terça-feira, 26 de setembro de 2017

Tantas vezes


Tantas vezes
se me comprime o peito,
não de dor
mas de desilusão,
tento respirar profundamente
e espantar o fantasma que o oprime,
porém, quando consigo livrar-me daquela,
logo aparece outra e...outra dor
numa eterna teimosia
 


José Carlos Moutinho

Metamorfose


No silêncio das folhas que serenamente se vão matizando
pressentem-se os murmúrios do tempo
que silenciosamente os metamorfoseia
em doces melodias...
As tardes sonolentas pelo Estio
vão cedendo caminho à frescura Outonal
e num abraço afectuoso e simbiótico
confraternizam os dias,
que o nosso tempo nos oferece
para contemplação
e, talvez, deslumbramento


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Simples desabafo, sem querer melindrar




...
Saber ler poesia
e entender o seu conteúdo,
parece-me ser, para alguns, uma grande confusão!

Comentam, como se o poema
fosse a dor de quem o escreveu,
dizem, até carinhosamente, que tudo passará,
que o amanhã será melhor,
e as mágoas irão desaparecer!

Estou confuso,
sinto-me navegador de um mar
que não é o meu,
flutuo sobre ondas da incompreensão,
ou, talvez da excessiva sensibilidade
com que as águas chegam à minha praia
e se infiltram nas minhas areias!

Na minha maneira simples de analisar a poesia,
entendo que esta, é uma escrita livre, sensível,
que tem a capacidade de se desnudar de preconceitos,
e, vestir-se de dores, paixões, tristezas, felicidade e amores,
e de tudo que o poeta entenda que pode fazer parte da sua imaginação!

A poesia não é, quanto a mim, o desnudar de alma do autor, que, pode inventar, quem e o que quiser, para pintar o poema.

José Carlos Moutinho

SER FADISTA

sábado, 9 de setembro de 2017

Arrepio

...
Um arrepio que me perpassa a pele
como se nela escorregasse a brisa...
abro os olhos e sinto os teus dedos
que deslizam suavemente, tais pétalas
que me vão perfumando os sentidos
e me entregam a uma doce letargia
volto a cerrar os olhos e...
sinto-te apenas


José Carlos Moutinho​

Politiquices

Apetece-me rir, perante o que se passa, diariamente nos canais de televisão. Políticos que se atacam. Que o Governo faz uma política errada, que não aproveita o que já foi feito, que destrói em vez de construir. Depois, olho para as informações dadas por Instituições, creio, dignas de crédito a dizerem que a economia está em crescendo que o desemprego está diminuindo. Enfim, cada vez mais desconsidero o valor dos políticos, não da política, que é necessária, alinhada com a democracia. Esta gente, seja de que partido for, pensam neles, no seu apogeu, na sua glória. O povo é mera circunstância que só serve para os colocar lá no topo da vaidade e da incompetência.
Por favor políticos deste país, tenham mais dignidade e reconheçam o mérito dos que se encontram no governo. Respeitem-se e respeitem a inteligência do povo.
Sabemos o que fizeram antes e de pouco adianta agora acusarem os presentes no poder. Este meu pensamento e opinião diz respeito à oposição que todos fazem a quem governa. SÓ QUE, NÃO DEVEM ESQUECER O QUE FIZERAM QUANDO LÁ ESTIVERAM. Estou farto de pertencer a um país, que amo, e que é tão desprezado. Portugal merece mais consideração e respeito. Deveria ser governado por gente que o ame e não por gente que se quer governar.


José Carlos Moutinho

Mundo louco

...
Ah...mundo que andas tão louco
acalma essa tua fúria desvairada
traz-nos a paz, sossega um pouco,
não deixes tanta gente desanimada
nem faças do inteligente um bacoco,
permite-nos uma vida mais descansada


José Carlos Moutinho

Passagem


...
Pela efemeridade que é a nossa passagem
por este caminho terreno,
há que aproveitar os céleres momentos
que nos são oferecidos
a cada dia da nossa existência!
Se pensarmos que o ontem já vai longe
e que o amanhã, está logo aí,
o hoje terá que ser vivido com toda a verdade e emoção,
sem pruridos de preconceitos e vaidades,
porque esses "defeitos"
só têm valor e só servem aos próprios,
os outros, olham essas atitudes com displicência e risos

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Nuvem alva

...
Agarrei-me à nuvem alva
que bem pertinho de mim passava,
e coloquei no seu baú de coisas raras,
todos os meus sonhos!

Pedi à nuvem que os guardasse com carinho,
para quando um dia, mais tarde, quem sabe,
eu abrir o baú dos sonhos, que na nuvem viaja
e poder realizá-los!

Se a nuvem não voltar, terei de me conformar,
pois será a confirmação inequívoca
de que os meus sonhos eram irrealizáveis


José Carlos Moutinho

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Partira de mim

...  
Deixei-me abraçar pelas emoções da saudade
e levemente aspirei lembranças,
inventei o que não vivi,
contemplei o que gostaria de ter vivido,
olhei o tempo que me escondeu o que me agradaria ter sentido!

Ansioso, apertei com minhas mãos,
os sonhos que me queriam fugir...
e fugiram por entre os dedos, não consegui sustê-los,
voaram para longe, como voam as gaivotas inquietas
sobre o mar revolto!

O abraço antes recebido pelas emoções
ia-se tornando lasso, 
porque a saudade, cansada, 
partira novamente de mim 

José Carlos Moutinho

Eram tempos

...
Eram tempos de sorrisos francos
que nem a chuva conseguia afogá-los,
eram tempos de ilusões e sonhos por inventar,
eram abraços tímidos
e beijos envergonhados,
eram caminhos de esperança
e momentos de despreocupação,
eram tempos...
que o tempo teimosamente transformou
no tempo vagabundo da sinceridade
e onde todos vivemos inexoravelmente,
porque o tempo nos obriga a vivê-lo


sábado, 22 de julho de 2017

Chorava de saudade




Senti no meu peito o choro do kissanje,
chorava de saudade
pela saudade que em meu peito existe,
murmurei-lhe que se acalmasse
porque a saudade minha
era melodia que me encantava
nos dias de nostalgia...
e o kissanje sorriu-me,
então mais feliz, tocou-me uma rebita
perfumada de mangas e acácias...
fascinado, abracei longamente
a terra da minha saudade

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Metáfora das folhas




As folhas secas, deixam-se levar na corrente do rio,
viajando no mistério do que irão encontrar,
algumas inquietas, porém, insurgem-se
e recusam a viagem, colando-se nas margens,
e, de lá, acomodadas, pensando-se mais inteligentes, olham com arrogância, as que por elas passam!
Entretanto, as que já passaram,
chegaram ao término da viagem
ao entrarem pelas portas do mar!
Todavia, o mistério ainda não acabou,
porque as folhas que tenazmente fizeram aquela viagem,
irão navegar temporariamente, na agitação das ondas,
até serem expulsas da água salgada...
e estranhamente, ou talvez não,
voltarão à terra de onde partiram!
Ficou-lhes o mérito da luta e a satisfação da aventura.
Foram corajosas heroínas!
As outras, as tais, que ficaram lá, nas margens da comodidade, ninguém mais falou delas. Foram inúteis!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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