domingo, 23 de junho de 2013

Versos soltos ao vento



Sente-se na pele o ardor da frustração
Trazido por ventos secos, de inveja
que um sorriso repudia com perdão
pela sabedoria que a vida caleja

Evado-me dos meus anseios frustrados
Solto-me no vento das minhas ilusões
Imagino-me viajante de sonhos dourados
pelo oásis do deserto das minhas emoções

Cantam-me as estrelas em murmúrio
melodias de enlevo, sopradas pela brisa
aconchegadas em pétalas de doce augúrio
vestidas com a doçura da mais bela poesia

E vagabundo mas feliz em meu querer
Elevo-me aos céus nos meus pensamentos
Quero encontrar o aconchego no meu viver
Deliciar-me na paixão dos fortes sentimentos

 José Carlos Moutinho

sábado, 22 de junho de 2013

Olhos cansados




Não sei qual a razão
porque os meus olhos recusam olhar-te,
talvez estejam cansados
ou simplesmente esmorecidos
pelos dias amorfos
deste viver saturado, sem afecto!

Olham-te e não te conhecem
sentem-se tristes pela tua fria indiferença,
deixaram de sorrir
estão mortiços, sem luz
apagou-se neles a chama de outrora!

Quiçá, alguém tenha o calor
que os faça revigorar pelo amor
e a luz, agora cansada, renasça do escuro,
pela alegria de um sorridente futuro!

Nesta antevisão imaginada,
emocionam-se os meus olhos,
velhos, pelos anos de tempestades,
ansiosos pelo advir de primaveras encantadas!

Sorriem os meus olhos, felizes,
na visão quimérica da luz da felicidade,
que desliza docemente sem cicatrizes
pelos etéreos céus azuis da eternidade.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Alquimia



Alquimia, palavra antiga de significado confuso,
Serei para ti, como uma alegoria,
Com todo o carinho, sem ser obtuso.
   
Quero transformar o meu amor.
Em brisa que te penetre o coração.
Com a minha alquimia, sem temor
Acredito que desencadearei a tua paixão.

Serei alquimista real, mesmo sem norte.
Mas a mudança que eu te proponho
É de te amar na terra até à morte,
Farei com que a alquimia funcione,
Acredito que talvez seja um sonho,
Mas inventarei algo que te impressione!

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Quimera de um sonho



Acordei melancólico. Para libertar o meu espirito cansado
caminhei por caminhos de solidão, marginados por belas e coloridas flores , que não me sorriam.
Os pássaros que chilreavam, calavam-se à minha passagem.
A brisa que inicialmente me acariciava o rosto, tornou-se seca e árida, numa agressiva pose de hostilidade.
A alvorada que despontava cintilante nos seus raios de encanto, subitamente escurecera.
Tudo conspirava contra mim. A natureza era inimiga do meu passear.
Assustei-me, estuguei o passo, queria sair daquele local o mais rapidamente possível.
A vegetação parecia rir-se da minha figura, ao ver-me em passo de corrida.
Vociferei algo impercetível, preocupado com o que me acontecia.
Era um fenómeno nunca antes sentido.
Muito estranho que eu sentisse a natureza em conflito com a minha pessoa, logo eu que sou respeitador e defensor dela.
Parecia haver alguma coisa de esotérico. Sei lá, sempre ouvi falar de bruxas, podia dar-se o caso de ser acção de alguma, naqueles instantes que me iam deixando atormentado.
Intrigava-me profundamente que os pássaros antes exuberantes nos seus cantos, tivessem inesperadamente emudecido.
Ao lembrar-me do que se passara com a brisa, era demais para o meu entendimento.
Eu estava na verdade muito assustado com tudo isso.
Cheguei às margens de um rio que deslizava silenciosamente pelo seu leito e escutei o murmurar das águas que se faziam melodia quando nos declives, como pequenas cachoeiras mergulhavam com uma elegância na suavidade cristalina das suas límpidas águas.
Sentei-me na margem esquerda descendente daquele encanto fluvial.
Pasmei com o que me sucedia:
Os pássaros trinavam com uma sonoridade nunca escutada em toda a minha vida, eram odes ao amor e à paz e juntavam-se à minha volta, esvoaçando alegremente.
Eu não queria crer no que me era dado apreciar, era belo demais para ser real. Fiquei deslumbrado, estático, como que hipnotizado por tão rara beleza.
As flores de belas e variadíssimas cores tremulavam numa agitação de excitante alegria. Acontecimento jamais imaginado e sorriam no encanto das suas pétalas.
A brisa colorira-se de tons vivos, como os do arco-íris e abraçava-me em movimentos ritmados numa cadência de suave ternura.
Isto não podia estar a acontecer comigo, era demasiadamente irreal para ser verdade. Só podia ser miragem ou o meu estado psicológico estava absolutamente perturbado.
Fechei os olhos, por longos minutos, relembrando o que há poucos minutos me tinha acontecido, na frieza com que fora presenteado pelas flores e pelas aves e agora, tudo isto se desenrolava na minha frente, de maneira tão diferente e fascinante. Não era possível, seria um sonho, sem dúvida.
Mais sereno e convencido de que tudo era realidade, decidi abrir os olhos e, para espanto meu, estava deitado na minha cama, na semiobscuridade do quarto, onde através do cortinado da janela despontavam os primeiros raios de sol da alvorada que amanhecia.
Só a alvorada era real, tudo não passara de um sonho.
Senti-me feliz pela quimera da minha mente e, ao mesmo tempo, frustrado, por não ter sido um acontecimento de verdade.

