segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Amasso este papel





Amassei aquele papel branco
onde escrevi versos de amor,
abri meu coração ao pranto
deixei fugir toda a minha dor.

Não creio no teu arrependimento,
nem adianta tu chorares saudade,
há em ti um profundo fingimento,
teu sentir tem a frieza da maldade.

Na mão tenho a minha vida chorada
dentro do papel branco amarrotado,
dizias sempre que estavas apaixonada
oh… tristeza, como eu fui enganado.

É imensa e profunda a minha indignação
perante a falsidade deste mundo louco,
deixei a paixão nascer no meu coração
e o que recebi de ti, foi afinal, tão pouco.

Abri a mão para soltar o papel enrugado
e rever tudo o que eu te tinha escrito,
pensei calmamente, é um caso arrumado,
podes chorar, que em ti não mais acredito.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sou um rio





Sou um rio de cristalinas águas
e de verdes esperanças,
deixo-me deslizar pelo meu leito
em caudal de harmonia, sem vaidade,
abraçando-me às margens da vida,
fertilizando amizades na minha passagem,
irrigando flores com toques de afago...

Minhas águas têm a pureza da sinceridade,
perfume da brisa vinda da montanha
que me leva sem pressas para o mar,
horizonte da minha eternidade…

Vou flutuando serenamente
sobre ninhos de algas e nenúfares,
absorvendo os raios do sol
espelhados em mim,
com a sofreguidão da saudade…

Tenho um percurso de tempo aprazado
que se diluirá nas ondas etéreas
do mar que me espera.

José Carlos Moutinho

sábado, 9 de janeiro de 2016

Faltaram-me as palavras





Faltam-me as palavras, amor…
Gastei-as naquela carta que me devolveste,
gostaria de ter guardado algumas,
para que agora eu pudesse dizer-te
tudo o que me vai na alma...
Mas as palavras emudeceram na minha voz
e ancoraram na solidão das minhas mãos!

Talvez algum dia, amor,
eu tenha a felicidade de encontrar
as palavras que eu queria dizer-te,
e não consigo neste momento de nostalgia...

E, se porventura eu as encontrar, amor,
dir-te-ei que embora as palavras
tenham recusado o apelo do meu sentir,
ficou em mim, a mágoa de um coração triste
e a alma cansada pela desilusão
de não ter escrito as palavras que eu queria…
Para te dizer, amor...
Com muita pena minha,
que perdeste a tua grande oportunidade
de caminhares pela estrada da felicidade.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Em ti só há vaidade


Certo dia tu disseste
que sem mim não vivias,
quando te quis não vieste,
vejo agora que mentias.

Em ti não acredito mais,
podes ajoelhar e chorar
de nada valem teus ais,
jamais te vou perdoar.

Que a doce brisa do amor
me traga novas carícias,
p’ra que eu esqueça a dor
das tuas palavras fictícias.

Sei que outro amor virá
que me ame de verdade,
igual ao teu não será,
em ti só há vaidade.

José Carlos Moutinho

domingo, 3 de janeiro de 2016

Ilusões e senãos





Gostaria de fazer das minhas palavras
armas silenciosas, coloridas por bela flor,
que os perfumes fossem balas caladas
e penetrassem corações com muito amor.

E se as palavras que invento, solitário,
não tiverem a força que eu pretendo,
pedirei ao vento que torne este cenário
um campo de harmonia, como o entendo.

Sei que são quimeras os meus anseios,
mas a vida é feita de ilusões e senãos,
é o meu jeito viver utopias e devaneios,
ter com amizade o controle nas mãos.

Se alguém houver que discorde de mim,
é direito que lhe assiste com prioridade,
quero somente viver alegre e feliz assim
esquecendo que no mundo há maldade.

José Carlos Moutinho

sábado, 2 de janeiro de 2016

Ventos ausentes




Eram tardes fechadas aos ventos
onde somente entravam suaves, as brisas
que se escondiam entre os trigais
quando o tempo se esmorecia nas horas…
Os abraços suspirados respiravam paixões
e os beijos selavam promessas!

Voavam bamboleantes as borboletas
vestidas das mais belas cores
cujas asas dançavam valsas
em ritmo extasiante de sentires…

Sobre o chão alcatifado por frenéticos desejos
arfavam os corpos em escaldantes tremores
de excitantes anseios...
E as tardes abriam-se aos desejos consumados
pela agitação das espigas
e pelo esvoaçar refrescante das borboletas,
que tocavam melodias,
sobrevoando os corpos suados
pelo calor daquela tarde,
de onde os ventos se ausentaram.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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