternidade
Mas se eu fosse Deus,
acabaria com as tuas dores,
Faria de ti a rainha da
minha vida para sempre,
Criaria só para ti, um
jardim de alegrias e flores
Onde plantaríamos muito amor
e paixão ardente
Faria do mar uma estrada
perfumada de maresia,
Sobre as ondas, caminharias
acariciada pelo sol,
Faria especialmente para ti
a mais bela poesia
Que te cantaria nas noites
do luar do nosso farol
Inventaria tudo o que fosse
inimaginável criar,
Seria arquiteto, engenheiro,
poeta ou escultor,
Tudo faria para ter o belo
sorriso do teu olhar
E nos teus braços inebriar-me
com nosso amor.
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Sucumbir
São estranhos os dias cinzentos
que o visitam nas tardes
de triste ausência de afectos,
Nem as noites de luar
com o doce azulado da fantasia
soltam as mágoas que lhe apertam o peito!
Vagueia em sonhos, pelas ilusões
na ânsia do sol da felicidade,
mas este, indiferente e célere passa por ele
nas manhãs das alvoradas da sua ansiedade!
E...
Os dias passam, pela calada do seu sentir,
silenciosos na dor do seu desalento,
agoniam-se em semanas de monotonia
abafados pelos meses de agonia
submergidos em gélidos anos de relento!
Quisera que a sua alma
se libertasse da prisão que a sufoca,
voasse sobre os lírios do campo
e aspirasse o néctar da felicidade!
Chora o seu coração
lágrimas frias que se colam
ao seu corpo e o congelam!
A sua vontade esmorece na razão
dos outros, que o condicionam
e o fazem sucumbir lentamente,
antes do seu juízo final.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Santo António
Santo António, de Lisboa, grande milagreiro
lembra-te desta pobre gente sem dinheiro,
bem sei que não é esta a tua especialidade,
pois de amores és mais entendido de verdade
Ninguém quer casar agora Santo António,
a vida está pela hora da morte de tão cara,
parece que fomos invadidos pelo demónio,
nada temos, secou por completo a seara
Santo António, meu Santo Antoninho,
desperta do teu sono tranquilo em Pádua,
vem como patriota, abençoar este povinho,
que deste jeito, como cama, terá uma tábua
Depois da terrível tempestade que nos afoga,
poderás voltar ao teu dom de casamenteiro,
mas acaba com estes políticos, autêntica droga
para não morrermos de fome, traz algum dinheiro!
José Carlos Moutinho
terça-feira, 11 de junho de 2013
Viajar pelas ilusões
Gostaria poder romper
estes elos invisíveis, que me prendem
como amarras carcomidas pelo tempo
das minhas incertezas!
Soltar-me na brisa
que silenciosa, cruza as ilusões,
abraçar-me aos sorrisos das emoções!
O meu suspirar é reprimido
por sentimentos cansados,
aspiro ar cortante e ressequido
pelo estio do deserto de mim,
busco o oásis das minhas quimeras
na esperança do afago da serenidade!
Tempestades de areias fustigantes
trazem-me dor calada, que me sufoca
e revolta por esta submissão
a vontades, que se alheiam de mim!
Grito no silêncio que me envolve,
derradeiro apelo aos meus sentidos,
escuto o eco de mim,
aspiro, tímido, o ar da esperança,
suspiro profundamente
e...sinto-me livre!
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Guitarra que chora
A guitarra gemia e chorava docemente,
solidária, a viola em murmúrios, trinava
com a ternura do poema de amor ardente
da canção, que languidamente encantava
Exaltada a paixão, em melodia, pela mulher
que o deixara perdidamente arrebatado,
com sua ausência, ficou-lhe a alma a sofrer,
ais suspirados, silenciosos, coração dilacerado
A guitarra no seu gemido, sentia este amor perdido
nos acordes, que se desprendiam do seu corpo
como se fosse da mulher amada, amor sentido,
que talvez em outro mar, encontrara novo porto
Cantam-se as saudades das tardes de felicidade,
abraçadas ao tanger, agora sofrido do desencanto,
quiçá o manto de novo luar abrace a serenidade,
novas alvoradas tragam sorrisos e acabe este pranto.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Fantasias
No murmúrio da brisa
Respiro a suavidade do pensamento
Levo-me em quimeras
Por sensações que invento
Liberto as vontades reprimidas
Calo as vozes incontidas
Grito palavras jamais ditas
Projeto o meu olhar
Acariciado por melodias ardentes,
Para além do horizonte,
Ao encontro de estrelas cadentes
Sorrio-me no deslumbramento surreal
Iluminado pelos belos cristais do sol,
Voo nas asas da minha energia mental
Até ao meu porto de abrigo, o meu farol
Serão quimeras, ilusões ou utopias,
Numa só palavra, não passam de fantasias,
Força invisível da mente que se transcende
E quer demonstrar o que ninguém entende
José Carlos Moutinho
http://www.mixcloud.com/josecarlosmoutinho/fantasias/
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Poeta, sonhador e louco
A folha branca inerte que me contempla,
sorri pela minha tentativa de escrever poesia.
