quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Recordações

Estes seus dias
que se vão tornando fugidios,
oferecem-lhe recordações
de outros dias já quase esquecidos,
trazendo-lhe à mente
imagens dos Verões coloridos de ilusões
que o tempo descoloriu...
Abraça serenamente estas lembranças
que lhe sorriem,
e na solidariedade do tempo,
espera a chegada de novos Verões,
certamente menos coloridos pelas ilusões,
mas repletos de esperanças,
e satisfação pela vida plena de alegrias
com que foi contemplado


José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Pensando


Há dentro de mim um grito de inconformismo pronto a soltar-se ao ouvir ou ler aberrações por gente dita intelectual, mas que na verdade são absolutos ignorantes!
Então, quando isso acontece, ferve no meu peito uma revolta,
que, embora pacifista na maneira de actuar, não consegue calar as palavras...
Palavras, que, eventualmente poderão ser educativas, se essas tais pessoas, que usando o absurdo, disseram barbaridades e não aceitaram democraticamente a discussão
para se encontrar o ponto de consenso ou, pelo menos de racionalidade.
Sinceramente estes casos não me afectam emocionalmente, porque me sinto superior a isso, e a imbecilidade esbarra na minha indiferença , mas irrita-me pela incoerência e falta de inteligência democrática, que tanto apregoam.


José Carlos Moutinho

Só o poeta



Quando a poesia se veste de sorrisos,
e o poema se faz com asas de palavras,
conseguem levar ao mundo
fantasias coloridas e alegres,
pintando pelos céus da imaginação
histórias de vida...
que poderão até, ser de tristeza e desilusão, umas,
de paixão, alegria e amor, outras,
porque a poesia permite ao poeta
usá-la a seu bel-prazer,
mesmo que choque quem a lê,
e até nem concorde e a ache imperfeita,
tudo isso fica a critério do leitor,
porque o seu autor escreveu-a,
sorrindo, ou sentindo tristeza na alma,
só ele, poeta, pode fazê-lo
porque foi ele que lhe deu o sorriso e as asas
ao poema e consequentemente à poesia

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Ah...poeta


Ah...poeta das palavras, vagabundo,
que deixas o teu coração vadio
vaguear por este infinito mundo...
sentes-te, porém, tão só, triste e vazio,
embora tenhas na alma um sentir profundo
ancoras-te nas margens caladas do teu rio

José Carlos Moutinho

Que esperas?

Que esperas de mim
se não me franqueias as portas da tua vida?

Podes até abrir as janelas,
mas eu não voo,
não tenho asas nem garras de gavião!

Se me sorrires,
ainda que mantenhas as portas fechadas,
eu sorrirei para ti
e abrirei as janelas do meu coração,
porque essas, estão sempre abertas
ninguém precisa de asas!

Basta um sorriso espontâneo,
fundamentalmente sincero,
e entrarás na minha vida
pela porta principal,
que sempre esteve e estará aberta
aos caminhantes da verdade!

Se não trouxeres, porém, a alma imbuída de sinceridade,
peço que te afastes da minha porta,
pois ela não está habituada a sombras negras,
sempre esteve iluminada pelo sol da vida

José Carlos Moutinho

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Eu vou contigo

Eu vou contigo




Meu velho amigo, das terras sem fim
se um dia lá voltares,
eu vou contigo…

Quero voltar a escutar
o som melancólico do batuque,
deixar o meu olhar perder-se na lonjura
do tempo que me sorriu,
e sentir o perfume da terra tropical!

Quando fores, amigo
eu vou contigo…

Quero voltar a mergulhar e pescar
nas águas profundas da ponta da Ilha,
quero retornar ao Mussulo
e aspirar maresia com aroma de coco,
quero, amigo,
despertar com o sol matizado do alvorecer
e adormecer quando o entardecer se despedir
abraçado ao esplendor do pôr-do-sol!

Não te esqueças, amigo, se fores
eu vou contigo…

Quero voltar a pisar o chão
dos caminhos que me acolheram na juventude,
quero sentir todos os perfumes
daquela terra de feitiços,
quero pensar as histórias da minha vida
à sombra daquela velha mulembeira,
e sorrir às múcuas
suspensas dos braços despidos dos imbondeiros,
quero voltar a saborear
maboque, loengo, pitanga, mamão, manga
e tantos outros de indescritível prazer!

Então, amigo, até à nossa partida,
sabes que eu irei contigo…

Se não fores, meu velho amigo,
irei eu, 
levarei como bagagem
a alma cheia de saudade
e o coração a palpitar de ansiedade

José Carlos Moutinho


Tantas vezes


Tantas vezes
se me comprime o peito,
não de dor
mas de desilusão,
tento respirar profundamente
e espantar o fantasma que o oprime,
porém, quando consigo livrar-me daquela,
logo aparece outra e...outra dor
numa eterna teimosia
 


José Carlos Moutinho

Metamorfose


No silêncio das folhas que serenamente se vão matizando
pressentem-se os murmúrios do tempo
que silenciosamente os metamorfoseia
em doces melodias...
As tardes sonolentas pelo Estio
vão cedendo caminho à frescura Outonal
e num abraço afectuoso e simbiótico
confraternizam os dias,
que o nosso tempo nos oferece
para contemplação
e, talvez, deslumbramento


José Carlos Moutinho

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Simples desabafo, sem querer melindrar




...
Saber ler poesia
e entender o seu conteúdo,
parece-me ser, para alguns, uma grande confusão!

Comentam, como se o poema
fosse a dor de quem o escreveu,
dizem, até carinhosamente, que tudo passará,
que o amanhã será melhor,
e as mágoas irão desaparecer!

Estou confuso,
sinto-me navegador de um mar
que não é o meu,
flutuo sobre ondas da incompreensão,
ou, talvez da excessiva sensibilidade
com que as águas chegam à minha praia
e se infiltram nas minhas areias!

Na minha maneira simples de analisar a poesia,
entendo que esta, é uma escrita livre, sensível,
que tem a capacidade de se desnudar de preconceitos,
e, vestir-se de dores, paixões, tristezas, felicidade e amores,
e de tudo que o poeta entenda que pode fazer parte da sua imaginação!

A poesia não é, quanto a mim, o desnudar de alma do autor, que, pode inventar, quem e o que quiser, para pintar o poema.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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