sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ou...talvez não!




Corre-lhe um rio de sonhos
Pelas suas veias cansadas,
Sopra-lhe uma brisa matizada
de folhas quiméricas
que lhe percorre o corpo
numa carícia de sorrisos…

Fervilha-lhe pujante a vontade
De deslizar suas palavras
sobre o papel que o aguarda
sereno em silêncio  solidário…

E as palavras afluem-lhe,
Em doce versejar
Beijadas pela fonte da sua inspiração…
E vão surgindo estrofes
Em singelos riachos de rimas,
Que escorrem em deleite
Por sulcos perfumados de metáforas…

E realizou-se o sonho do rio,
Que lhe corria pelas cansadas veias…

Fez-se escrita, fez-se prosa
Nasceu o poema!

Ou… talvez não,
E ele ainda continue a sonhar…

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tempo estranho




 Quanto mais tempo
vou gastando do meu tempo
menos tempo me vai restando
para entender este tempo, em que vivo...

Olho em minha volta e o que vejo
é um tempo desgastado, desinteressante,
pois tudo o que antes
era um tempo de alegria e sinceridade,
agora não passa de um tempo
de conflitualidades e ambiguidades!

Confesso-me cansado deste tempo
que me consumiu a crença
de que eventualmente outro tempo
seja melhor do que este,
no pouco tempo que certamente me resta!

José Carlos Moutinho
13/8/15

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Espiga do meu trigal





Oh mulher, linda espiga

Do meu trigal dourado,

És pra mim uma cantiga

Que me deixa animado

No teu olhar que me instiga.



O teu corpo trigueiro

Onde eu me navego,

Faz de mim marinheiro

Do amor que eu carrego

Por esse mundo inteiro.



Os teus negros olhos

São a luz da minha vida,

Tens nos cabelos, folhos

De beleza florida

Neste mundo de escolhos.



José Carlos Moutinho

domingo, 9 de agosto de 2015

Um dia serei poeta





A minha alma segreda-me melodias
Que se fazem palavras
Matizadas de poesia
Que se vão aconchegando
Na alvura do papel
Sobre o qual me debruço,
Imaginando-me poeta,
Vagabundo de pensamentos
Esvoaçados nas asas da inspiração!


Sorrio-me para as palavras
Que me sorriem do leito daquele papel,
Como se sentissem felizes
Pela minha criação poética!


Pobre de mim, que me imagino poeta
Só porque as palavras me convencem
De que com estas simples estrofes, o seja…
Todavia, deixo-me levar pela ilusão!


Com a coragem que me é oferecida
Pela leitura saciada pelos meus olhos,
Vou inventado utopias
Que se abraçam a quimeras,
E vou navegando pelas marés calmas
Das ondas do meu querer
Que se espraiam docemente
Nas areias da minha vontade
De um dia ser poeta.


José Carlos Moutinho

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sentir futuro



Afago com meus dedos o tempo incolor
que desliza, invisível, pelas minhas horas
e sinto as rugas que o vento esculpiu
nas minhas mãos ávidas
por sentir futuro
que se oculta nas brumas
da minha imaginação.

José Carlos Moutinho​

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Recordo-te, amigo...




Que caminhos trilhas tu, amigo
que ventos te sopram sem parar,
por que te apoquenta o sol,
qual a razão pró luar já não te acalmar
e te deixar assim tão perdido?

Amigo, escuta-me e fala comigo…
Ou será que já não és meu amigo
e caíste na fossa da maledicência?

Lembras-te daqueles tempos
em que nos fins de tarde,
nos juntávamos com outros amigos
e conversávamos descontraídos
numa fantástica harmonia…
Falávamos de tudo e de nada,
não interessava o assunto,
o que contava era o convívio,
onde, da amizade
brotavam palavras de respeito,
mesmo que os assuntos fossem divergentes!

Recordas-te, quando eu não concordava contigo
e tantas vezes isso acontecia,
e discutíamos…
Discutíamos acaloradamente
quase nos zangávamos!
Mas no final…
No final, cada um caminhava para o seu destino,
após algumas discórdias mais exaltadas
ou conversas amenas,
onde imperavam os sorrisos parceiros
ou de boas gargalhadas pelas palhaçadas
dos muitos e brejeiros disparates que dizíamos…
Será amigo, que ainda te lembras,
que sempre nos despedíamos com um abraço?

E agora amigo, o que se passa?
Já não te vejo sorrir, muito menos gargalhar,
quando por mim passas, finges não me ver…
Perguntei-te se eu dissera algo que te fizesse zangar,
respondeste com ar culposo, que não…
que estava tudo bem…
Mas eu sei que não está!
E sabes, amigo…
(se calhar não te posso mais chamar assim)
eu desconfio de que te nasceu no coração,
erva daninha da intriga,
daquelas ocultas e cobardes da traição,
vindas de outros supostos amigos
que se juntavam a nós, (como joio entre o trigo)
na mesma alegria e partilha
naqueles nossos encontros antigos!

Ouve-me com atenção, amigo...
…Ah…desculpa, agora creio, já não seres amigo,
Chamar-te-ei de ex-amigo,
Não!
Vou chamar-te com alguma tristeza, admito:
Um Fraco!
Sim…és um fraco, de carácter volátil
Por que não me quiseste ouvir
e preferiste escutar as vozes da hipocrisia!

Tenho pena de ti, lastimo, ex-amigo,
que tenhas sido levado na corrente da tua fraqueza
e te tenhas afundado nas águas falsas dos sorrisos
e ignorasses nossos abraços, que pareciam ter a certeza
de que a nossa amizade podia ter a força da eternidade
pelo prazer dos “fins de tarde”, se optasses pela verdade.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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