Amasso revoltado a folha branca, agora inútil,
onde não poderei mais escrever poesia.
Não me deixarei vencer pela ironia de qualquer folha.
Insisto em ser poeta, ainda que as palavras se escondam
na pena do meu fracasso.
Vacilante, mas determinado, vou escrevendo
palavras desconexas, sem sentido,
ou, talvez tenham o sentido da minha fraqueza.
Desespero neste jogo de imaginação
teimo, volto a escrever,
desta vez as palavras parecem-me lúcidas.
A folha antes branca, agora gatafunhada
Que antes sorria,
descarada, ri-se provocante,
Pasmo perante tal atrevimento...
Se as minhas palavras escritas com brio
me parecem lúcidas, porque ri a ridícula folha
Interrogo a folha silenciosa e quieta,
porquê se ri de mim,
Ela responde calmamente
as palavras podem estar lúcidas, mas tu não!
És poeta, sonhador e louco.
José Carlos Moutinho
terça-feira, 28 de maio de 2013
Saudade em noite de breu
Seus olhos veem estrelas ou anjos na noite de breu,
pensamentos que se perdem em caminhos de fantasia,
serão anjos que ela vê, porque não há estrelas no céu,
ou talvez a saudade que do seu amor, sua alma sentia.
Sentada na falésia, passeia o seu olhar sobre o mar,
busca a ilusão do seu sentir, ao navegar na escuridão,
ouve murmúrios do mar ou talvez seu coração a chorar
pela ausência do seu amado, que lhe traz muita solidão.
Suspira ao sentir o abraço do manto da noite escura,
sente-se acariciada pela brisa que lhe sussurra docemente,
os seus lábios tremem no desejo de incontida secura
pela ânsia de abraçar o seu amado, que longe, está presente.
A noite faz-se companheira dos ais de nostalgia
nas horas que se arrastam lentas
em compasso com o coração acalentado no seu peito,
escaldante de amor
A maresia é alento para enfrentar os minutos cansados
da ausência do seu amor que tarda,
a felicidade será completa no encontro que se fará.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Sensações
Sente na pele um ardor de ilusões,
talvez despedida das folhas secas da sua melancolia,
ou quiçá, o pólen emanado pelo querer da amada
que lhe efervesce a alma!
Rarefaz-se o ar que lhe contrai o peito
na ânsia silenciosa, murmurada
pelo seu coração palpitante
que canta melodias de paixão!
Serenas nuvens brancas de amor
sobrevoam-lhe os pensamentos
dilatam-se as saudades
que de tanto amar se fazem dor!
Suspiros que despertam o seu sentir,
levam-no ao desalento
pela ausência da mulher amada
que inebriava com seu perfume
e pela carência do toque
aveludado das suas mãos
e do néctar que a sua boca oferecia
nas noites de paixão
iluminadas pelo luar do prazer!
José Carlos Moutinho
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Ansiedade
Tenta resistir em todos os instantes
àquele pensar desatinado
que o persegue silencioso
A saudade sobrepõe-se à sua vontade,
deixa-o levar pela emoção
de a querer perto de si
Ele sabe que ela o pensa com ardor,
a distância ausenta-os
no tempo vazio que se faz dor
Sente saudades dos seus cálidos beijos
abraços ternos de paixão e amor,
nostalgia fustigada pelos seus desejos
murmúrios delirantes, doce sabor
A sua mente inquieta-se
em pensamentos dispersos
na incerteza dos dias vindouros
Que o amor não esmoreça no tempo
dos dias opacos da ausência,
e os pensamentos não se façam lonjura.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Este amor
O amor é suave brisa,
que penetra pelas frinchas
desliza silencioso e instala-se!
