terça-feira, 17 de junho de 2014

Rio Tejo, meu amigo





Deslizam suaves, em  ondulante navegar
As águas amigas deste rio, da minha vida,
Correm serenas ou rápidas para o mar,
Que de braços abertos aguarda sua corrida.

Tenho saudades de contemplar o Rio Tejo
Que me viu crescer, que se fez meu amigo
E me abraçou certo dia, num doce lampejo,
Recusou fazer da minha temeridade, castigo.

Tejo meu companheiro que me cantavas melodias,
Nas verdes margens da minha meninice junto de ti,
És agora, acalmia nas brumas das minhas nostalgias,
És companheiro perene da alegria que um  dia senti.

Ah…Tejo meu rio querido que de longe vens,
Nem sempre és amável, nem sempre és sereno,
Quantas vezes te revoltas e causas desavéns
Com tuas águas inventas sofrimento pleno..

Mas eu só te penso na tua doce acalmia,
Olhar-te com o carinho de quem te ama,
Receber o reflexo do sol que cintila nas tuas águas.

Não tenhas pressa na tua corrida
Em direcção ao mar
Que te fará nada
Na grandeza da sua imensidão…

Mas para mim, meu Rio Tejo
Jamais deixarás de ser o meu rio
O meu amigo, meu companheiro
De tantos e bons momentos,
Que na distância e no tempo
Me apertam o coração
Numa eterna saudade.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Minhas mãos, meus tesouros





Na quietude da minha solidão,
deixo-me levar pelas divagações do meu pensar!

Olho fascinado, as minhas mãos,
vejo sulcos do tempo,
lavrados por instantes consumidos
pela voracidade das horas,
que fez das minhas mãos cansadas,
obras de uma arte sofrida!

Por entre os dedos,
pequeníssimos atalhos
como afluentes digitais
de sinais que definem as marcas 
do destino, da minha essência!
Admiro a geometria de cada mão,
penso na natureza que me gerou ser,
fez duas mãos distintas nos seus traços,
em cada mão, talvez,
um destino diverso,
parecem semelhantes,
mas fixando meu olhar atentamente,
descubro rios de criteriosos efeitos
como capilares sensitivos!

Com as minhas duas mãos abertas,
sorrio-me feliz
pela alegria de poder contemplar
as minhas armas de luta,
meus instrumentos na criação
da minha poesia,
minhas suaves pétalas de carícias
que perfumam o papel do jardim branco,
onde planto as flores da minha escrita!

As minhas mãos
são parte importante
da minha grandeza!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Chovia na noite fria





Chovia naquela noite fria,
o vento soprava erm desespero,
uivavam lá longe os cães esfomeados
e lá fora, choravam almas desabrigadas
que se aconchegavam precariamente
em cartões de caixas rasgadas pelo tempo
que se faziam leitos
de angústias e traumas empedernidos
pela indiferença dos casacos de peles
e dos sapatos de luxo, que soavam
compassadamente nas pedras da calçada!

E as estrelas que se apagaram,
sequer se compadeciam com a escuridão
que se alojara nos corações sofridos;
Dos olhos daqueles infelizes
deslizavam gotas de chuva
misturadas com as lágrimas de dor!

E a chuva caía, impiedosa,
cada vez mais fria,
tornando o respirar sufocado
no torpor da fome congelada
daqueles que se calavam
na dor que lhes matara as palavras!

Injusto mundo de desacertos e contradições
onde uns têm tudo e não dão valor,
e outros têm nada, além da riqueza
do teto de um viaduto
que lhes permite manter o corpo enxuto
da chuva que lhes fustiga  a alma!

Ah…Mundo cão tão duro e insensivel
poque permites que hajam diferenças
de tantos que sofrem e mendigam
o pão que engane os estômagos,
e outros que esbanjam escandalosamente
nas marisqueiras da vaidade.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O abraço





É gesto que define afecto e amor
ou falsidade fria, sem fulgor
Será alento para a felicidade,
quando o calor é verdadeiro
mas pode ser calculista e matreiro
se é dado sem sinceridade!
O Abraço…
É chama que nos aquece o peito
E penetra calorosamente na alma,
Emoção do sentir em tom perfeito,
Na dor, tem a força que acalma!
Abraço…
Simplicidade de braços estendidos,
Forte sensação de conforto e paz
No amplexo de profundos sentidos,
Que mais nenhum gesto é capaz!
Ai…o abraço,
Que tanto calor e ternura transmite
Nas horas moribundas do desalento,
Faz sorrir a alma com a força que emite,
Serenidade e amor, belo sentimento!
Abraço…
É energia recebida que não se explica,
Aninhar de sentidos em nossa essência,
Simbiose de volúpia e êxtase que fica
Na nossa alma, em total efervescência!

O Abraço…
É como fogo que arde nas entranhas,
é tão somente amor
que floresce entre braços…

José Carlos Moutinho

terça-feira, 20 de maio de 2014

Segredar na noite





Com as mãos crispadas pelo frio da saudade,
Vagueiam pensamentos pela escuridão
Da sua inquietude, e profunda ansiedade
Que lhe aperta o peito e sufoca o coração!

Sentada num banco de pedra, silenciosa
Segreda as suas duras mágoas incontidas,
Na noite cansada pela ausência do luar,
Tenta conter um soluço de tenebrosa dor
Mas dos olhos soltam-se lágrimas sentidas
Sua alma, desesperada, não pára de chorar!

Andeja abraçada pelo breu, sem rumo,
Guiada pela luz retida na sua memória
Que a acompanha, no deambular nocturno,
Ate onde, não sabe, talvez até à sua glória!

Invadem seu pensamento, ilusões vividas
Que o tempo amordaçou nas tardes caladas
São imagens coloridas, perdidas nas brumas!
Deixa as ideias entregues a morfeu, exauridas
Desperta com melodias, pelas aves cantadas
Afagada pelos raios da aurora, como plumas!

Cansada, sorri a nada, olhando em seu redor,
Feliz por despertar de pesadelo tão cinzento,
O seu coração está em paz, com muito amor,
Sua alma é flor com pétalas de sentimento!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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