quarta-feira, 26 de novembro de 2025

#ALIENADO TEXTO

 

ALIENADO TEXTO
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Fugiram-me as novas palavras
que eu queria plantar no papel;
rebusquei livros e dicionários
e até almanaques
na tentativa de as encontrar
mas, oh, Deus, que tarefa inútil
pois nada eu encontrei,
em desespero

Olhei para o lado
escutei o silêncio que nada me dizia
virei o teclado ao contrário
e tudo piorou
porque as teclas do dito
caíram como folhas de Outono
tornando, então, tudo mais complicado
porque sem caneta, nem teclado
e com a minha incapacidade de as apanhar
quando sobre mim passava a brisa,
trazendo-as nas suas mãos...

Desisti de as procurar
limitei-me a usar estas velhas palavras
que eu tinha guardado
no baú das emergências
para fazer este alienado texto

26/11/2025

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

#ESTA COISA DE SONHOS

 

ESTA COISA DE SONHOS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Nada sei dos sonhos
nem do seu significado,
não conheço a razão de existirem
nem sequer sei porque sonhamos

Também, devo acrescentar

a este meu divagar pela razão,
da existência dos sonhos,
que, pouco ou nada, me interessa
o que se diz sobre eles…
 
Porque, em boa verdade,
eu, sou sonhador acordado,
também, sonho adormecido
estou sempre ligado a eles (sonhos)
 
Então, perante esta situação
embora não me preocupem os sonhos,
acontece, porém, que não me alheio deles,
ou melhor, eles não se afastam de mim,
porque juntos, estamos e vamos
para qualquer lugar que eles determinem
 
Assim sendo,
levo-me a acreditar que os benditos
são mais importantes
do que a importância que lhes queiramos atribuir
 
Por isso, sem mais dúvidas,
continuemos a sonhar
de preferência, belos sonhos, dormindo…
 
…e acordados que eles se façam realidade
e deixem de ser simplesmente utópicos. 

23/11/2025




quinta-feira, 20 de novembro de 2025

#O GATO À JANELA

 O GATO À JANELA
José Carlos Moutinho
Portugal

Tens um olhar bem sereno
Mas és um felino endiabrado
Não és grande nem pequeno
És sim um bichano calado

Tens graça e até subtileza
Quando a isso estás disposto
Podes ser de tremenda rudeza
Se não procedem a teu gosto

Os teus olhos são especiais
De cores diversas e fascinantes
Pertences ao grupo de animais
De inquietações constantes

Agora que estás aí à janela
Por entre grelhas da persiana
A desfrutar de uma vida bela
Porque para ti viver é bacana

Continua, pois assim como és
Gosto mais de cães eu confesso
Perto de mim olho-te de revés
desconfiado do teu ar travesso

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

#QUE BOM SERIA

 

QUE BOM SERIA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Ai, se o tempo se acalmasse
corresse devagarinho
e até se calasse,
que bom seria…
 
Se houvesse tempo
para se aprender a viver
na acalmia da brisa
e nos permitisse sorrir
ao sol que nos benfazeja…
 
Ai, como seria maravilhoso
sentir o perfume da vida
abraçar a imaginação
com a inocência de uma criança
 
Mas o tempo
embora não tenha culpa
mas não nos dá tempo
para pensarmos realidades improváveis
nem realizar sonhos
nunca sonhados…
 
Assim, neste meu pensamento
quase delirante e irreal
vou por aí, solto como o vento
numa viagem inventada
pelo capricho da minha mente
 

17/11/2025

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

#NÃO SUPORTO TANTA MENTIRA

 

NÃO SUPORTO TANTA MENTIRA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Não!
Por favor!
Não quero ouvir mais grunhidos de abutres
nem sopros de mentiras,
não suporto ver passar ventanias de preconceitos,
sequer aceito que me gritem razões
que a verdadeira razão desconhece
por estar imbuída de falsidade!
 
Por favor, não inventem estórias
que não cabem na verdadeira História,
não proclamem caminhos ditos sociais
quando os atalhos atrofiam e bloqueiam
a verdade!
 
Ai, a verdade…que se esconde,
tantas vezes, por detrás dos poderes
engalanados e imerecidos
sorridentes e arrogantes,
que prosperam através de habilidades
e esganam o povo com fome
e sem condições de sobrevivência!
 
Não!
Por favor!
Não me digam mais nada
não suporto esse som hipócrita,
malicioso e mentiroso!
 
Estou, francamente, desanimado
e até, desiludido,
pelo que vou vendo e ouvindo
neste mundo de loucos e oportunistas,
que esquecem gentes que mal vivem,
aliás, que mal sobrevivem,
para que eles tenham todas as mordomias,
sem as merecerem.
 