Gera à sua volta uma onda de energia
que se propaga, pelo corpo,
em sublime deleite!
Chega à mente, de onde comanda,
ou descomanda os sentidos
e se perde na ausência da razão,
levado pelo ímpeto do desejo...
O amor é tão estranho,
transcendente e sublime, que dói!
Como esta dor que me corrói o peito
pela tua ausência,
na saudade do som melodioso da tua voz
quando me cantavas palavras de amor
e pelo brilho estelar dos teus olhos!
O amor é alegria, ilusão, quimera e felicidade
é dor que confunde o discernimento
e navega em águas de desvarios!
O amor, ai o amor...
é calor sem chama, sem fumo
queima como vulcão em lava ardente,
quisera que este sentir
fosse em ti, o reflexo de mim.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Era uma miragem
Não sei porque o vento teima
em soprar
para longe, os meus
pensamentos...
Finco-me neste chão que me
sorri
agarro-me às minhas memórias
e repudio este estio ventoso;
Não quero perder a imagem
da minha amada
refletida na copa da
azinheira
frondosa, do querer da minha
mente,
ela que docemente me contempla
com os seus belos olhos
cintilantes
incandescentes de paixão!
Esqueço a eólica teimosia,
levo-me nos murmúrios
da brisa aconchegante
até junto da árvore
onde está o meu amor,
quero tocar-lhe
estendo os braços
acaricio as folhas
imaginando os seus dedos
delicados,
estremeço na aspereza dos
ramos!
Abro os olhos, confuso,
era somente a ilusão de uma
miragem.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 15 de maio de 2013
ANGOLA
O calor abrasador das tardes tropicais
penetra e dilata os poros
acariciados pelo pó denso e vermelho
de sangue do chão profícuo
daquela terra de mistérios e encantos!
A brisa húmida acaricia os corpos
que se fazem riachos
nas gotas escorridas de suor
que se colam às roupas!
Florestas de árvores gigantescas
que refrescam com a acalmia da serenidade
o enorme, mítico e grotesco imbondeiro
de castiçais de múcuas!
Estradas de terra batida
chamadas de picadas,
onde o pó se transforma em nuvens diáfanas!
Chuvadas intempestivas e diluvianas
que inesperadamente desabam
e tornam os céus
acinzentados pela tenebrosa tempestade
que tão de repente surge,
como os céus de imediato, são contemplados
com as cores maravilhosas do arco íris!
É África na sua pujança e fascínio,
são os cheiros que nos cativam e penetram a alma,
cores mirabolantes inimagináveis...
É o pôr do sol único, de tons impossíveis!
É Angola, de chão duro agreste
da pobreza sofrida
e é o chão suave, fértil
da riqueza obtida!
É Angola da minha saudade,
da minha juventude e das minhas paixões
É esta Angola plantada no meu coração
aconchegada na minha alma, que eu canto.
José Carlos Moutinho
2013/5
domingo, 12 de maio de 2013
Amar é sublimação
Amar é estar em constante ebulição,
é um sentir silencioso
que exalta a mente
Amar é sorrir a tudo e todos,
dizer palavras sem sentido,
achar belo o feio
é compreensão, tolerância e harmonia
doce loucura nas emoções
amolecer nos braços da amada
extasiar-se no beijo,
envolver-se em simples olhar!
Amar é perder o discernimento da razão
quando a intranquilidade se faz presente
na dúvida imaginada de infidelidade
dor sofrida quase sempre sem sentido!
Amar é desatino que leva ao desespero
chorado em falésias de tristeza,
é caminhar pelos céus da felicidade
e flutuar em nuvens de sonhos,
inventar quimeras
e abraçar utopias
Amar é sublimação.
José Carlos Moutinho
sábado, 11 de maio de 2013
Momentos de desalento
Faz dos pensamentos asas soltas
voando pelos céus dos suspiros
libertando as amarras da solidão,
gritando aos ventos a revolta
do sentir dorido
por um amor sofrido
de coração desalentado
latejando num peito cansado!
