Porque me assobias ó vento
da serra
Se não me trazes boas novas
d’alem,
Se dissesses que não há mais
guerra,
Seria o teu soprar, recebido
por bem.
Uiva vento, uiva e afasta
todos os males,
Para que este mundo se torne
melhor,
Que no teu eterno voar
jamais te cales,
Pois a alegria com paz tem
outra cor,
Por favor vento, peço-te que
me fales
De beleza e encanto e também
de amor.
Sussurra-me no teu ventar
refrescante,
Já que não consegues acabar
os conflitos,
Fala-me da tristeza daquela
tarde distante
Quando ela partiu calada por
falsos ditos,
Fala-me do sentir e do seu
sorriso inebriante,
Faz da tua força, brisa que
acaricie sem atritos.
Porque não me respondes
agora ó vento
Que da serra desces
arrogante e assustador,
És turbilhão que torna tudo
em tormento
Sem te compadeceres sequer,
com danos e dor
E inssistes em soprar
alheio ao sofrimento
De quem neste mundo só pensa
em ter amor.
Vem calmo e dócil ó vento,
que de longe vens,
Chega de agressões e amuos,
acalma-te agora,
Fala-me ao ouvido se na
verdade, noticias tens
Daquela linda mulher que um
dia se foi embora.
José Carlos Moutinho