14/11/2025
                                                        
 

 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

#VERSOS PERDIDOS

 

VERSOS PERDIDOS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Se por acaso alguém diz
no meu tempo é que era
não se lhe perde o verniz
na verdade que lhe impera

Olhamos para trás saudosos
e recordamos coisas boas
hoje só se ouvem vaidosos
a criticarem outras pessoas

Bem sei, éramos mais novos
diferentes eram as vivências
se somos os mesmos povos
razão das más consciências?
 
São loucos os tempos, agora
todos são sabedores de tudo
porque a sabedoria d’outrora
nem precisava de ter canudo
 
Mudam-se os tempos, obvio
e mudam-se as mentalidades
cresceu o vício e o opróbrio
são, hoje, estas as realidades
 
São tantos políticos doutores
que até aflige o pensamento
na política cometem horrores
valha-nos, Santo Sacramento
 

13/11/2025

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

#ASSIMETRIAS

ASSIMETRIAS
José Carlos Moutinho
Portugal

E porque não sei dos ventos

abraço as brisas que passam
suspirando quietude e nostalgia

E neste estado de emoção
lembro o tempo que passou
e sorrio ao tempo que virá

É carrossel de imenso movimento
esta vida que nos tem no colo
do futuro e da esperança

Tudo passa,
tal como a brisa que acalenta
mas, também, o vento das ilusões
e das inquietudes

Ficam, porém, na memória
as histórias de paixão e amor,
porque essas,
nem brisa nem vento as desinquieta
da acalmia em que se aconchegaram
no ninho da nossa saudade

Penso na vida, sossego o pensamento
ao ritmo do meu coração
que clama alegria e felicidade
ainda que desencadeadas tempestades
se abatam sobre o meu amigo pensamento

O meu olhar vagueia
pelo horizonte dos prazeres
talvez em busca de algo novo
que o deixe encantado


Só vislumbra, porém, agitação na rua
e o arrastar dos infelizes sem abrigo
esqueléticos de estômago vazio

Ai, vida triste de alguns,
neste mundo de injustiças,
quando tanto se esbanja
e se gasta em guerras e vaidades

Com este quadro de miséria
que o meu olhar captou
ofuscou, lamentavelmente,
o meu feliz pensamento de há pouco

Contrastes da vida, dolorosos
que nos são oferecidos a todo o instante

10/11/2025

terça-feira, 11 de novembro de 2025

#AI, ANGOLA!

𝗔𝗡𝗚𝗢𝗟𝗔 𝗤𝗨𝗘 𝗙𝗜𝗖𝗢𝗨 𝗣𝗟𝗔𝗦𝗠𝗔𝗗𝗔 𝗡𝗢 𝗠𝗘𝗨 𝗖𝗢𝗥𝗔ÇÃ𝗢

AI…ANGOLA! 

11 Novembro, Angola independente
é um direito de todos ter liberdade
mas será que o povo está contente
serão felizes com a nova realidade?
 
O poder deturpa a verdade e a razão
promessas são feitas com falsidade
em momentos de empolgada emoção
perdem-se fugidios ante a verdade
 
Após tanta luta pela independência
quando tudo poderia ser acalmia
outra guerra fratricida, e violência
anulou a aquela paz que se previa
 
Sobrepôs-se arrogância à democracia
27 anos de mortes inglórias de irmãos
de um só povo, apesar de tanta etnia
perdeu-se tanto em total destruição
 
Eu que de Angola até nem sou nativo
sou-o por muito amor àquela terra
assim, deixo aqui meu desejo cativo
cresça o país em paz, sem guerra
 
Angola e Portugal, países fraternos
que a política não impeça amizade
os territórios, são sempre eternos
os povos devem viver em seriedade
 
Parabéns, Angola no teu aniversário
segue a estrada do desenvolvimento
que ao povo jamais se lese o erário
é o meu anseio feito de sentimento

