As alvas nuvens vadiavam
altaneiras
Indiferentes ao matiz
empalidecido da tarde
que se ia aconchegando no
quase breu
trazido nos braços da noite…
Da janela escancarada aos
sonhos,
ela, nostálgica e fascinada,
contemplava a mutação
temporal,
enquanto seus pensamentos
tal como as nuvens,
erravam por longínquas
paragens
sem rumo…
num navegar sem vela,
deixando-se levar à deriva…
por vezes veloz, por vontade
dos ventos
outras, pela acalmia das
brisas…
Talvez inconsciente, ela
buscasse
um porto de abrigo
onde deixasse de sentir as
amarras
a que a solidão a tinha
confinado…
A noite finalmente envolveu
a urbe
numa escuridão quase
tenebrosa,
assim se sentia sua alma
acorrentada a uma tristeza
que, talvez, só a alvorada libertasse.
José Carlos Moutinho
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