segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Lençóis de Luar






Eram murmúrios que a brisa

trazia nas tardes de aconchego,

eram perfumes que se soltavam

nas carícias de mãos sedosas…



...Ondulavam os trigais dourados

sob as asas das aves

vestidas do vermelho das papoilas…



Alongavam-se os pensamentos

na lonjura dos campos

levados pelos sorrisos

da felicidade aquietada

pelo entardecer que suavemente

se deixava cobrir com os lençõis

feitos de fina cambraia de luar…



Suspendia-se o tempo no silêncio

que lhes invadia as almas

pelo encanto do momento,

abriam-se as janelas quiméricas do prazer

e por elas saía docemente

o som excitado

do batimento de seus corações.



José Carlos Moutinho

domingo, 27 de setembro de 2015

Tanta maldade





Por que existe em ti tanta maldade,  irmão
se na bondade está o sorriso da vida?
não ajas com ódio, mas sim com paixão
ama quem te rodeia, de maneira sentida.

Não te arrastes pelas veredas dos preconceitos
solta do teu peito os suspiros da felicidade,
acredita que em ti, há mais virtudes que defeitos,
vive com harmonia, sorri à vida com sinceridade.

A tua passagem por este mundo, irmão, é curta,
faz da tua força física a luz para a tua eternidade
não a uses para demonstrares a tua razão bruta
por que jamais conseguirás viver com serenidade.

Podes até, irmão, achar-te mais audaz e inteligente,
se te olhares no espelho, poderás ver outro alguém,
nascemos iguais em corpo de criança bela e inocente,
a maldade e a inveja não engrandecem ninguém.

Modera tua presunção, agressividade e arrogância,
não és absolutamente nada nesta passagem terrena,
és simples folha que secará na árvore da circunstância
que um dia voará ignóbil pelos céus, de tão pequena.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Prenúncio de Outono





Sei que espreitas, Outono
por entre os dias frios deste verão,
não tenhas pressa, acalma-te,
deixa que as folhas permaneçam verdes
e abraçadas às árvores, da mãe natureza,
terás muito tempo para as matizares
com tuas belas cores da saudade,
saudade da Primavera e talvez deste verão
que vai esmorecendo
nos dias do tempo…

Quando chegares, Outono,
faz por esquecermos as mágoas
plantadas no estio da amargura
que o fogo dizimou…

Matiza-nos os sorrisos
com o colorido da vida,
afaga-nos na carícia das folhas
que voam livres,
fugindo da estação cansada
que ficou lá atrás…entre ti e a Primavera!

Vem Outono, que és bem vindo,
sabes bem que deslumbras…
Para mim, Outono só perdes em beleza
para a maravilhosa Primavera…
Vem, Outono, de serenas matizes,
Espero-te!

José Carlos Moutinho
5/9/15

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Foste flor




Deito-me na cama vazia
teu corpo  é meu pensamento
sinto a dor que não queria
minha vida é um tormento

Foste flor que eu desflorei
hoje és rosa ressequida
foste rio onde naveguei
hoje és ilusão perdida

O tempo é meu parceiro
nas caminhadas da vida
o teu olhar feiticeiro
é emoção mentida

O teu doce perfume
que eu inalava com anseio
é saudade e azedume
quero esquecer o teu enleio

José Carlos Moutinho

sábado, 19 de setembro de 2015

Assim é o fado





Digam lá o que é o fado…
será uma triste canção
cantada em tom magoado
ou alegre na voz da paixão

O fado é um grito da alma
que encanta e emudece,
ouvido em silêncio, acalma
qualquer tristeza se esquece

O fado nasce da poesia
a que o fadista dá garra,
a viola faz parceria
com o trinar da guitarra

O Fado agora é do mundo
ganhou asas e voou,
é nosso orgulho profundo
raiz da pátria que sou

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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