segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sobrevivência nas ruas





São negras ruas de asfalto da vida,
percorridas por pés descalços sofridos,
os pregões de voz cansada e dorida,
no desejo de vender os seus artigos.

Deambulam em perigo por entre carros,
duras corridas  pela sobrevivência,
canetas, isqueiros, roupas  e cigarros,
difícil vida desta adolescência.

De manhã à noite a perseverança,
pelo sustento da casa miserável,
ânsia de tornar fome em abastança!

Irmãos menores, órfãos, rotos e sujos,
sofredores deste mundo execrável,
vitimas inocentes de tantos abusos!

José Carlos Moutinho

sábado, 27 de outubro de 2012

Recordar no jardim





Perco-me por entre flores deste jardim,
que me oferece odores da minha amada,
trazidos nas asas de mariposas coloridas
e sopradas pela brisa que me acaricia,
com as mãos de veludo do meu amor!
Sinto a sua presença na doçura das orquídeas
e na elegância dos lírios,
o brilho dos seus olhos azuis,
de safiras serenas das lobélias!
Lembro-me do calor do seu corpo,
na sofreguidão dos seus beijos,
de delicado néctar;
Nos abraços consentidos,
em tardes esmorecidas pelo tempo,
na lassidão do nosso sentir!
Sorrio na recordação
daquele cantinho de verde relva,
onde um dia, foi leito da nossa paixão,
testemunha do nosso prazer,
no silêncio cortado pelos nossos murmúrios!
Cansado pelas emoções que me dominam
sento-me no mesmo cantinho,
De verde relva, que um dia foi leito
E que agora me descansa!

José Carlos Moutinho

Ruas caladas





Deambulo pelas ruas caladas,
no silêncio dos meus pensamentos,
alheio a tudo que me rodeia,
somente concentrado em cada pedaço de chão,
onde penso ver uma história escondida,
marcada por pés que o pisaram
e penso como esta vida é interessante
em pequenos pormenores que ignoramos!
Quantos dramas ali tiveram lugar,
naqueles espaços de chãos calados,
em ruas silenciosas por dores sentidas,
onde também imensas alegrias foram partilhadas,
em exaltadas paixões
ou em simples noticias de boas novas!

Quedo-me na imaginação que me toma,
tentando adivinhar os mistérios ocultos,
que eventualmente pairem no ar,
átomos do universo das histórias vividas!

Desperto-me da letargia que invadiu o meu sentir,
pelo bulício, que agora agride, as ruas antes caladas!
A tristeza e a brutalidade dos dramas,
misturam-se com as alegrias dos felizes,
numa panóplia de imensas cores,
em simbiose com as sofridas dores,
percorrem estes chãos calados,
por ruas tumultuadas, antes silenciosas!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sei que ela voltará






Cantam-me as árvores das fantasias,
pelo estremecer dos seus ramos de ilusões,
melodias que penetram a minha alma,
em busca do sossego que o tempo levou
por caminhos da inquietude,
envolto em pardacentas nuvens,
numa tarde cansada,
pelo sol ausente!

Calmamente reflito,
embalado por esta música celestial,
levo-me na serenidade do sentir,
acariciado pelo anseio daquela paixão,
que um dia esmorecera!
Aspiro avidamente
o ar impregnado destes sons feiticeiros,
suspiro com o coração vibrante
e o meu pensamento voa,
voa...Para bem longe,
ao encontro dela,
daquela mulher que por capricho,
abandonou o meu abraço
e perdeu o néctar dos meus beijos!

Sei que ela voltará...
Quando a tarde se iluminar
pelo sol que se fará presente.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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