olho a rua vazia de emoções
através da vidraça embaciada
de onde posso ver o mundo,
pequeno mundo que me cerca…
senti o frio da tarde cinzenta e lacrimosa
deixando-me desconfortável e pensativo!
deixo o meu olhar vaguear
pelos verdes campos, onde árvores se agitam
ondulando elegantes ao vento…
Serenamente fecho os olhos,
imagino uma fascinante dança da natureza
e com os ramos faço passes de magia,
numa coreografia inventada no momento
em que o tango é o estilo que me apraz…
Outros ramos se juntam no salão
num rodopiar silencioso para o comum mortal,
tem toda uma sonoridade fantástica
e os passes de dança seguem-se num frenesim
E quando o meu olhar volta a vaguear pelo ocaso,
somente vejo a chuva cair,
que me faz retornar à realidade
e do meu sonho, despertar…
Levanto-me da quimera do tempo,
cuja vidraça está, ainda mais, embaciada.