Quando nas alvoradas da esperança
os cristais resplandecentes do tímido sol
lhe acariciam a alma
sorri-lhe o ego
antes confuso pela insegurança!
Bastou um simples olhar,
um abraço e um beijo
para que seu coração explodisse
num incontido desejo de entrega
e os pensamentos desalentadores
se dissipassem
entre nuvens de paixão.
José Carlos Moutinho
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Sei que tenho
Sinto-me folha seca esvoaçante
abraçado a murmúrios de desejos incontidos,
Suspiro com os sons misteriosos
que me sibilam!
Faço-me voar sem destino
sobre ilusões do meu querer,
Recuso as tardes da negação
percorro o infinito da perseverança,
Oscilo em desequilíbrio, tal mariposa,
desvio-me dos ramos da solidão em mim
Sorrio-me às árvores que me animam
nesta correria em busca de não sei o quê!
Paro, penso, reflito
sobre o que eu busco nesta viagem intemporal,
Será desânimo o que me aperta o peito
ou penso num querer que não quero,
Sei lá...
Sei que tenho
o que tenho de ter para dar a alguém,
paixão e amor.
José Carlos Moutinho
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Partiste naquele entardecer
Foi naquele entardecer da minha angústia
que partiste, sem uma palavra,
ignoraste todos os nossos anseios,
Esqueceste os nossos sonhos
por viver...
Tantas vezes me prometeste
o que nunca cumpriste,
partiste de cabeça baixa
sem coragem para me olhares,
porque receavas afogares-te
nas minhas lágrimas de dor!
Foste cobarde
no sofrimento que me infligiste,
Entreguei-me a ti
fui teu de corpo e alma
e tu nunca foste minha!
Sei que depois de ti
o meu coração fraquejará,
nas alvoradas da minha tristeza,
A dor será a minha companheira
pelas noites silenciosas da minha saudade!
Fica-me a certeza de que tu
perderás muito mais do que eu,
Roubaste o que eu tenho de mais precioso,
a minha vida,
E eu, somente perdi
alguém sem o sentir do amor.
José Carlos Moutinho
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Hoje
Hoje...porquê hoje,
não sei!
Só sei que me apetece gritar bem alto
palavras de amor, em forma de pétalas,
levadas pelo vento dos meus sorrisos,
por caminhos a descobrir
Talvez encontrem a musa dos meus sonhos
inebriada pelo perfume das pétalas
que do meu coração se fizeram palavras!
Hoje...porquê hoje,
não sei!
Só sei que a minha alma canta alegria
na ansia de encontrar a minha amada,
Elevo o pensamento pelo infinito do meu sentir,
ouço murmúrios suaves em aromas de maresia
voz doce, quente e melodiosa,
talvez de sereia ou da musa que me inspira,
Deleito-me acariciado pela ilusão
da imagem de mulher ou talvez sereia
que me envia o seu amor, pelo mar
abraçado a cristais do sol,
que beija as águas do meu desejo!
E hoje... não sei porquê hoje!
Só sei que as saudades da minha amada
apertam-me tanto o coração,
que me fazem viajar por quimeras
em metáforas de paixão.
José Carlos Moutinho
domingo, 5 de maio de 2013
Mãe, querida mãe
Mãe, minha querida mãe
sorrio-me na memória de ti
dos teus olhos meigos
e sorriso triste,
Rosto de rugas cansadas,
corpo vestido de preto
em luto eterno de uma vida
viúva
sofrida pelas dificuldades parceiras
do viver em duro caminhar!
Ah...minha querida mãe,
As saudades apertam-se-me no
coração
acentuadas pelos anos que
correm velozes,
Recordo a tua figura linda e
dócil
acarinhada por gente amiga
que te abraçava e respeitava
pela tua dignidade e postura
de pai e mãe,
Tantas vezes suprimiste o
pão da tua boca
para que o teu filho fosse
alimentado!
Mãe, minha saudosa mãe,
escasseavam-te os abraços
compensados em calados
carinhos
Davas a tua vida pelo teu
filho
com o teu amor discreto
pela timidez do teu sentir
silencioso!
Vamos encontrar-nos minha
mãe
minha velhota doce e querida,
Quero dar-te e receber os
abraços e afagos
escusados nesta vida terrena!
Até um dia minha mãe,
guarda-me no paraíso
um lugar pertinho de ti.
José Carlos Moutinho
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