José Carlos Moutinho
20/6/13

terça-feira, 18 de junho de 2013

Ilusões descoloridas



Sinto na minha pele o respirar da nostalgia
que o vento sopra indiferente
à saudade que me contrai os poros,
Afluem-me secas e cansadas as memórias
dos momentos floridos, em canteiros de ilusões,
que o tempo secou
na ausência de afectos,
pelos caminhos árduos, de escombros
que a vida inventou!

As ilusões agora estão descoloridas e murchas
esbatidas por ventos sem voz
que calaram utopias,
O presente é folha seca, moribunda
esvoaça sem rumo
por atalhos escuros de apatia
suspensa em ramos de monotonia!

Talvez encontre entre as nuvens,
um novo jardim, onde floresçam raras flores
de cores vivas e perenes,
que cantem a desejada mudança
tragam alegremente nova esperança.

 José Carlos Moutinho

domingo, 16 de junho de 2013

O que será?



Neste tempo que se faz cansado
na lonjura da estrada da vida
leva-o em pensamentos vivos
de emoção sentida
pelos momentos vividos
na paixão assumida!

Será sonho, ilusão ou realidade
que lhe faz bater forte o coração
e lhe deixa a alma em êxtase...

O sol que nas alvoradas
se oferece mais cintilante
e nas tardes cinzentas
se faz luminoso na alegria flamejante!

O seu amor e paixão são tão ardentes
que a chuva que cai, fria e húmida
se transforma em gotas de sensações
que lhe percorrem o corpo
em vibrantes e acariciantes emoções!

É um novo sentir
que lhe transcende a compreensão
quiçá, lhe ultrapasse a própria razão,
é um querer desatinado
de desejos incontidos
e ímpetos desconhecidos
brotados do seu âmago,
tais protões acariciados pelos neutrões
carinhosamente feitos átomos de amor,
é o estremecer no abraço
o prazer do néctar do beijo
e o delírio na junção dos corpos
que o leva à felicidade.

 José Carlos Moutinho

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Se eu fosse...





Fosse eu o sol e juro que te daria todo o meu calor
Mas se eu fosse a lua, dar-te-ia muita felicidade,
Porém, como sou humano dou-te o meu amor
Que te acompanhará por toda a tua eternidade

Mas se eu fosse Deus, acabaria com as tuas dores,
Faria de ti a rainha da minha vida para sempre,
Criaria só para ti, um jardim de alegrias e flores
Onde plantaríamos muito amor e paixão ardente

Faria do mar uma estrada perfumada de maresia,
Sobre as ondas, caminharias acariciada pelo sol,
Faria especialmente para ti a mais bela poesia
Que te cantaria nas noites do luar do nosso farol

Inventaria tudo o que fosse inimaginável criar,
Seria arquiteto, engenheiro, poeta ou escultor,
Tudo faria para ter o belo sorriso do teu olhar
E nos teus braços inebriar-me com nosso amor.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sucumbir



São estranhos os dias cinzentos
que o visitam nas tardes
de triste ausência de afectos,
Nem as noites de luar
com o doce azulado da fantasia
soltam as mágoas que lhe apertam o peito!

Vagueia em sonhos, pelas ilusões
na ânsia do sol da felicidade,
mas este, indiferente e célere passa por ele
nas manhãs das alvoradas da sua ansiedade!

E...
Os dias passam, pela calada do seu sentir,
silenciosos na dor do seu desalento,
agoniam-se em semanas de monotonia
abafados pelos meses de agonia
submergidos em gélidos anos de relento!

Quisera que a sua alma
se libertasse da prisão que a sufoca,
voasse sobre os lírios do campo
e aspirasse o néctar da felicidade!

