domingo, 29 de dezembro de 2013

Memórias de mim



Acaricio as pétalas das minhas memórias,
Aspiro as fragrâncias dos belos momentos,
Sorrio para os sorrisos que me chegam,
Encanto-me com os olhares trocados!

E as flores do jardim do meu tempo
Exalam lembranças coloridas do meu sentir,
As cores da saudade foram acentuadas
Pelas Primaveras da minha vida!

E no silêncio do meu pensar
Ouço o murmurar de vozes do meu enlevo,
Que em certos instantes me enfeitiçaram,
E que agora, na finitude das ilusões
Deixaram de ecoar no meu coração!

Pelo tempo que se escoa de mim,
São estas pequenas recordações
Que se agarram ao meu querer viver,
E me fazem sonhar um futuro risonho
Semelhante ao florido passado.

 José Carlos Moutinho

sábado, 28 de dezembro de 2013

Abraço que me envolve



Já se vê neve lá longe nos montes,
O frio entranha-se no corpo,
Congela os pensamentos,
Arrefece as memórias!

Sopram os ventos, uivantes
A fúria dos sonhos desfeitos,
Levados nas dores das desilusões!

Acariciada pelos flocos esvoaçantes,
A alvura da neve
Tece mantas de lã, em filigranas
De beleza estonteante,
Mas o frio entranha-se no corpo,
E os pensamentos
Continuam hibernados
Nas saudades do verão,
Que se foi, nas areias douradas
Da praia da minha felicidade!

Aconchego-me em mim,
Fecho os olhos, suspiro,
Imagino os beijos que derretem
O frio deste tempo que me abraça,
E aqueço a minha alma
No abraço que me envolve,
Como lava incandescente de prazer
O corpo esbelto, escaldante de paixão.

José Carlos Moutinho.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Ele sorria



Absorto nos seus pensamentos,
Sentado naquele banco vermelho do jardim
Florido por belas orquídeas e rosas,
Ele sorria...
Estava só, mas sorria!
Para quem sorriria ele assim tão feliz,
Talvez para a amada distante fisicamente,
Mas presente nos seus pensamentos!

E ele sorria...
Numa expressão enlevada,
E deixava que a imagem dela,
Como feixe de luz,
Invadisse a sua mente,
Beijasse o seu coração
E se aconchegasse na sua alma!

Indiferente a tudo e todos
Ele continuava a sorrir
Em êxtase,
Fascinado com o seu sentir!

No seu silêncio
Ausente do mundo,
Sua essência, vivia momentos
De empolgante felicidade.

E ele sorria...

José Carlos Moutinho

domingo, 22 de dezembro de 2013

No ocaso do meu sentir



O ocaso afasta-se nos braços do entardecer,
E por entre as nuvens alvas,
Na simbiose dos tons vermelhos e laranja,
Que resistem à chegada da noite,
Sorriem as estrelas,
Por entre suspiros do luar
Que se aproxima docemente,
Cobrindo com seu azulado manto
A acalmia do silêncio
Dos meus pensamentos!

Penso nela...
Naquela mulher
Que me faz sonhar despertado,
E me transporta em devaneio
Por lugares que se inventarão
Pela magia do amor!

Sinto o sabor do néctar
Dos seus escaldantes e sôfregos beijos,
Aconchego-me no seu abraço,
E o calor que se solta do seu corpo
Incandesce a minha essência,
Bate acelerado o seu coração
Junto do meu peito,
Numa sincronia fundida no prazer!

Sinto-a em mim,
Extasiado por uma languidez
Que me toma os sentidos,
Levo-me em volúpia,
Por sensações
Onde a razão se perde nas emoções.

 José Carlos Moutinho

A fé que move montanhas



Ser evangelista, católico ou Baptista
É indiferente e irrelevante;
Ser ateu, crente ou descrente,
Pouco ou nada quer dizer.
A crença está em cada um,
Ou não está em ninguém;
Quando surge algum mal,
A alma voa mais alto,
Na busca da esperança no além,
A fé que ninguém tem, está presente!
E que fé, que fenómeno é esse?
A que se diz que move montanhas,
Fé em algo que se desconhece,
Que não se vê, ou até se vê;
Dizem que a fé é a luz dos sentidos,
Que Deus está por trás dessa luz;
Os descrentes dizem: a física tudo explica,
Cientistas, intelectuais, que é metafísica!
Na hora da verdade, a fé
Ah…essa fé, em nada e em tudo,
Que os leva ao fim do mundo
E fazem mover as tais montanhas,
Metaforicamente falando,
Surge em todos os corações
E invade as almas dos incrédulos,
Crentes e descrentes,
Religiosos e agnósticos,
Na busca da salvação.
É a tal fé, a das montanhas!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Alvura da eternidade



Suspiros incontidos, ais reprimidos,
Torrente de águas choradas
Afogam o silêncio da noite,
E emergem em lágrimas
De dores sofridas!

Deste mundo de desatinos
Que não lhe sorri,
Faz-se premente a sua partida
Do desassossego que o inquieta!

Se o procurarem,
Não se espantem
Se não o encontrarem,
Deve andar por aí,
Vagueando por entre nuvens!

Acreditem que o encontrarão um dia,
Ou ele vos encontrará
Pelas noites que certamente
Se farão cálidas
Na pureza dos sentimentos,
Onde se oferecem sorrisos e harmonia
Com a serenidade do paraíso,
Na alvura da eternidade.

 José Carlos Moutinho

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Angústia



Naquele silêncio profundo,
Envolvido por uma melancolia exasperante
Vagueavam os seus pensamentos em desvario
Submergindo em abismo de tristeza!

O ar rarefeito e irrespirável
Dilatava-lhe o peito
Numa angústia inquietante
Que lhe sustava o bater do coração,
Soluçava-lhe a alma impotente,
Estremecia a cada suspiro,
Sufocava na ausência
De palavras de aconchego
Que o fizessem soltar-se das amarras
Que o tolhiam implacavelmente!

Em cada movimento dos seus pensamentos
Mais se afundava naquela agonia
Da incerteza do seu futuro,
Suspirava indefeso
Sem a mão que o sustivesse
Na queda que o precipitava
Cada vez mais e mais
Para o fundo de si mesmo.

 José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a