segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Quero ser livre (Fado)



Bateram à minha porta,
Fui espreitar à janela,
Eras tu, que me importa,
contigo tenho cautela
és p’ra mim coisa morta.

Não te abri, foste embora,
fiquei contente e feliz,
já estava na hora
de viver como sempre quis,
vaguear por aí afora.

Quero ser livre e só,
navegar p’las quimeras,
sem que de mim tenham dó,
sou ânsias efémeras
um dia serei pó.

Pó serei um dia,
deste mundo partirei,
cantem-me uma melodia
e lá no alto serei
inventada poesia.

José Carlos Moutinho

domingo, 12 de outubro de 2014

Inquietam-se as palavras





Queria aquietar-me
com o silêncio das palavras,
mas elas inquietam-se em mim
num desassossego que me impele
a colá-las no papel ávido de prosa,
ainda que desordenada,
ou em metáforas encadeadas pela luz,
talvez até, em rimas emparelhadas pelos ventos
formando estrofes coloridas pelo arco-íris.

E as palavras surgem como por magia,
alinhadas em versos de sentimentos,
por vezes em  exaltados sonetos,
quando são agitadas
pelos pensamentos que insistem
em terminar o texto inacabado.

Inesperadamente o que era nada,
surge a meus olhos
como o poema que não imaginara,
mas que a inspiração ou o silêncio,
me obrigaram  a inventar,
na inquietude do meu pensar.

José Carlos Moutinho

sábado, 11 de outubro de 2014

Sonhador (Fado)



Com o despertar da aurora
Acordam minhas ilusões,
Quero ir por aí fora
Em busca de paixões,
Porque já está na hora
De soltar as emoções.

Vou agarrar as estrelas
E trazer a sua luz
Em pétalas de aguarelas,
Farei do luar que seduz
Jardim das minhas janelas.

Inventarei utopias
P’los céus da imaginação,
São sonhos e fantasias
Que alegram meu coração
Mesmo que sejam manias.

Sou feliz e sonhador,
Faço da mente brisa
P’ra abraçar algum amor,
Pode até ser poetisa
O que importa é ter fulgor.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Vento bravio (Fado)



Ah… vento bravio
Que me sopras ilusões,
Vê se fazes um desvio
Só me causas aflições,
não quero este atavio,
vivo alegre as emoções.

Traz vento,a brisa serena
com o carinho do amor,
nos braços de uma morena
que me apague esta dor,
pode até ser pequena
o que importa é o seu calor.

Sempre te disse, ó vento,
Não gosto de temporal,
Prefiro estar atento
Pra que não haja mal,  
Porque o sofrimento
nada tem de sensual.

Tem a acalmia do rio,
Escuta o seu murmurar
no inverno e no estio,
mansas águas a cantar
seu único desafio,
é abraçar o grande mar.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Noite de Luar (Fado)



Numa noite de luar,
com o sopro da brisa
senti o coração palpitar,
por dentro da camisa,
uma mão a acariciar
no meu peito desliza.

O mar cantava poesia
naquele doce verão,
meu corpo já sentia
o calor da paixão,
no abraço de ousadia
com o fogo de vulcão.

Mulher de doce olhar
e com corpo escaldante,
ai, meu Deus fico sem ar
e coração ofegante
de tanto a querer beijar
neste ardor delirante.

de corpos colados,
despertámos com a aurora,
felizes e cansados
tinhamos que ir embora,
estamos apaixonados
vamos casar e, é agora.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Vem a mim, amor (Fado)



Porque corres tu meu amor
Se a vida já é uma corida,
vem a mim por favor,
traz tua blusa garrida
vamos dançar com vigor
e cantar, minha querida.

Rostos colados assim
sem olhar para ninguém,
teus olhos postos em mim
tuas mãos fazem-me refém
num longo abraço sem fim
com muita alegria também.

Dançemos pela sala
em volteios de paixão
a dança, que a todos cala
com profunda emoção,
numa noite de gala
ao som desta canção.

Dá-me tua mão meu amor
E olha as estrelas no céu
Olha bem o seu fulgor,
é o brilho do coração meu
que t’ilumina com ardor,
serei eternamente teu.

José Carlos Moutinho

sábado, 4 de outubro de 2014

Outono e saudade





Esgueiravam-se
por entre as folhas verdes
do estio esmorecido, perdido no tempo,
as brisas serenas das tardes cansadas
das ausências do calor!
O outono espreitava provocante,
pela timidez do verão sem graça,
as chuvas tomaram o lugar do sol,
o céu tingia-se do cinzento da tempestade,
criando telas de temores e de saudade,
saudade de outros verões, outros tempos,
porque este é de tristeza e lamentos!

Dentro do seu espaço cronológico
o outono entrou em nossas vidas,
atrevido, sem bater à porta da nostalgia
mostrando doce e serenamente
suas folhas matizadas de fascinantes cores,
que enfraquecidas pelo estio,
soltam-se dos ramos
com saudades do verão pretérito,
e angustiadas pela vinda da invernia
que as fará perder a sua beleza!

Eis que o Outono na sua pujança
Vai pintando telas matizadas de sensações,
de melancolia umas, outras de alegria
e muitas de nostalgia,
fazendo os pensamentos recuarem
às verdes primaveras das saudades,
que se aconchegam nos chãos atapetados
de folhas outonais.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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