Chora o seu coração
lágrimas frias que se colam
ao seu corpo e o congelam!

A sua vontade esmorece na razão
dos outros, que o condicionam
e o fazem sucumbir lentamente,
antes do seu juízo final.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António



Santo António, de Lisboa, grande milagreiro
lembra-te desta pobre gente sem dinheiro,
bem sei que não é esta a tua especialidade,
pois de amores és mais entendido de verdade

Ninguém quer casar agora Santo António,
a vida está pela hora da morte de tão cara,
parece que fomos invadidos pelo demónio,
nada temos, secou por completo a seara

Santo António, meu Santo Antoninho,
desperta do teu sono tranquilo em Pádua,
vem como patriota, abençoar este povinho,
que deste jeito, como cama, terá uma tábua

Depois da terrível tempestade que nos afoga,
poderás voltar ao teu dom de casamenteiro,
mas acaba com estes políticos, autêntica droga
para não morrermos de fome, traz algum dinheiro!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 11 de junho de 2013

Viajar pelas ilusões



Gostaria poder romper
estes elos invisíveis, que me prendem
como amarras carcomidas pelo tempo
das minhas incertezas!

Soltar-me na brisa
que silenciosa, cruza as ilusões,
abraçar-me aos sorrisos das emoções!

O meu suspirar é reprimido
por sentimentos cansados,
aspiro ar cortante e ressequido
pelo estio do deserto de mim,
busco o oásis das minhas quimeras
na esperança do afago da serenidade!

Tempestades de areias fustigantes
trazem-me dor calada, que me sufoca
e revolta por esta submissão
a vontades, que se alheiam de mim!

Grito no silêncio que me envolve,
derradeiro apelo aos meus sentidos,
escuto o eco de mim,
aspiro, tímido, o ar da esperança,
suspiro profundamente
e...sinto-me livre!

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Guitarra que chora



A guitarra gemia e chorava docemente,
solidária, a viola em murmúrios, trinava
com a ternura do poema de amor ardente
da canção, que languidamente encantava

Exaltada a paixão, em melodia, pela mulher
que o deixara perdidamente arrebatado,
com sua ausência, ficou-lhe a alma a sofrer,
ais suspirados, silenciosos, coração dilacerado

A guitarra no seu gemido, sentia este amor perdido
nos acordes, que se desprendiam do seu corpo
como se fosse da mulher amada, amor sentido,
que talvez em outro mar, encontrara novo porto

Cantam-se as saudades das tardes de felicidade,
abraçadas ao tanger, agora sofrido do desencanto,
quiçá o manto de novo luar abrace a serenidade,
novas alvoradas tragam sorrisos e acabe este pranto.

 José Carlos Moutinho

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Fantasias



No murmúrio da brisa
Respiro a suavidade do pensamento
Levo-me em quimeras
Por sensações que invento

Liberto as vontades reprimidas
Calo as vozes incontidas
Grito palavras jamais ditas

Projeto o meu olhar
Acariciado por melodias ardentes,
Para além do horizonte,
Ao encontro de estrelas cadentes

Sorrio-me no deslumbramento surreal
Iluminado pelos belos cristais do sol,
Voo nas asas da minha energia mental
Até ao meu porto de abrigo, o meu farol

Serão quimeras, ilusões ou utopias,
Numa só palavra, não passam de fantasias,
Força invisível da mente que se transcende
E quer demonstrar o que ninguém entende

José Carlos Moutinho


http://www.mixcloud.com/josecarlosmoutinho/fantasias/

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Poeta, sonhador e louco



A folha branca inerte que me contempla,
sorri pela minha tentativa de escrever poesia.

Amasso revoltado a folha branca, agora inútil,
onde não poderei mais escrever poesia.

Não me deixarei vencer pela ironia de qualquer folha.
Insisto em ser poeta, ainda que as palavras se escondam
na pena do meu fracasso.

Vacilante, mas determinado, vou escrevendo
palavras desconexas, sem sentido,
ou, talvez tenham o sentido da minha fraqueza.

Desespero neste jogo de imaginação
teimo, volto a escrever,
desta vez as palavras parecem-me lúcidas.

A folha antes branca, agora gatafunhada
Que antes sorria,
descarada, ri-se provocante,
Pasmo perante tal atrevimento...
Se as minhas palavras escritas com brio
me parecem lúcidas, porque ri a ridícula folha

Interrogo a folha silenciosa e quieta,
porquê se ri de mim,
Ela responde calmamente
as palavras podem estar lúcidas, mas tu não!
És poeta, sonhador e louco.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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