terça-feira, 25 de novembro de 2014

Viajante





Viajei por mundos diversos

Neste mundo único em que vivo,

nasceram em mim instantes dispersos

de tantas e tantas cores sem sentido,

pois a vida é um poema de muitos versos.



Conheci gente sorridente e animada,

desagradável, simpática e abrutalhada,

gente que estendia sua mão solidária

e outra mão que se contraía sanguinária,

braços flácidos por vontade enfadada. 



Recebi o calor do sol de três continentes,

Europeu do meu país, cálido e brilhante,

Africano da minha juventude, cores quentes,

Sulamericano da minha vivência, fascinante

Mas de Angola, sol e cores são mais fulgentes.



Apreciei belas paisagens por onde passei,

As de Portugal, pequenas, belas e floridas,

De Angola verdes e majestosas, que eu sei,

Do Brasil, imensas, pelo Amazonas perdidas,

beleza deste mundo, que ver, jamais eu pensei.



Assim me fiz viajante por terras d’aqui e d’além,

De navio, carro, moto e avião sempre a descobrir

Novos mundos, como os que partiram de Belém,

Por mares nunca navegados em busca do porvir,

Com ousadia e coragem, foi o que eu fiz também.



José Carlos Moutinho

domingo, 23 de novembro de 2014

Suspiros são ais (Fado)





Suspiros são como ais
Do amor que se silencia,
causas confidenciais
Que dizer-te, eu queria,
Mas não te disse jamais.

Tua beleza é um fascínio
Que me tolda a vontade,
Talvez seja um designio
Que o meu coração invade
E me deixa sem dominio.

Um dia, mulher tão bela
Terei coragem bastante,
se te vir à janela
dir-te-ei num instante
deste amor que se revela.

Este é o nosso caminho,
P’la rua da felicidade
falaremos baixinho
Palavras de verdade
Repletas de carinho.

José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Lágrimas de chuva





Caiam lágrimas de chuva,
do vento que chorava silenciosamente
naquele entardecer cinzento de saudade,
gotas que deslizavam pelas árvores
em angustiante anseio de abraçarem
as folhas matizadas, pelos outonos da memória!

Em cada gota, uma lágrima,
ou quiçá, em cada lágrima uma gota,
que se transformava em lama
no encontro com o solo seco da lembrança
e se metamorfoseava em pérola parda,
que rolava pela estrada da desesperança!

O vento na sua lamuriante dor,
soprava com a força da desventura,
as marés escurecidas pelas noites sem luar,
esventrava o corpo ondulante do mar
com a fúria do desencanto das velas adornadas!

Mas…
O vento cansou-se do seu lamento choroso,
as núvens cessaram sua pluviosidade,
sorrindo por entre as derradeiras lágrimas
do entardecer, triste…
Dando espaço ao cintilante Arco-íris
que de braços abertos,
mostrava as cores da vida
em gargalhadas de alegria.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Fado é fado (Fado)



O fado é da madragoa
ou da castiça Alfama,
será mesmo de lisboa
ou da mouraria que se ama
onde não se canta à toa?

Sem alma não há fado
Seja aqui, ali ou acolá,
Será em qualquer lado,
No sul, norte ou por cá,
Tem de ser bem cantado.

Fado não tem morada
Ri, chora, ama e canta,
Gosta de sardinhada
E vinho p’la garganta
Até de madrugada.

Fado é fado e mais nada,
É canção de paixão e amor,
É tristeza cantada
É o desejo com fervor,
Fado é fado e mais nada.

José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Grita-me o vento (Fado)



Porque me grita o vento,
Se me escondo na solidão
Abraçado ao lamento,
Que me aperta o coração?

Deixa-me estar sozinho
Não me sopres tristeza,
Aqui no meu cantinho,
Digo-te com franqueza
Não aceito o desalinho.

As folhas caem secas
Pelo vento que as leva,
Por isso não me peças
que  te aceite e me atreva
a entender-te, se pecas.

Quero as alvoradas
Que me animam e cantam
as mais belas baladas,
Que a todos encantam
Nas cordas das guitarras.

José Carlos Moutinho
"Reserv.direitos autorais"

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Dizes que não me queres (Fado)



Dizes que não me queres
Teus olhos dizem que sim,
Será que não percebes
Que não vives sem mim
Estejas onde estiveres.

Acalma essa tristeza
Que só tu sabes qual é,
Eu  tenho a certeza
E posso jurar-te até,
Que amo a tua beleza.

Encosta a cabecinha
No meu peito, meu amor,
Murmura-me que és minha
E não vives sem meu ardor,
Porque tu és minha rainha.

O amor é louco bem sei,
Que importa que assim seja,
O ardor do beijo que eu te dei,
É fogo que se deseja
Na paixão que te aceitei.

José Carlos Moutinho

domingo, 16 de novembro de 2014

Segredos





O mar segredou-me...
falou-me de sentimentos,
de saudades e de memórias...
disse-me que tudo é efémero,
até mesmo as ondas que me segredaram
e se desfaziam em espuma fugaz
que languidamente se escondia na areia
da sofreguidão dos desejos,
e se esquecia de me segredar futuro!

Mas tudo em meu redor,
me segredava esperança,
no marulhar que se fazia melodia,
na maresia que me perfumava os sentidos
e embalava-me numa sensação
de volúpia atrevida,
pelas emoções em êxtase,
acaloradas pelo cintilar do sol
que me beijava os pensamentos.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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