terça-feira, 10 de setembro de 2013

Que seja so hoje...



Hoje apetece-me rasgar estas nuvens
Que me envolvem numa solidão de tristeza,
Libertar-me do cinzento que me ofusca,
E sair por aí, numa louca e interminável corrida,
Por caminhos onde eu me perca
Na ilusão de que a vida me sorri!

Hoje apetece-me ignorar tudo o que me cerca,
Caminhar sobre as águas de um mar
Verde de esperança,
Pular sobre ondas de gargalhadas
Até a um porto de abrigo
Que me acolhesse com serenidade!

Hoje, simplesmente apetece-me,
Gritar aos ventos que leve a minha dor
Para longínquos esquecimentos,
Que me traga na brisa suave,
Afago para a minha sofrida alma!

Apetece-me, hoje e quiçá, amanhã e depois,
Que meu coração deixe de sentir saudades
Que o tortura impiedosamente,
Pela distância que se afasta mais e mais
Do seu querer e sentir,
Com desesperança traçada por cruel destino!

Hoje, que seja só hoje...
Apetece-me pensar
Que tudo não passou de sonho,
Feito pesadelo
E que o amanhã me sorrirá
Pleno de felicidade.

 José Carlos Moutinho

domingo, 8 de setembro de 2013

Ilusões



Caminhava eu por caminhos estranhos,
buscando felicidade ou quimera,
mesmo encontrando escombros tamanhos,
acabei por entrar pela estratosfera.

Vou na ilusão do meu querer e sentir,
espero que algo assim aconteça,
não quero ficar aqui a carpir dores,
bastam as complicações na cabeça.

Acredito que Universo conspira
a meu favor, na minha triste vida...
Porque já nem a minha alma suspira,

Por esta minha caminhada sem fim,
levo-me nesta vontade que castiga,
a fé diz, que encontrarei o meu jardim!

José Carlos Moutinho

sábado, 7 de setembro de 2013

Amarei até...






As horas diluem-se rapidamente nos dias
Que se esmorecem nos meses cansados
Por anos e anos de alegrias e tristezas!
É um carrossel de vales e montanhas,
Paixões e amores que vêm e vão,
Sensações de felicidade tamanhas,
Dissabores e dores de triste ilusão!


Amar é sentir um vibrar desatinado
Que nos estremece com simples olhar,
Talvez devaneio de coração obstinado
Sem tempo nem idade para divagar!


Sou um eterno e indócil apaixonado,
O amor está em mim, como estou na vida,
Amarei até que meu coração pare de bater,
Existe em mim o fogo de paixão incontida
Em profundo amor que comigo irá morrer!


Ah...Se este meu tempo recuasse no tempo,
Os meus dias se transformassem em meses,
E a doce felicidade contida neste sentimento
Se eternizasse em nós, com amor sem reveses.


José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sobrevivência nas ruas



São negras ruas de asfalto da vida,
percorridas por pés descalços sofridos,
os pregões de voz cansada e dorida,
no desejo de vender os seus artigos.

Deambulam em perigo, entre carros,
duras corridas  pela sobrevivência,
canetas, isqueiros, roupas  e cigarros,
difícil vida desta adolescência.

De manhã à noite é a perseverança,
pelo sustento da casa miserável,
ânsia de tornar fome em abastança!

Irmãos menores, órfãos, rotos e sujos,
sofredores deste mundo execrável,
vitimas inocentes de tantos abusos!

 José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Desilusão


Penetra por entre as frinchas do meu coração
A brisa da tarde ensolarada,
Que se aconchega no meu querer amar,
Mas onde o gelo da indiferença
Do coração daquela mulher
Derrete rapidamente todo o calor
Que se faz anseio, do meu sentir!

É como se o mar do meu amor,
Quente e perfumado pela maresia,
Fosse invadido por um iceberg
Que congelasse toda a minha paixão!

Tenta o meu pobre coração exangue,
Vigorosa e positivamente reagir
Aos ataques gélidos daquela brisa insistente
Por tanta dureza, mas debalde!

Fazem-se lágrimas sofridas,
O borbulhar da vida,
Que antes fervilhava de esperança
De que ela me amasse!

A dor contrai-se-me no peito dorido,
Pela desilusão que o seu belo sorriso,
E o brilho dos seus olhos verdes
Me fizeram acreditar,
Na ingénua simplicidade
Da minha essência.

 José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quadras populares



Dizem que fazer versos populares,
é coisa de somenos importância,
porém, com eles se fazem belos cantares,
onde a poesia tem retumbância.

Confesso-me pouco admirador
destas quadras, que se fazem melodias,
admito que não tenho nada em desfavor,
mas prefiro um outro tipo de poesias.

Tento fazer sonetos, é mais complicado,
pois, respeitar métricas e fonéticas,
é um problema que me deixa arreliado,
assim, faço estrofes sem estéticas.

Mas porque o popular é bonito, é de todos,
atrevi-me a fazer estas quatro estrofes,
à maneira simples dos antigos visigodos,
ainda que o coração me saia pelos bofes.

José Carlos Moutinho

domingo, 1 de setembro de 2013

As mãos



As mãos deslizam sobre o papel,
Inventando palavras de amor,
Das mãos, surge arte com o cinzel,
São como afagos feitos com ardor.

Mãos afagam delicadas flores,
São carinhosas ou agressivas,
Seguram nos abraços os amores,
São rugosas as mãos e sofridas.

Podem as mãos calar uma vida
Na inconsciente perda da razão
Mãos comovem-se na despedida,

Poemas que das mãos são palavras
Quando ditadas pelo coração...
As mãos, essas amigas caladas!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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