sexta-feira, 13 de março de 2015

Louco, mas humano





Há tardes que se enroscam nos meus pensamentos,

constroem ilusões que se vão colando na minha alma

e que, com o chegar das noites se transformam intentos

de voar sem rumo, nas asas do vento, minha calma.



São devaneios perdidos nas vontades acomodadas

que a minha mente recusa a aceitar, sem resistência,

mas os medos das mágoas das horas escancaradas

são presentes e trazem lembranças de advertência.



O perfume salgado da maresia tempera-me o desejo

de abraçar a alva espuma, trazida por ondas viajadas,

de me deixar levar pelo fascinio dourado do lampejo

e aquietar a minha agitação na visão de musas aladas.



Bem sei que são quimeras, quiçá, um pouco alteradas,

mas no meu divagar sou eu só, solitário e soberano,

posso fazer das utopias, realidades por mim refractadas

por que sou um sonhador, talvez louco, mas humano.



José Carlos Moutinho

quarta-feira, 11 de março de 2015

Metamorfose de mim



Ah...pudesse eu acariciar-te o corpo
e sentir a delicada textura do tecido
que te envolve,
absover com as pontas dos meus dedos
o fulgor do teu sentir,
cantar ao ritmo do teu coração
e extasiar-me com as melodias da tua alma!

Ah...quisera eu pensar realidade
este meu sonho
que se perde nos caminhos da ilusão
e escutar o som doce da tua voz…
seria o despertar celestial
que me levaria pelos céus da felicidade!

Ah…gostaria eu saber-me
em teus pensamentos…
e eu seria bem diferente,
talvez metamorfose de mim,
o mundo seria mais colorido,
as alvoradas mais iluminadas,
os crepúsculos teriam outra beleza
e a vida…
a minha vida…
seria outra vida.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 10 de março de 2015

Diz-me tu, poeta





Deixa-me tu poeta, que tão bem escreves,
que te pergunte e a mal tu não me leves
a razão de andar por atalhos, a poesia…
Tu que te escondes na tua simplicidade
e do sentimento tens a cor da humildade,
diz-me por que há tanta escrita sem valia.

Não é por rimar que se faz um poema,
até na rima há que entender o esquema,
assim se classifica de pobre ou rica, a rima,
versos com ar de eruditos que por aí vejo,
levam-me a pensar se serão por gracejo,
ai…como é dificil  respirar neste árido clima.

Tu, poeta, que tens em ti o florir das palavras,
inventas quimeras e utopias nas tuas lavras,
és música nos versos que de ti são melodia…
Diz-me o que se passa, estarei eu enganado
ou enganado está, quem escreve tão errado,
por que assim não entendo mais de poesia.

Se a sinceridade fosse da poesia, companheira,
poetas inventados, teriam de mudar de carreira,
a poesia é sentimento da alma ou da realidade,
é história em poucas palavras, mas com sentido
não é um jogar de estrofes em contexto perdido…
A poesia deve ser respeitada, pois é a verdade.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 9 de março de 2015

Caminhante pela vida





Faço-me caminhante talvez sem regresso,

Sigo meu destino atravessando madrugadas,

Ainda que seja um viajar sem sucesso

Jamais desistirei das minhas caminhadas.



Se o sol me castigar infligindo-me dor

E o remanso de um rio não me for paz,

Seguirei com esperança de que algum alvor

Me traga serenidade que tanta falta me faz.



A caminhada é meu modo simples de viver,

Dignidade a minha longa e eterna estrada,

Meus passos são horas do meu entardecer,

Minhas ilusões nascem da noite enluarada.



Enquanto as estrelas me velam cintilantes

Descansarei o corpo cansado no chão da brisa,

Farei da mente, couraça contra agruras viajantes,

Por que a batalha de cada dia, dela tanto precisa.



Se tiver que desta caminhada um dia regressar

Que seja pelos caminhos coloridos e perfumados

Por flores de felicidade e por belas aves a voar…

Serão sonhos quiçá, se os destinos forem marcados.



José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de março de 2015

Aceita estas rosas




Meu amor, aceita estas belas rosas
que te ofereço com ardor no coração,
são vermelhas, cor do sangue da paixão,
Pega-as das minhas mãos ansiosas…
Ansiosas por te abraçar com o perfume
que nelas ficou, das rosas vermelhas,
ai amor, meu corpo ferve como lume
que o nosso abraço fará transbordar
e se o beijo se prolongar longamente,
creio meu amor que a lava irá derramar
do vulcão que em nós, se fará omnipresente…

Talvez seja melhor, meu amor, acalmar
tanto fogo pode incendiar nossa vontade,
vamos serenamente caminhar à beira mar
certamente nos fará bem aquela frialdade…
Evitemos todavia, na areia da praia, rolar
poderá ser um convite à loucura da emoção,
se tivermos força e coragem para aguentar
teremos a certeza de que perdemos a razão…

Assim amor, para que não pensem mal
e nos julguem anormais vamos lá a amar,
deixemos explodir nosso vulcão corporal
e que a lava corra escaldante, sem parar.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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