domingo, 29 de setembro de 2013

Matizes de Outono


O Outono chega repentinamente molhado,
Espalhando folhas matizadas por todo lado,
O céu acinzenta-se, perde o seu azul belo,
A melancolia ocupa-nos a alma sem apelo.

Mas o Outono é também encanto
Nas folhas secas que esvoaçam
E formam atapetadas ruas coloridas,
Imagens ornamentadas bucolicamente
Em paisagens de deslumbrante visão,
No adeus ao calor que o verão ofereceu
E nas boas vindas ao frio do Inverno que virá!

A Natureza na sua plenitude,
Com o equinócio que se faz presente,
Solidário com as caducifólias
Que nos oferecem a beleza das folhas secas
Na escusa da sua perenidade,
Voam leves como penas nas asas do tempo,
Volateiam na sua curta viagem até ao solo,
Onde se aconchegam delicadamente,
Tecendo belos e efémeros tapetes!

Outono dos nossos dias
Amigo de vários anos,
Que nos presenteia com o matizado da vida
Com o fresco suave da atmosfera,
Em terno preparativo para o frio intenso
Que nos chegará brevemente com o Inverno

E quando partires, Outono
Sentiremos saudades de ti
Pela vinda ansiosa da bela Primavera.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Mar de paixão



 Oh...mar de olhar brilhante verde-azulado
Navegam pelo teu dorso as minhas mágoas
Sabes bem como sinto meu coração cansado
Acalma as minhas dores nas tuas cálidas águas.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O Improvável



Tantas vezes julgo-me inspirado,
Apresso-me a escrever o que me vai na mente,
Mas rapidamente me sinto desanimado,
Pois o que escrevi não me deixa contente!

Insisto nesta minha teimosia,
Devo achar-me poeta, pobre de mim...
Como se escrever simples palavras
Com melodia e cor, que animam quem lê,
Fossem o bastante para me fazer poeta!
Mesmo sabendo que jamais o serei,
Não desisto,
Porque a simplicidade do que escrevo,
Solta-se da fonte mais profunda de mim,
É da minha alma que brotam cristalinas,
As palavras que me levam pelos caminhos,
Do meu desejo, que se façam poesia!

Só sei que meu peito se anima,
Numa ânsia de libertar o grito de alegria
Que se esconde no seu âmago...
...Aquele grito de vitória,
Quando eu um dia, atingir o cume da metáfora
E colher do meu jardim de sonhos,
Estrofes, em flores vermelhas de paixão,
Tentar que as rimas se conciliem,
No meu desejo quimérico
De fazer bela poesia!

Ah...como seria sublime,
Um dia eu despertar desta ilusão,
E acordar-me na utopia
De escrever como um poeta.

José Carlos Moutinho.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Rufar dos tambores



De onde o sol se esconde, lá longe,
Chega o som do rufar dos tambores
Em chamamento das ilusões entorpecidas,
É um som de lamento lânguido e de dor,
Talvez chorem, pela mulher de pele negra,
Que partiu um dia, perdida na negra noite,
Caminhando descalça pelo árido chão vermelho
Gretado, pela dureza da seca vida,
Carregando, colado nas costas, o seu menino,
Sequioso do leite que se ausentara
Do peito ressequido de sua mãe!
Cambaleante ia em busca do oásis
Onde encontrasse as migalhas
Para mitigarem a fome
Que lhes comprimia os estômagos,
Dilatados, pela carência de alimento!

Chorava, sem forças aquela criança,
Empoleirada e espremida nas costas da mãe,
Cujo rosto era sulcado pela punição imerecida
Que a vida lhe concedia!
Apesar da sua ainda curta idade,
Dos olhos daquela pobre mulher
Caiam em cascatas
Grossas e afiadas lágrimas de desespero!

