Penso-me cidadão deste mundo
Viajado por remotos lugares,
Conheci de Angola, o mais
profundo
Das savanas aos belos
palmares.
Do encanto dos seus rios,
ficou a imagem,
O pôr do sol colou em mim
nostalgia,
A flora e a fauna são uma
miragem
A terra vermelha não era
utopia.
Tenho em minha memória, gravadas
As areias finas e brancas
das praias,
As cores de acácias
perfumadas
E o gosto delicioso das
papaias.
As cubatas de adobe, tipicas,
Obras de arte singela de um
povo
Labirintos de ilusões
misticas
Contidas nos musseques num
todo.
Embora fascinante este olhar
Era a pobreza na sua condição,
Cores vivas d’ áfrica em seu
pulsar
Vermelho de sangue do duro
chão.
Recordo das mulheres o penteado
Artístico eterno,
inalterável,
Aqueles cheiros p’lo ar
perfumado
De terra molhada,
inolvidavel.
Ah…como era tão doce a
melodia
Do pregão das quitandeiras
p’la rua,
Quitandas à cabeça, em
correria
Calcorreando a cidade, vida
crua.
Havia alegria, vivia-se cada
dia,
Uns com mais, outros com
muito menos
Tais diferenças em
assimetria
Das sociedades em que
vivemos.
Mas dentro de mim, só quero
guardar
O que de bom Angola
m’ofereceu,
O azul eterno do seu lindo
mar
E as cores, os cheiros que
Deus lhe deu.
José Carlos Moutinho
4/2/15