 
    Alguém de alta responsabilidade, disse que, em 50 anos de independência fez-se mais que em 500 anos de colonialismo.
Ora isto não passa de uma ironia emoldurada por uma utopia em desatino.
Se, por acaso, nestes 50 anos, desde 11 de Novembro de 1975, tivessem conseguido repor o que os portugueses, construíram e deixaram em pouco mais de 20 anos, até 1974, Angola estaria realmente num caminho de progresso, onde todos poderiam viver condignamente.
Construir prédios altíssimos é pura demagogia urbanística, pois, só servem os interesses de poucos. Verdade que na construção emprega-se muita gente, mas são empregos precários e de pouca durabilidade, nada disso é sustentável.
É uma economia forte o sustentáculo de qualquer nação. Basear-se somente no petróleo, não é garantia de nada.
Angola em 1974, era um dos países, que estavam no topo da economia africana, com uma indústria diversificada por vários sectores. Vamos mencionar somente alguns:
Açúcar: Angola era o segundo maior produtor mundial de açúcar, com várias fábricas, como as de Tentativa, Catumbela e Dombe Grande.
Café: A agricultura era um pilar, sendo o café a principal cultura, com Angola a ser o terceiro maior produtor mundial.
Pesca e conservasA indústria pesqueira era forte, especialmente na Baía Farta e Moçâmedes, com actividades de pesca industrial e produção de conservas de sardinha e atum, como as da EPAL.
Alimentos e bebidas: Existiam indústrias de óleo alimentar (Algodoeira Agrícola de Angola) e uma série de fábricas de bebidas, como a Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito (SBEL). Fábricas de Salsicharia
Outras indústrias: Havia também uma fábrica de pneus da Mabor e uma linha de montagem da Hitachi. 
3 Fábricas de Cerveja. E tantas mais indústrias…
A economia angolana baseava-se fortemente nas exportações agrícolas, como o algodão, café e sisal, e na exploração mineral, especialmente diamantes e petróleo. 
 
Realmente fez-se mais em 50 anos…
Haja verdade no que se diz.
 
José Carlos Moutinho
11/11/2025

domingo, 9 de novembro de 2025

#BRAÇOS DA PERFÍDIA

 

BRAÇOS DA PERFÍDIA
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Gostaria de exterminar todas as ervas daninhas
que corroem os trigais da vida
permitindo que o sol penetre corações
libertando os caminhos da razão
das garras danosas
 
Mas, as minhas forças estão exangues
fustigadas pela maldade do mundo
 
Quisera eu, simples ser, da vontade
de sonhar harmonia
obter a tenacidade de enfrentar
cada sopro de malignidade humana
que o vento traz em invisível espada
e faria de mim, alguém que contribuiu
para um mundo melhor
 
Mas eu sou um simples átomo perdido
nesta louca conjuntura terrena
sem capacidade para neutralizar
os protões do mal
e organizar um núcleo de perfeição,
porque os neutrões são pérfidos e consistentes
 
Resta-me a singeleza do sonho
que me alimenta nesta caminhada de esperança
e lutar, sempre, para que as brisas do bem
se oponham às ventanias desavindas
escondidas nos braços da perfídia.
 

9/11/2025

domingo, 2 de novembro de 2025

#AQUELA PORTA.

AQUELA PORTA.
José Carlos Moutinho
Portugal

 
Aquela porta esteve tanto tempo fechada
que ao abri-la, ouvi-a chorar as suas dores
com um profundo lamento de alma cansada,
ausência da luz solar e do perfume das flores
que se perderam no tempo de vida passada
 
Ao entrar na sala escurecida pela solidão
escutei o silêncio vazio que amedrontava,
seria pela ansiedade ou talvez pela emoção
que me levava a descobrir o que desejava
encontrar na casa fechada pela escuridão
 
Escancarei as carcomidas janelas de madeira
pintadas de vermelho matizado pelo tempo,
agora com luz pela casa, era melhor maneira
de procurar o que tinha no meu pensamento,
vasculhei tudo, sereno, parecia brincadeira
 
Móveis antigos, papeis velhos, amarelecidos
espalhados pelo chão frio esquecido das horas,
havia louças pintadas por desconhecidos,
tapetes, alcatifas bordadas com cores amoras,
castigados pela idade que os deixara polidos
 
Pensava encontrar algo misterioso de assustar
entrando na casa de porta há muito fechada,
porém, com certa pena, nada pude encontrar,
percorri a sala, quartos, cozinha, toda fachada,
sai dali, deveras frustrado, jurei não mais voltar

sábado, 1 de novembro de 2025

#REMANSOS DO TEMPO

 

REMANSOS DO TEMPO
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Nas tardes esmorecidas pelo ocaso
quando as emoções se aquietam
nos remansos do tempo
há um sentir de liberdade
que voa, sorrindo, de dentro do peito
 
O olhar perde-se no imaginativo voo
tentando acompanhar o sentimento
numa pura e sonhadora ilusão
 
Os pensamentos convergem
para uma reunião de bem-estar emocional
que amolece o corpo
e relaxa a mente
 
É nestes instantes de reflexão
ou, quiçá, de letargia,
que se permite sobrevoar
os desequilíbrios da humanidade
que em redor se tumultuam
numa feroz luta pela sobrevivência
…ou supremacia
 
Então, que delicia é,
ter a faculdade de controlar o pensamento
e viajar na serenidade criativa
do sonho despertado pela felicidade
 

31/10/2025

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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