E o som dos tambores ia-se abafando
Imbuídos de tristeza,
Porque aquela bela mulher
De tês curtida e negra, não voltava,
Perdera-se na estrada da infelicidade,
Tivera a desdita de nascer num país,
Onde os dias eram desiguais,
Para seres humanos iguais.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Desassossego



Deixo-me embalar nos braços das minhas ilusões,
invento quimeras em arco-íris, nunca desvendados,
respiro brisas que me alentam em novas sensações,
anseio por ardorosos amores e beijos apaixonados!

Navego-me em pensamentos por galáxias coloridas,
sossego o meu agitado coração
no luar que me acalma a ansiedade
do amor esmorecido pelas noites silenciosas!

Agito-me neste espaço que me condiciona
e me sufoca, pela ausência de um abraço,
Um simples amplexo, cujo calor da paixão
me despertasse desta letargia que me invade,
que desabrochasse novas alvoradas de amor!

Que as pedras das calçadas sorrissem
em inocentes utopias,
e das negras nuvens chovessem pétalas
de corações, exaltados pela alegria,
de verdadeiras paixões e felicidade!

Se as ilusões quiméricas,
que nos agitam os sonhos,
voassem até ao âmago da nossa alma,
como pombas brancas
e das alvas penas, se fizessem ninhos,
onde se aconchegasse eternamente o amor,
então eu acordaria definitivamente...
Para a vida.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Queria



Queria fazer das minhas palavras, libélulas,
Que na suavidade do seu voo,
Levassem até à minha amada
O sentir da minha alma,
E o murmúrio das suas asas,
Fossem carícias, que se fizessem pétalas
De metáforas coloridas!

Queria transformar as flores,
Em poemas de amor exaltado,
Que no sopro da brisa
Chegassem delicados,
Em sons enfeitiçados aos ouvidos
Da musa do meu viver!

Queria transformar tempestades de desatinos,
Em doces bonanças de paixão e amor,
Do manto do luar, faria um véu
Que a fizesse noiva do meu coração
E a mulher da minha vida...

Queria que as palavras negras,
Se florissem com as cores do arco-íris
Que fossem tela de fascínios,
Pintadas com cerdas de felicidade,
Obtidas da colorida paleta da tolerância!

Queria que a maresia
Que me perfuma a alma
E faz do meu coração canoa,
Me navegasse por mares de sorrisos
Em ondas de total paixão,
Embalado por amor, único e eterno.

José Carlos Moutinho.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Paixão em desvario



Os dias sempre iguais,
Desfaleciam tristes nos ocasos da vida,
Numa monotonia de desalento da alma!
O sol tinha a opacidade da sua tristeza,
O luar, mortiço, esmorecia o seu sentir,
Navegava em suplício por águas turvas,
Submergindo nas profundas dores do seu viver!
Mas...Um dia...
Tudo mudou, quando ela surgiu,
Numa simbiose de esplendor e simplicidade
E a sua alma antes desalentada, alegrou-se,
O sorriso dela era como o sol no seu apogeu,
Dos seus belos olhos esverdeados, fez-se luar
O coração dele, antes esmorecido, vibrava de emoção
Emergiu das profundezas do desencanto,
Toda a sua amorfa essência, resplandecia!
Ela sorriu-lhe, ele sorriu-lhe
Por encanto, ou capricho do destino,
Na celeridade do tempo, nascia uma paixão intensa
Lava incandescente do vulcão do amor!

A cada dia mais forte e delirante 
Era essa louca e deliciosa paixão,
Que os levava por céus de volúpia,
Em constantes voos de prazer
Nas asas de excitante êxtase!
Sôfregos de desejo,
Entregavam-se em amplexos de desvario,
Beijos delirantes longos,
De onde brotava doce néctar
No impetuoso conflito de línguas!
Seios hirtos, ansiosos, excitados,
Cediam à pressão do peito do amante,
Que avassalador apertava a sua amada...
...E a cópula consomou-se, em delirante prazer,
Onde os sentidos se perderam nas emoções
De uma sublime e louca paixão.

 José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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